Entenda as principais descobertas da comissão que investiga ataque ao Capitólio dos EUA

Segunda semana de audiências públicas chegaram ao fim nesta quinta-feira; veja 5 pontos importantes

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Por Redação
Atualização:

A comissão da Câmara dos EUA que investiga o ataque ao Capitólio no dia 6 de janeiro de 2021 continuou com as audiências públicas nesta semana, na qual ouviu funcionários eleitorais, autoridades estaduais e ex-funcionários do Departamento de Justiça durante o governo de Donald Trump. Os principais depoimentos descreveram a pressão de Trump para derrubar o resultado das eleições contra Joe Biden e o esforço para convencer que a eleição foi “corrupta”.

Desde que começaram, as audiências apresentam evidências que podem dar permissão à Justiça americana para indiciar Trump pelo papel desempenhado na invasão ao Capitólio, embora um julgamento criminal seja incerto.

Da esquerda para direita: Steven Engel, Jeffrey Rosen e Richard Donoghue, todos ex-altos funcionários do Departamento de Justiça, prestam juramento antes de depoimentos nesta quinta-feira, 23, em Washington Foto: Jacquelyn Martin/AP

Em julho, a comissão vai realizar pelo menos mais duas audiências que devem se concentrar nos extremistas de extrema direita que atacaram o Capitólio e nas ações de Trump dentro da Casa Branca durante a invasão. Abaixo, leia as principais descobertas feitas até o momento.

Declarações de Trump instigaram ataque

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Na primeira audiência, o comitê descreveu em detalhes vividos o que chamou de tentativa de golpe liderada pelo ex-presidente, que culminou na invasão ao Capitólio. Vídeos e depoimentos foram apresentados pelos membros como provas da ameaça e da atuação de Trump para instigar o ataque.

Em um dos vídeos exibidos, dois manifestantes – Enrique Tarrio, líder do grupo de extrema direita Proud Boys, e Stewart Rhodes, líder de outro grupo extremista – se articulam para o ato na véspera. O outro mostra os líderes do Proud Boys saindo mais cedo do comício de Trump, realizado perto da Casa Branca momentos antes do ataque. Na conclusão dos investigadores, eles aparentemente saíram para explorar as defesas policiais antes da invasão.

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Membros do Proud Boys também disseram à comissão que a declaração de Trump de que o grupo deveria “levantar e ficar de pé”, feita durante um dos debates presidenciais de 2020, fez triplicar a sua quantidade de participantes.

Na conclusão da vice-presidente da comissão, Liz Cheney (Republicana), Trump convocou e reuniu a multidão para “acender a chama deste ataque”.

Mentiras eleitorais

A segunda audiência revelou como Trump ignorou assessores e conselheiros ao declarar vitória prematura nas eleições de 2020 e posteriormente insistir em alegações de fraude. Os assessores lhe disseram que as alegações não tinham fundamento e estavam erradas, mas o ex-presidente se mostrou incansável com a narrativa.

O comitê reproduziu depoimentos em vídeo de vários assessores que disseram discordar do plano ou tentaram convencer Trump a desistir dele – embora poucos deles tenham falado publicamente na época. Até sua filha, Ivanka Trump, disse que “aceitou” a conclusão do ex-procurador-geral William Barr de que não havia fraude. Ele renunciou ao cargo após o presidente ignorá-lo.

Os esforços para persuadir Trump começaram na noite da eleição, quando a disputa ainda estava apertada. O advogado Rudy Giuliani disse a Trump para ir em frente e declarar vitória. O gerente de campanha de Trump, Bill Stepien, afirmou ter dito que era “muito cedo” para o pronunciamento, mas Trump seguiu a sugestão de Giuliani.

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O comitê exibiu vídeos de depoimentos de Barr, que disse a Trump que não encontrou evidências de que as alegações de fraude fossem verdadeiras. Barr disse que tentou convencer Trump, mas sentiu que o presidente estava se “desligando da realidade” e não tinha “interesse em saber quais eram os fatos reais”.

Imagem do dia 6 de janeiro de 2021 mostra então presidente Donald Trump em comício realizado em Washington, momentos antes da invasão ao Capitólio Foto: Evan Vucci/AP

Pressão sobre o vice-presidente

Mesmo com os avisos de que as acusações de fraude eram ilegais, Donald Trump pressionou o então vice-presidente Mike Pence para ele seguir com o plano de reverter a perda nas eleições. Ele queria que Pence se aproveitasse do papel de supervisor da contagem oficial para contestar os votos registrados pelo Congresso.

Segundo o ex-advogado de Pence, Greg Jacob, o vice-presidente concluiu desde o início que não havia “base justificável para concluir que o vice-presidente tem esse tipo de autoridade”.

Trump seguiu tentando convencê-lo mesmo depois que o Capitólio foi invadido e declarou nas redes sociais que Pence não teve “coragem” para fazer o que era necessário. O vice-presidente havia se escondido no Capitólio por temer perder a vida. Vídeos de manifestantes pedindo a morte dele foram mostrados pela comissão.

“Donald Trump virou a multidão contra ele”, disse Bennie Thompson, presidente da comissão.

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Plano eleitoral falso e ameaças

Trump esteve pessoalmente envolvido em um esquema para apresentar lista de falsos eleitores e tentou intimidar, blefar e bajular diversos parlamentares estaduais e autoridades eleitorais para reverter o resultado da votação em diversos Estados americanos em que perdeu. As descobertas aconteceram na quarta audiência da comissão e foram apresentadas durante quase três horas.

A campanha de Trump e aliados teve assédios e ameaças de violência contra qualquer um que resistisse contra o plano de fraudar as eleições. Eles tentaram persuadir autoridades a evitar certificar a contagem de votos – e assim conceder a vitória no Colégio Eleitoral ao ex-presidente.

Trump também procurou persuadir os legisladores a criar chapas de eleitores suplentes, na expectativa que o então vice-presidente Mike Pence pudesse usá-las para fraudar a eleição no momento em que supervisionou a contagem oficial dos votos.

Uso do Departamento de Justiça

Na quinta e última audiência do mês, a comissão explorou como Donald Trump utilizou o Departamento de Justiça para tentar se manter no poder. Três ex-funcionários do departamento testemunharam e disseram ter desempenhado papéis importantes no episódio.

A comissão também mostrou um bilhete endereçado ao subprocurador-geral Richard Donoghue que diz: “Só digam que a eleição foi fraudada e deixem o resto comigo e os republicanos no Congresso”. O recado foi considerado como mais um indício da tentativa de Trump impedir a derrota legalmente.

Além disso, depoimentos informaram que Trump e os aliados no departamento e no Capitólio procuraram indicar um funcionário pouco conhecido no Departamento de Justiça, Jeffrey Clark, como procurador-geral interino para que ele revertesse os resultados eleitorais.

Um grupo de advogados da Casa Branca e a liderança do Departamento afirmaram que o plano fosse era tão mal concebido e desonesto que levaria o país a uma crise constitucional se tivesse sucesso. O New York Times considerou o plano a tentativa mais flagrante de usar a pasta para fins políticos pelo menos desde Watergate.

Segundo os depoimentos, Trump chegou tão perto de nomear Clark para o cargo que a Casa Branca já havia começado a se referir a ele como procurador-geral interino nos registros de chamadas feitos a partir do dia 3 de janeiro de 2021. Somente após horas de discussão com servidores do departamento é que ele voltou atrás no plano. /NYT, AP

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