KHERSON, UCRÂNIA - O presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, visitou nesta segunda-feira, 14, a cidade de Kherson, no sul do país, reconquistada na semana passada por tropas de Kiev e disse que esta última vitória militar marca o início do fim da guerra contra a Rússia, às vésperas da chegada no inverno na região, que pode afetar duramente a mobilidade das tropas. Apesar do otimismo, Zelenski reconheceu que recuperar os territórios ocupados pela Rússia no leste da Ucrânia será um caminho longo e difícil.
“A Rússia demonstrou ao mundo que pode matar, mas todos nós, nossas Forças Armadas, nossa Guarda Nacional e os serviços de inteligência demonstraram que é impossível matar a Ucrânia”, declarou Zelenski.
Com a mão no peito, assim como outros funcionários civis e militares presentes, ele cantou o hino nacional enquanto a bandeira ucraniana era hasteada diante do edifício da administração regional, no centro de Kherson.
“É importante estar aqui (...) para que as pessoas possam sentir que não são apenas palavras e promessas, e sim que realmente voltamos e hasteamos nossa bandeira”, afirmou o presidente em um vídeo divulgado nas redes sociais.
Retirada
As tropas russas abandonaram Kherson na semana passada, após oito meses de ocupação, deixando o caminho livre para que os soldados ucranianos entrassem na cidade na sexta-feira.
O Kremlin, no entanto, insiste que a capital da região de mesmo nome, que teve a anexação anunciada por Moscou em setembro, ainda pertence à Rússia, apesar da saída de suas tropas. Kherson foi a primeira grande cidade que caiu sob controle russo após a invasão, no fim de fevereiro.
A sua reconquista abre à Ucrânia uma porta de entrada para toda a região, com acesso tanto ao Mar Negro a oeste, como ao Mar de Azov a leste. A região foi uma das quatro cuja anexação o Kremlin anunciou em setembro.
Atrocidades
Zelenski acusou no domingo as forças russas por atrocidades em Kherson e disse que até o momento foram documentados 400 crimes de guerra, sem especificar se falava apenas desta região. Em Kherson, vários moradores relataram à AFP os meses de ocupação russa e alguns atos de resistência para mostrar o repúdio à anexação pela Rússia.
Volodmir Timor, um jovem de 19 anos, passou meses com os amigos analisando os movimentos dos soldados russos nas ruas da cidade e repassando as informações ao Exército ucraniano.
“Informávamos tudo: onde estava o equipamento, onde armazenavam a munição, onde dormiam, para onde seguiam para beber algo”, disse o jovem, que queria ser músico antes da guerra./ AFP
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