Empresas suspendem negócios com a Rússia por invasão da Ucrânia

Companhias de petróleo e automobilísticas começam a anunciar a paralisação das suas atividades no país após a rodada de sanções ocidentais ao setor financeiro russo

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Por Redação

A invasão da Ucrânia promovida pela Rússia começa a ter repercussões no setor empresarial do país e nações ocidentais. Cada vez mais empresas anunciam a suspensão de seus negócios bilionários com os russos em consequência das sanções impostas ao país. Os anúncios afetam setores importantes de energia e automobilístico.

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No domingo, a gigante petrolífera britânica BP informou a retirada de sua participação de 14 bilhões de dólares no gigante petrolífero russo Rosneft. A BP, que alegadamente foi pressionada pelo governo britânico a cortar o relacionamento com a empresa, também disse que seus atuais e antigos executivos-chefes, Bernard Looney e Bob Dudley, renunciaram ao conselho da empresa russa "com efeito imediato".

O divórcio abrupto é outro sinal da incerteza que a invasão da Rússia criou na indústria de energia, que sofreu grandes oscilações nos preços do petróleo e do gás na semana passada, quando o ataque começou. A participação de 19,75% da BP na Rosneft representava um terço da produção de petróleo e gás da empresa britânica e mais da metade de suas reservas.

Soldados russos em direção à Ucrânia; conflito deverá gerar choque nos preços de commodities Foto: Stringer/ EFE

"O ataque da Rússia à Ucrânia é um ato de agressão que está tendo consequências trágicas em toda a região”, disse Helge Lund, presidente da empresa em uma declaração. “A BP opera na Rússia há mais de 30 anos, trabalhando com brilhantes colegas russos. No entanto, esta ação militar representa uma mudança fundamental. Ela levou a diretoria da BP a concluir, após um processo minucioso, que nosso envolvimento com a Rosneft, uma empresa estatal, simplesmente não pode continuar".

O anúncio marca o fim de um dos maiores investimentos do mundo ocidental na Rússia, visto como tão importante politicamente que o presidente russo, Vladimir Putin, e o então primeiro-ministro britânico Tony Blair participaram pessoalmente de uma cerimônia de assinatura de uma parte chave do acordo em 2003. Nessa reunião, Putin chamou o acordo BP-Rússia de "um reflexo das tendências positivas no clima de investimentos da Rússia".

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É o último sinal do esmagador castigo financeiro que as nações ocidentais estão aplicando pelo ataque da Rússia, incluindo o bloqueio do acesso às reservas do banco central que  Moscou detém no Ocidente e o corte do acesso dos bancos russos às redes financeiras globais.

Horas após o anúncio da BP, a companhia petrolífera estatal norueguesa Equinor disse que também estava desistindo de seus investimentos na Rússia - um grupo de joint ventures avaliado em US$ 1,2 bilhão (R$ 6,1 bilhões)

"Estamos todos profundamente perturbados com a invasão da Ucrânia, que representa um terrível revés para o mundo", Anders Opedal, presidente e chefe executivo da Equinor. "Na situação atual, consideramos nossa posição como insustentável", acrescentou, dizendo que a empresa começará "a sair de nossas joint ventures de uma maneira que seja consistente com nossos valores".

A antiga Statoil, que mudou seu nome para Equinor há quatro anos, ganhou US$ 8,576 bilhões (R$ 43 bilhões) em 2021 devido aos preços mais altos do petróleo e do gás, em comparação com as perdas de milhões no ano anterior devido à pandemia do coronavírus.

Setor automobilístico

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Nesta segunda-feira, se juntou a essa lista a fabricante sueca de caminhões Volvo, que suspendeu toda sua produção e vendas na Rússia. O Grupo Volvo gera cerca de 3% de suas vendas na Rússia e tem uma fábrica no país. 

Em comunicado, a empresa disse que tomou a decisão por causa de "riscos potenciais associados ao comércio de material com a Rússia, incluindo as sanções impostas pela União Europeia e pelos Estados Unidos".

"A Volvo não entregará nenhum carro ao mercado russo até novo aviso", afirmou.

Um porta-voz da Volvo disse que a montadora exporta veículos para a Rússia a partir de fábricas na Suécia, China e Estados Unidos. A Volvo vendeu cerca de 9.000 carros na Rússia em 2021, com base em dados do setor.

"Agora temos um pouco mais de clareza sobre sanções e segurança na região, isto significa que todas as operações na Rússia terminam", disse o porta-voz da empresa. A empresa se torna a primeira montadora internacional a fazer suspensões.

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A alemã Daimler Truck disse que congelaria suas atividades comerciais na Rússia com efeito imediato, incluindo sua cooperação com a fabricante de caminhões russa Kamaz.

Mais cedo na segunda-feira, a agência de notícias RIA informou que a Volkswagen suspendeu temporariamente as entregas de carros já na Rússia para concessionárias locais, citando um comunicado da empresa. A empresa não fez comentários imediatos quando contatada pela agência Reuters. 

A Volkswagen disse anteriormente que interromperia a produção por alguns dias nesta semana em duas fábricas alemãs após um atraso na fabricação de peças na Ucrânia.

O Grupo Mercedes-Benz também está analisando opções legais para alienar sua participação de 15% na Kamaz o mais rápido possível, informou o jornal Handelsblatt. Um porta-voz da Mercedes disse à agência Reuters que as atividades comerciais teriam que ser reavaliadas à luz dos eventos atuais.

O Grupo Mercedes-Benz, anteriormente Daimler AG, era a empresa-mãe da Daimler Truck antes de a fabricante de caminhões ser desmembrada.

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Empresas avaliam segurança

Funcionários das montadoras americanas Ford Motor e General Motors não foram encontrados para comentar nesta segunda-feira. A Ford, que tem participação de 50% em três fábricas russas, disse anteriormente que estava trabalhando para gerenciar quaisquer impactos em suas operações, mas seu foco principal era a segurança de seus funcionários na região.

A GM, que vende apenas uma pequena quantidade de veículos na Rússia, disse anteriormente que limitou a exposição da cadeia de suprimentos na região e estava trabalhando para garantir a segurança dos funcionários.

Na semana passada, várias montadoras e fornecedores, incluindo Renault e fabricante de pneus Nokia Tires, paralisaram a produção após a invasão. Os fabricantes de peças Aptiv transferiram o trabalho para fora da Ucrânia, e a japonesa Sumitomo Electric Industries suspendeu as operações lá. 

Separadamente, na segunda-feira, a Toyota Motor Corp disse que suspenderia as operações da fábrica no Japão depois que um fornecedor de peças plásticas e componentes eletrônicos foi atingido por um suposto ataque cibernético. 

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Nenhuma informação foi dada sobre quem estava por trás do possível ataque ou o motivo. O ataque ocorreu logo depois que o Japão se juntou aos aliados ocidentais para reprimir a Rússia depois que ela invadiu a Ucrânia, embora não tenha ficado claro se a ação estava relacionada.Autoridades do governo japonês disseram que investigariam se a Rússia estava envolvida./W.POST, EFE e REUTERS