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Em coletiva de imprensa, Trump ataca juiz e acusa Biden de influenciar seus problemas na Justiça

Trump também disse que queria testemunhar durante o julgamento, mas seus advogados recomendaram que não o fizesse

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Por Redação
Atualização:

O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump criticou o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e apontou que o juiz que presidiu o seu julgamento, Juan Merchan, era “altamente conflituoso” em uma coletiva de imprensa nesta sexta-feira, 31, um dia após ser considerado culpado nas 34 acusações no caso em que é réu, acusado de ocultar pagamentos secretos à atriz pornô Stormy Daniels, com o intuito de influir no resultado das eleições de 2016

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Em um discurso de 33 minutos, o republicano afirmou que o juiz Juan Merchan impôs a ele uma “uma ordem de silêncio desagradável” que o impede de lançar críticas públicas contra testemunhas e muitos outros afiliados ao seu caso. O republicano também repetiu alegações infundadas de que Biden e o Departamento de Justiça influenciaram o seu processo em Nova York e chamou o juiz de seu caso de “diabo”.

Trump também disse que queria testemunhar durante o julgamento, mas seus advogados recomendaram que não o fizesse. O ex-presidente tinha o direito constitucional de testemunhar no seu próprio julgamento, mas optou por não o fazer. “Eu adoraria ter testemunhado”, disse ele.

O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump gesticula ao entrar no Tribunal Criminal de Manhattan  Foto: Spencer Platt/AP

Trump chamou as testemunhas que testemunharam contra ele de “obscenas” e disse que as suas palavras contra ele demonstravam que todo o caso tinha motivação política. “Não teve nada a ver com um caso, mas teve a ver com política”, disse Trump.

Stormy Daniels, a atriz pornô no centro do caso contra Trump, forneceu vários depoimentos que incluíam detalhes íntimos de seu suposto encontro.

Ordem de silêncio

A ordem proíbe Trump de criticar publicamente testemunhas, incluindo Michael Cohen. Trump chamou seu ex-advogado de “um desprezível”, acrescentando: “todo mundo sabe disso”.

Cohen testemunhou contra Trump durante o julgamento, dizendo que seu ex-chefe o instruiu a lidar com os pagamentos secretos e estava ciente de tudo o que estava fazendo. Trump não usou o nome de Cohen, dizendo: “Não estou autorizado a usar o nome dele por causa da ordem de silêncio”.

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O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump participa de seu julgamento no Tribunal Criminal de Manhattan, em Nova York  Foto: Curtis Means/AP

Trump critica promotor

Trump afirmou incorretamente que os promotores de Nova York que o acusaram não estavam autorizados a investigar supostas violações federais de financiamento de campanha.

Os promotores de Manhattan não acusaram Trump de violações federais – isso não é permitido – mas listaram as alegações como um dos três “atos ilegais” que os jurados foram convidados a considerar enquanto avaliavam as acusações. Para condenar Trump, os jurados tiveram de descobrir que ele não só falsificou registros comerciais, mas também que o fez para cometer ou ocultar outro crime.

O ex-presidente disse que o promotor distrital de Manhattan, Alvin Bragg, deveria estar atento ao crime “desenfreado” na cidade de Nova York, “em níveis que ninguém jamais viu antes”. Ele citou um homem sendo esfaqueado por um facão na Times Square na quinta-feira. No entanto, a criminalidade na cidade não está nem perto dos níveis observados na década de 1990.

Os dados mais recentes sobre crimes, segundo a polícia de Nova York, mostram que os níveis caíram este ano em comparação com o mesmo período do ano passado. Durante a primeira semana de maio, o número de assassinatos caiu mais de 15% em relação ao mesmo período do ano passado e 26% em relação a 2021. Os tiroteios caíram 41% desde 2021.

Ex-presidente chama Biden de ‘pior presidente’ da história

Durante a coletiva, Trump também chamou o presidente Joe Biden de “o pior presidente da história do nosso país”. O republicano afirmou que Biden é incompetente e desonesto.

“A maneira como ele trata a China, a Rússia e tantos outros”, disse ele. “Ele é um perigo muito grande para o nosso país.”

O republicano também apontou que quebrou um recorde na história da política ao arrecadar US$ 39 milhões de dólares desde que o veredicto foi anunciado. Ele disse que isso aconteceu durante um período de 10 horas. Na manhã de sexta-feira, sua campanha registrou um número diferente: US$ 34,8 milhões.

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Trump criticou a política migratória de Joe Biden e questionou a quantidade de imigrantes que desembarcam nos Estados Unidos, apontando que os imigrantes falam “línguas desconhecidas que nunca ouvimos falar”. Ele também afirmou falsamente que milhares de homens chineses em idade militar se mudaram recentemente para os EUA, parecendo “soldados perfeitos”.

Entenda o caso

Na quinta-feira, 30, o júri do Tribunal de Nova York considerou o republicano culpado nas 34 acusações no caso em que ele é réu. A pena será anunciada em 11 de julho pelo juiz do caso, Juan Merchan, e Trump ficará em liberdade até lá.

Os advogados do ex-presidente tem 30 dias para registrar o recurso de apelação e até seis meses para registrar a apelação completa. Eles já afirmaram que vão apelar.

A condenação não impede Trump de ser candidato nem de assumir a presidência, caso vença a eleição. Ainda de acordo com os constitucionalistas, é possível que Trump obtenha permissão judicial para seguir com a campanha, caso esteja cumprindo pena em regime fechado ou domiciliar.

O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump participa de uma coletiva de imprensa na Trump Tower, em Nova York  Foto: Julia Nikhinson/AP

Os jurados chegaram à conclusão de que Trump é culpado depois de dois dias de deliberação. Eles passaram boa parte desse tempo revendo os depoimentos, provas e algumas das instruções dadas pelo juiz no dia anterior.

Ao apresentar o caso, a promotoria argumentou que Trump falsificou registros financeiros para ocultar seu reembolso a seu advogado, Michael Cohen, que pagou pelo silêncio de Stormy Daniels sobre o caso com Trump. O objetivo era influir no resultado da eleição. Os procuradores também apresentaram provas documentais das falsificações financeiras./com AP

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