BRASÍLIA - O embaixador palestino no Brasil, Ibrahim Al-Zeben, afirmou nesta segunda-feira, 1, que deve permanecer no Brasil pelo menos até o retorno do presidente Jair Bolsonaro de Israel, na próxima quinta-feira, 4. Ele ainda espera conseguir uma audiência com Bolsonaro após o retorno, solicitada por ele e outros embaixadores de países árabes há mais de 15 dias.
Sobre as críticas do Hamas à visita, o diplomata disse que o grupo apenas se posicionou politicamente. Ele também negou que a manifestação coloque o Brasil entre os inimigos do Hamas e defendeu que os canais diplomáticos sejam usados para eventuais esclarecimentos.
"Ainda não recebi ordens concretas para voltar (à Cisjordânia). Possivelmente estão aguardando que acabe a visita do senhor presidente a Israel", disse o embaixador ao Estado. "Até agora nada... Por enquanto fico aqui."
Tensão diplomática
A Autoridade Palestina - que governa partes da Cisjordânia e à qual a embaixada no Brasil está subordinada - anunciou no domingo que entraria em contato com seu representante em Brasília para 'consultas' spbre a visita de Bolsonaro a Israel. A medida busca mostrar descontentamento com o anúncio feito por Bolsonaro de que vai abrir um escritório de negócios em Jerusalém.
"O ministério das Relações Exteriores entrará em contato com o embaixador palestino no Brasil para consultas com o objetivo de tomar a decisão apropriada diante da situação", disse a chancelaria palestina, segundo a agência Wafa.
Na linguagem diplomática, consultar um embaixador sobre uma determinada crise representa uma espécie de agravo ao país no qual está o embaixador. A medida está um degrau abaixo da convocação do embaixador de volta para o país de origem e dois antes da ruptura de relações.
Al-Zeben pretende reforçar o pedido de reunião, feito há mais de duas semanas, entre Bolsonaro, o chanceler Ernesto Araújo e embaixadores de países árabes no Brasil, para o qual não obteve resposta até o momento. O objetivo, disse, é "preservar e cuidar das relações entre Brasil e mundo árabe", que classificou como sendo "de uma importância sem igual". Ele é decano do grupo de embaixadores.
Pedidos por isonomia na relação com os palestinos
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