Entenda a reunião entre Guiana e Venezuela para retomar diálogo sobre o Essequibo

A disputa centenária entre as duas nações sul-americanas reacendeu-se recentemente com a descoberta de grandes quantidades de petróleo na Guiana

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Por Redação
Atualização:

GEORGETOWN– O governo da Guiana, sob pressão do vizinho Brasil e do Caricom (Mercado Comum e Comunidade do Caribe), concordou no domingo, 10, em participar de negociações bilaterais com a Venezuela sobre uma crescente disputa territorial entre os dois países em relação a Essequibo, região rica em recursos naturais que pertence a Guiana.

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A disputa centenária entre as duas nações sul-americanas reacendeu-se recentemente com a descoberta de grandes quantidades de petróleo na Guiana. O governo do ditador Nicolás Maduro, através de um referendo na semana passada, reivindicou a soberania sobre o território de Essequibo, que representa dois terços do território da ex-colônia britânica.

Mesmo com o alerta ligado para uma possível escalada militar nos dois lados da fronteira, o presidente da Guiana, Irfaan Ali, afirmou no domingo que seu país se reunirá na nação insular de São Vicente, no Caribe Oriental, na quinta-feira, 14, para discutir o problema territorial.

O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, discursa em um comício a favor da anexação da região de Essequibo, que pertence a Guiana  Foto: Marcelo Garcia/AFP

Mas qualquer acordo provavelmente não será feito com facilidade. “Deixei bem claro que a posição da Guiana não é negociável”, disse Ali numa transmissão nacional.

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Histórico

A fronteira foi traçada por uma comissão internacional em 1899, que a Guiana argumenta ser legal e vinculativa, enquanto a Venezuela afirma ser uma conspiração para roubo de terras porque juízes do Reino Unido, Rússia e Estados Unidos decidiram a fronteira. Maduro aponta que as autoridades dos três países conspiraram para que Caracas não ficasse com o território.

O governo de Maduro apontou no sábado, 9, que concordou com negociações para preservar a sua “aspiração de manter a América Latina e o Caribe como uma zona de paz, sem interferência de atores externos”.

A Venezuela tem pressionado por um dialogo bilateral com Georgetown, enquanto a Guiana aponta que o Tribunal Penal Internacional (TPI) deve resolver a questão.

O presidente da Guiana, Irfaan Ali, participa de um fórum em Ottawa, Canadá  Foto: Spencer Colby/AP

“Em relação à nossa fronteira, não há absolutamente nenhum compromisso. O assunto está perante a CIJ e é lá que será resolvido”, disse Ali. “Esperamos que o bom senso prevaleça e que o compromisso com a paz, a estabilidade e a ameaça de ruptura cessem.”

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Mediação

Ralph Gonsalves, primeiro-ministro de São Vicente, presidirá a reunião, enquanto o Brasil, que faz fronteira com a Venezuela e a Guiana e que também colocou tropas em alerta, atuará como observador.

Ali apontou que também concordou com uma conversa com Maduro após uma reunião de emergência dos líderes caribenhos na sexta-feira, onde eles pediram a conversa e enfatizaram seu apoio contínuo à Guiana.

Repleto de patriotismo, o governo venezuelano está aproveitando a campanha pela anexação de Essequibo para aumentar o apoio a Maduro antes das eleições presidenciais do ano que vem, em meio a uma crise econômica e política na Venezuela.

O governo da Venezuela afirma que cerca de 10,5 milhões de pessoas – pouco mais da metade dos eleitores elegíveis – votaram pelo sim no plebiscito pela anexação da região que pertence a Guiana. A população eleitoral do país tem 20,7 milhões de pessoas.

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Em 2015, grandes depósitos de petróleo foram descobertos pela primeira vez ao largo da costa de Essequibo por um consórcio liderado pela empresa americana ExxonMobil, despertando o interesse da Venezuela, cujo compromisso em prosseguir a reivindicação territorial tem oscilado ao longo dos anos.

A ex-colônia britânica possui cerca de 11 bilhões de barris de reservas provadas de petróleo bruto, ou cerca de 0,6% do total mundial. A produção começou três anos atrás e agora está aumentando o ritmo. Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), o país cresceu 62% no ano passado e deverá somar mais 37% este ano. Essa é a taxa de crescimento mais rápida em qualquer lugar do mundo.

A situação do país vizinho é bem diferente, com o sucateamento da empresa estatal venezuelana de petróleo PDVSA, devido a diversos casos de corrupção e mau gerenciamento. A capacidade de produção de petróleo da Venezuela caiu de 3.4 milhões de barris para apenas 700,000 por dia./AP

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