As Forças de Defesa de Israel invadiram o complexo hospitalar Al-Shifa na Cidade de Gaza, que abriga centenas de pacientes e milhares de pessoas deslocadas em meio a um cerco de vários dias. Combates intensos têm ocorrido em torno dos hospitais em Gaza, parando ambulâncias e colocando ainda mais pressão sobre um sistema de saúde sitiado que sofre com falta de combustível e outros recursos.
Dezenas de pacientes no Hospital Al-Shifa morreram nos últimos dias, segundo funcionários do ministério da Saúde de Gaza, que é controlado pelo grupo terrorista Hamas, e os corpos se amontoaram em necrotérios que ficaram sem energia.
Na tarde desta quarta-feira, 15, as tropas israelenses se retiraram do centro médico e estabeleceram uma base ao redor do complexo.
Antes da operação, Israel apontou em diversas ocasiões que o grupo terrorista Hamas tem um centro de comando sob o hospital. Médicos, socorristas e os poucos funcionários de organizações humanitárias que restaram na área negaram ter dado cobertura aos terroristas do Hamas e disseram que a operação é um ataque a civis.
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O que sabemos até agora?
Os militares israelenses disseram por volta das 2h, horário local, desta quarta-feira, que haviam iniciado o que chamaram de “operação precisa e direcionada contra o Hamas” no Hospital Al-Shifa, o maior centro médico de Gaza.
Israel diz que o Hamas está usando funcionários e os pacientes do hospital como escudo – uma afirmação que o Hamas e os profissionais médicos do hospital negaram.
O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, apoiou as afirmações de Israel na terça-feira, 12. “Temos informações de que o Hamas e a Jihad Islâmica Palestina usaram alguns hospitais na Faixa de Gaza, incluindo o Al-Shifa, e túneis abaixo deles, para esconder e apoiar as suas operações militares e manter reféns”, disse ele.
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O porta-voz do Ministério da Saúde de Gaza, Ashraf al-Qudra, afirmou ao The Washington Post que os militares israelenses “contataram para a administração do ministério da Saúde que iriam invadir o hospital”. Ele disse que apenas civis estavam em Al-Shifa e rejeitou alegações contrárias.
Antes da operação, projéteis caíram dentro do complexo hospitalar nos últimos dias. Na sexta-feira, 10, pelo menos seis hospitais na Cidade de Gaza relataram estar sob cerco ou perto de intensos combates urbanos. Os médicos estavam “diretamente na linha de fogo”, segundo o chefe da Organização Mundial da Saúde, Tedros Ghebreyesus, em um briefing.
Munir al-Bursh, diretor-geral do Ministério da Saúde de Gaza, disse por telefone no sábado que estava dentro do hospital e que as forças israelenses estavam “nos atacando por todos os lados”. Dezenas de corpos estavam no pátio do hospital, mas não puderam ser enterrados devido aos bombardeios, disse ele.
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Onde fica o Hospital al-Shifa e quem o construiu?
Al-Shifa, que significa “cura” em árabe, foi construído em 1946 durante o domínio britânico e foi reformado na década de 1980, segundo a Reuters. O hospital tem cerca de 800 leitos para pacientes.
O complexo hospitalar de 45 mil metros quadrados fica em uma parte densamente povoada da Cidade de Gaza, perto da mesquita al-Shifa.
O que está acontecendo com os centros médicos em Gaza?
Mais de metade dos hospitais em Gaza já não funcionam devido a danos e ataques, segundo a OMS. Até terça-feira, apenas um hospital no norte de Gaza, o Hospital al-Ahli, na cidade de Gaza, conseguiu admitir novos pacientes, de acordo com o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários.
O ministério da Saúde de Gaza não conseguiu divulgar um número atualizado de mortos desde sexta-feira, disse seu porta-voz em um telefonema na terça-feira, citando cortes prolongados na internet e uma perda de comunicação com os hospitais do enclave. O ministério afirma que o número de vítimas é superior a 11 mil pessoas, mas não foi possível divulgar um número exato.
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Medhat Abbas, porta-voz do Ministério da Saúde de Gaza, afirmou na segunda-feira que pelo menos 100 corpos estavam em decomposição no complexo hospitalar, com cerca de 50 dentro do hospital e dezenas de outros em necrotérios que ficaram sem energia. Os funcionários começaram a preparar uma vala comum, segundo o hospital.
Combustível e suprimentos limitados forçaram o fechamento de alguns departamentos hospitalares, com cirurgiões forçados a operar pacientes sem anestesia. Israel começou a bloquear a entrada de todo o combustível em Gaza pouco depois dos ataques terrorista do Hamas no dia 7 de Outubro, e apenas uma pequena fracção dos comboios de ajuda necessários entrou no enclave.