Edmundo González se reúne com Javier Milei em primeira parada de tour pela América Latina

Exilado na Espanha, opositor venezuelano busca apoio internacional antes da posse do ditador Nicolás Maduro, que acusa de roubar a eleição

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Por Redação
Atualização:

BUENOS AIRES- O opositor venezuelano Edmundo González se reuniu neste sábado, 4, com o presidente da Argentina, Javier Milei, em Buenos Aires. Essa é a primeira parada do giro pela América Latina antes da posse do ditador Nicolás Maduro, acusado de fraudar a eleição.

“Estamos fazendo o que a causa da liberdade requer. Nem mais nem menos”, declarou Milei ao receber González. Pouco depois, eles apareceram juntos na varanda da Casa Rosada, a sede do governo argentino, e acenaram apara os manifestantes contra a ditadura que lotaram a Praça de Maio.

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O opositor levou até Buenos Aires as cópias dos registros de votação que atestam sua vitória para entregar em mãos ao presidente argentino. Milei reconhece Edmundo González como presidente eleito da Venezuela e reiterou que não será “cúmplice” de uma ditadura, segundo relatou a imprensa argentina.

A reunião abordou a crise política na Venezuela, o seu impacto para a região e “os dias que virão”, conforme antecipou o próprio González nas redes sociais. Também estava na pauta do opositor a situação dos presos políticos e dos aliados que estão abrigados na embaixada argentina, sob cerco constante das forças chavistas.

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González agradeceu a solidariedade dos argentinos e insistiu que vai à Venezuela para a posse, em 10 de janeiro. “De qualquer forma, estarei lá“, disse na chegada para o encontro com o ministro das Relações Exteriores da Argentina, Gerardo Werthein, ao ser questionado pela imprensa sobre como pretende entrar no país ameaçado de prisão. O chanceler, por sua vez, reforçou que o opositor tem total apoio da Argentina. “Queremos uma Venezuela livre”, declarou.

O candidato da oposição, que já apresentou provas de ter derrotado Maduro nas eleições, está ameaçado de prisão e a ditadura da Venezuela oferece recompensa de US$ 100 mil (R$ 620 mil) por informações que levem à sua captura. Ele havia chegado a Buenos Aires na noite anterior, sob sigilo máximo e medidas rigorosas de segurança.

Presidente da Argentina, Javier Milei, recebe opositor venezuelano Edmundo González na Casa Rosada. Foto: Reprodução/@Comando ConVzla

A viagem de Edmundo González ocorre em meio à escalada da crise entre Buenos Aires e Caracas. A Argentina entrou com ação contra a Venezuela no Tribunal Penal Internacional (TPI) pela prisão do militar Nahuel Gallo (entenda abaixo).

De Buenos Aires, o opositor seguirá para Montevidéu, onde se reúne com o presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, e o ministro das Relações Exterirores, Omar Paganini. O encontro marcado para a tarde deste sábado, na Torre Executiva, será um “sinal de apoio” às reivindicações do opositor venezuelano sobre os resultados, dizem fontes do governo uruguaio.

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O giro pela América Latina deve incluir paradas no Panamá, na quarta-feira, e na República Dominicana, na quinta. Até o momento, não há previsão de passagem pelo Brasil. Depois do tour, González prometeu voltar à Venezuela para “tomar posse” no lugar de Nicolás Maduro em 10 de janeiro.

O chavismo proclamou Maduro eleito para o terceiro mandato consecutivo de seis anos, mas nunca apresentou os registros da votação. A oposição, por outro lado, publicou as cópias das atas que comprovariam a vitória de Edmundo González, apoiado por María Corina Machado, a líder da oposição que foi declarada inelegível.

Apesar da pressão internacional por transparência nas eleições, Nicolás Maduro conta com a lealdade das Forças Armadas. Ele se prepara para tomar posse depois de reprimir os protestos que tomaram as ruas ao fim da eleição e ameaçar prender os líderes opositores. María Corina está escondida na Venezuela e González pediu asilo para Espanha.

Comunidade venezuelana na Venezuela atende a chamado de Edmundo González e protesta na Praça de Maio.  Foto: Luis Robayo/AFP

Tensão entre Argentina e Venezuela

Crítico do chavismo, Javier Milei acusou Nicolás Maduro de fraude e não reconheceu a sua vitória. Em resposta, a Venezuela expulsou a missão diplomática da Argentina em Caracas. Coube ao Brasil assumir a embaixada, onde estão asilados cinco aliados de María Corina e González, que esperam salvo-conduto para deixar o país.

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A tensão entre Buenos Aires e Caracas escalou depois que Venezuela prendeu o militar argentino Nahuel Gallo, de 33 anos, acusado de “terrorismo” pelo Ministério Público, alinhado ao chavismo. Milei denunciou a prisão como “sequestro ilegal” e chamou Nicolás Maduro de “ditador criminoso”.

Na sexta-feira, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) exigiu de Caracas informações sobre o paradeiro de Gallo, após pedido de medidas cautelares por parte da Argentina. “Seus direitos à vida e à integridade pessoal enfrentam riscos de dano irreparável na Venezuela”, disse o órgão ligado à Organização dos Estados Americanos (OEA).

A Argentina recorreu ainda ao Tribunal Penal Internacional (TPI), apresentando denúncia contra a Venezuela pela “prisão arbitrária e desaparecimento forçado” do militar. O ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yván Gil, tachou a acusação como “espetáculo lamentável”./AFP

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