A fabricante de armas Bushmaster Firearms e a loja de departamento Bull`s Eye Gun Shop concordaram em pagar o total de US$ 2,55 milhões aos familiares das vítimas de dois assassinos em série. Durante o mês de outubro de 2002, John Allen Muhammad e seu enteado, John Lee Malvo, mataram dez pessoas e feriram outras três nas imediações de Washington. Eles usavam um fuzil XM15, de calibre .223, da Bushmaster. A arma foi comprada na Bull`s Eye, que arcará com a maior parte da indenização ? US$ 2 milhões. Assim que foram anunciados os termos do acordo, os advogados da fabricante fizeram questão de destacar que não reconhecem a culpa da empresa. Eles tentaram dar uma motivação nobre à decisão da empresa de optar pelo pagamento. ?Preferimos acabar logo com isso e direcionar o dinheiro que seria gasto com advogados para as vítimas?, declarou um representante da empresa. ?Não se trata de dinheiro?, rebateu Vitória Snider, irmã de uma das vítimas fatais. ?Trata-se de dar o exemplo para que se criem regras específicas para as empresas e pessoas que trabalham com armas de fogo.? A Bull`s Eye, além de punida com uma multa mais pesada, se comprometeu a intensificar o treinamento que realiza com seus funcionários destacados para a venda de armas. A empresa foi considerada culpada por ser negligente na comercialização do fuzil utilizado pelos atiradores. Os advogados representantes das famílias comemoraram, julgando o veredicto como uma decisão histórica. Este será o primeiro pagamento feito por uma fabricante de armas de fogo a vítimas de casos de natureza criminal. ?Nós consideramos essa sentença como um grande avanço. É a primeira vez que um fabricante (de armas de fogo) paga pelos danos causados por seu produto?, disse Dennis Heningan, um dos advogados das vítimas e diretor do Brady Center para Prevenção contra a Violência com Arma de Fogo. Os assassinos John Mohammed, ex-sargento do exército norte-americano, estava na ativa durante a Guerra do Golfo (1991), mas não há registros de que tenha participado dos combates no local. Teve também participação importante como segurança no movimento extremista Nação do Islã, o que levou as autoridades dos Estados Unidos a acreditarem que ele agia por antiamericanismo. Lee Malvo não recebeu a pena capital, pois o júri considerou que sua participação nos assassinatos era influenciada pelo enteado. Muhammad foi condenado à pena de morte; Lee Malvo à de prisão perpétua. Ambos foram julgados sob a nova lei antiterrorista, aprovada após os ataques de 11 de setembro. Tinham 41 e 17 anos, respectivamente, no mês dos crimes.
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