Entenda a crise que resultou no rompimento de países árabes com o Catar

Medida reflete um descontentamento antigo pelo apoio do Catar a grupos islamitas que são considerados terroristas por outras nações árabes, assim como o aumento da rivalidade entre a Arábia Saudita e o Irã

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RIAD - A decisão de quatro nações árabes, Arábia Saudita, Bahrein, Emirados Árabes Unidos e Egito, de cortar relações com o Catar marca o ápice de anos de tensões entre a aliança histórica dos estados ricos em energia do Golfo Pérsico que compartilham fronteiras, heranças e uma forte aliança com os Estados Unidos.

Mulher caminha por Doha, capital do Catar Foto: AP Photo/Kamran Jebreili

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A medida reflete um descontentamento antigo pelo apoio do Catar a grupos islamitas que são considerados terroristas por outras nações árabes, assim como o aumento da rivalidade entre a Arábia Saudita e o Irã.

Segundo analistas, a recente visita do presidente americano, Donald Trump, à Arábia Saudita deu força para a posição dos países árabes de maioria sunita contra o Irã.

O Catar é um país pequeno, mas importante. É dono do segundo maior PIB per capta do mundo, ficando atrás apenas de Liechtenstein. Nele, está a principal base militar dos EUA usada para lançar ataques aéreos sobre o Estado Islâmico (EI) no Iraque e na Síria, a base aérea Al-Udeid. 

Além disso, o Catar é o principal produtor de gás natural liquefeito e compartilha um vasto território subaquático com o Irã.

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O Catar também tem papel importante na articulação com grupos que outros governos evitam dialogar, como militantes xiitas do Iraque e grupos ligados à Al-Qaeda. O governo do Catar também mediou negociações entre o Taleban e o governo do Afeganistão.

Além disso, deu apoio à Irmandade Muçulmana no Egito, assim como grupos islamitas na região, como o Hamas, que controla a Faixa de Gaza. O Catar também é o proprietário da agência de notícias Al-Jazeera.

No momento, o Catar vive sob tensão com a Arábia Saudita após, há duas semanas, o governo de seu país ter divulgado que a agência de notícias estatal e a conta oficial do Twitter teriam sido hackeados para publicar uma história falsa alegando que o Emir do Catar, Sheik Tamim bin Hamad Al Thani, teria afirmado que o Irã "é uma força islâmica regional que não pode ser ignorada".

A mídia dos países árabes vizinhos deu a notícia como verdadeira, ignorando as afirmações do Catar de que seria uma mentira. Além disso, a Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos, o Bahrein e o Egito bloquearam o acesso em seus países à Al-Jazeera.

Ao mesmo tempo, a mídia estatal da Arábia Saudita lançou uma campanha agressiva acusando o Catar de apoiar grupos terroristas como a Al-Qaeda e o Estado Islâmico, desestabilizando a região.

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Ainda, os Emirados Árabes Unidos há tempos estão em disputa com o Catar devido ao apoio do governo do país a grupos islamitas no Golfo Pérsico e na Líbia. A Arábia Saudita e o Egito, além disso, veem a Irmandade Muçulmana como uma ameaça.

Como consequência dessas medidas, a economia do Catar pode sofrer a longo prazo, já que as ações devem afetar milhões de trabalhadores, imigrantes e expatriados que vivem entre esses países.

A Arábia Saudita concedeu 14 dias para que os residentes do Catar saiam do país e ordenou que os sauditas não residam, visitem ou passeiem pelo Catar. Além disso, os Emirados Árabes Unidos, Egito, Bahrein e a Arábia Saudita já suspenderem as relações diplomáticas com o Catar, que está retirando suas tropas da guerra no Iêmen, liderada pelos sauditas.

O Catar nega que apoie grupos terroristas na Síria ou em outras regiões, apesar dos repetidos esforços para apoiar grupos rebeldes sunitas que lutam para acabar com o governo sírio de Bashar Assad.

Até o momento, o Catar não se mostrou disposto a dialogar com os países vizinhos. O Emir do país pode retaliar as medidas ao pedir para sair do Conselho de Cooperação do Golfo, composto por seis nações, além de refazer alianças estratégicas para tentar isolar a Arábia Saudita.

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Há três anos, diversos países da região retiraram seus embaixadores do Qatar por nove meses, devido ao apoio do país à Irmandade Muçulmana. Os detalhes de um acordo entre as nações que terminou com as tensões nunca foram tornados públicos, mas incluíam promessas de que o Catar não daria mais apoio ao grupo. / AP

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