Em meio à repressão, segundo maior partido democrático de Hong Kong é dissolvido

Decisão é mais uma das mudanças impostas no território após a lei de segurança nacional entrar em vigor, em 2020

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Por Redação

O Partido Cívico de Hong Kong, o segundo maior pró-democracia, no território, votou neste sábado, 27, pelo seu desaparecimento. O partido era um dos poucos pró-democracia remanescentes em Hong Kong, na China, e, com sua dissolução, juntou-se a uma lista crescente de organizações que tiveram suas atividades encerradas enquanto as autoridades reprimem os dissidentes.

O presidente do Partido Cívico, Alan Leong, disse a repórteres que o fim do partido representava uma “escrita na parede”, já que não havia ninguém para assumir. Durante uma assembleia geral extraordinária, nenhum de seus membros apresentou indicações para cargos executivos. Trinta dos 31 membros votaram para dissolver a organização e uma pessoa se absteve.

Alan Leong, presidente do Partido Cívico, anunciou à imprensa a dissolução da organização.  Foto: REUTERS/Tyrone Siu

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O partido, fundado em 2006, era formado majoritariamente por profissionais liberais, advogados e acadêmicos. Em seu auge, conquistou seis assentos na legislatura de Hong Kong durante as eleições de 2012 e foi o segundo maior partido pró-democracia da cidade depois do Partido Democrata.

Vários membros do partido foram acusados de subversão em face à lei de segurança nacional, imposta por Pequim em 2020, após protestos em massa realizados em 2019, os quais exigiam as liberdades políticas prometidas ao território depois que a Grã-Bretanha o entregou em 1997.

Eles foram acusados de participar de uma eleição primária não oficial para escolher os melhores candidatos para as eleições legislativas que permitiriam ao campo pró-democrático ganhar a maioria das cadeiras. As autoridades, no entanto, alegaram que a primária visava subverter o governo.

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Desde que a lei de segurança nacional foi aprovada, a cidade-estado passou por grandes mudanças em seu cenário político. Uma revisão de seu sistema eleitoral foi realizada para garantir que apenas “patriotas” leais à China possam assumir o cargo. Além disso, mais de 200 pessoas foram presas por supostamente cometer atos que colocam em risco a segurança nacional.

Outras organizações políticas pró-democráticas, como a Aliança de Hong Kong em Apoio aos Movimentos Democráticos Patrióticos da China, também encerraram suas atividades desde então.

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