Em meio a avanço da covid, Berlim transforma aeroporto em centro de vacinação

Alemanha chegou a 1 milhão de casos confirmados, ultrapassou 15 mil mortes em decorrência da pandemia e começa a estruturar centros de vacinação

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Por Redação
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BERLIM - Em frente ao antigo aeroporto Tegel em Berlim, uma placa laranja de uma companhia aérea ainda continua a "dar as boas-vindas" aos viajantes. Mas, na verdade, em poucos dias serão as pessoas que querem se vacinar contra o covid-19 que chegarão ao local e verão a placa.

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Não vai demorar muito para que o Terminal C do aeroporto, fechado no início de novembro, tenha uma nova função: em meados de dezembro, ele vai se tornar um grande centro de vacinação contra o coronavírus no país que chegou a 1 milhão de casos positivos nesta sexta-feira, 27. O objetivo é que esse antigo aeroporto permita a vacinação de até 4 mil pessoas por dia. 

Considerada exemplo de gestão durante a primeira onda da pandemia, a Alemanha foi totalmente afetada pela segunda. Agora, o país registra 15.586 mortes e decidiu estender as medidas de restrição até o início de janeiro, incluindo o fechamento de bares e restaurantes e a limitação de participantes em reuniões privadas. "Ainda temos que fazer esforços. O número de infecções diárias ainda é muito alto", disse a chanceler Angela Merkel esta semana.

Vista geral do aeroporto de Tegel no dia de seu fechamento, 8 de novembro de 2020 Foto: Tobias SCHWARZ / AFP

A Alemanha espera receber a vacina no primeiro trimestre de 2021 e se prepara para uma operação em larga escala para implantar centenas de centros como o do aeroporto de Tegel em todo o país, além de equipes móveis.

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Apesar das estruturas sendo montadas, a vacina não será obrigatória no país, segundo o ministro da Saúde, Jens Spahn. O Estado mais populoso da Alemanha, Renânia do Norte-Vestfália, já planejou 53 centros e a Baviera, pelo menos 96. O governo central garantirá a compra e distribuição das doses, e os Estados regionais fornecerão seringas, agulhas, curativos e anti-sépticos.

As autoridades regionais também devem selecionar os locais onde serão realizadas as campanhas de vacinação em grande escala: salas de concerto, salas de congressos, velódromos e pistas de patinação.

"Temos de vacinar entre 3 mil e 4 mil pessoas por dia”, explica Albrecht Broemme, responsável pela implementação destas infraestruturas em Berlim, sobre o aeroporto de Tegel. A capital alemã também escolheu para esta função outro antigo aeroporto, Tempelhof, que hospedou um abrigo para requerentes de asilo durante a crise de refugiados.

Frankfurt, principal centro financeiro da Alemanha, é uma das cidades mais afetadas pelo vírus no país Foto: AP Photo/Michael Probst

Com seis centros para a capital, o município espera vacinar "20 mil pessoas por dia", segundo o oficial de saúde de Berlim, Dilek Kalayci. O alvo prioritário serão os idosos e os mais expostos ao vírus, como o pessoal de saúde. Os centros funcionarão das 9h às 19h, todos os dias, inclusive nos finais de semana.

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Com blocos de cores diferentes, Broemme construiu uma minicentro de vacinas, que inclui balcão de check-in e diversas vias de circulação no aeroporto. “Tenho refletido sobre um sistema, pensando nos espaços necessários para que não se criem 'engarrafamentos'”, diz o homem de 60 anos, ex-bombeiro e especialista em situações de emergência. O pior, para ele, seria que “as pessoas se contaminam quando vêm para se vacinar”. 

Albrecht Broemme, coordenador dos centros de vacinação contra a covid-19 em Berlim, no aeroporto de Tegel Foto: Tobias Schwarz / AFP

As pessoas terão que seguir um circuito, desde a verificação da identidade até o momento da vacinação, que durará alguns minutos. Antes da injeção, haverá uma consulta médica e depois o paciente será encaminhado para uma sala de espera para identificar se tudo foi feito corretamente. “Achamos que tudo isso vai durar uma hora”, diz ele.

Embora as obras do terminal C ainda não tenham começado, o acesso ao local já está fechado. Por enquanto, os serviços de saúde da cidade estão correndo para recrutar trabalhadores. Serão necessários médicos, pessoal de saúde treinado para vacinar, logística e apoio.

Também haverá seguranças, caso, por exemplo, ativistas antivacinas tentem bloquear o acesso ao prédio, cita Broemme. O país, onde existe uma carência significativa de pessoal de saúde, terá que recorrer a um máximo de pessoas: enfermeiras aposentadas, estudantes de medicina, comissários de bordo sem trabalho. "Felizmente, temos muitos candidatos e pessoas que gostariam de participar", explica Broemme. / AFP 

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