Entenda em um guia visual o avanço da direita no Parlamento europeu

A direita tradicional venceu a disputa, mas a extrema direita teve um avanço considerável em países como Alemanha, França, Itália e Holanda

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Foto do author Daniel Gateno
Atualização:

Após as eleições para o Parlamento Europeu que terminaram no domingo, 9, os partidos centristas tradicionais continuaram na dianteira do Legislativo Europeu. Apesar disso, a extrema direita cresceu nos principais países da União Europeia, em uma resposta dos eleitores que sinalizam o desejo por políticas mais restritivas em relação a imigrantes e menos regulações verdes.

Segundo projeções divulgadas pelo Parlamento Europeu, o Partido Popular Europeu (PPE), de centro-direita, deve conquistar 186 cadeiras, seguido pela Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas, de centro-esquerda, que deve conquistar 134 cadeiras. O partido centrista Renovar a Europa, liderado pelo presidente da França, Emmanuel Macron, será a terceira força do Parlamento, com 79 cadeiras. Já os Reformistas e Conservadores Europeus (RCE), da direita radical , devem chegar a 73 cadeiras e o Identidade e Democracia (ID), de extrema direita, ficará com 58 cadeiras.

Saiba mais sobre as eleições no Parlamento Europeu por meio de gráficos preparados pelo Estadão que detalham as mudanças no Legislativo das eleições de 2019 para 2024, além de um panorama político específico de Alemanha, França, Itália, Espanha e Portugal.

A líder do Reagrupamento Nacional Marine Le Pen discursa ao lado do presidente do partido, Jordan Bardella, em Paris  Foto: Lewis Joly/AP

Mudanças no Parlamento

O Parlamento Europeu em 2019 também teve o Partido Popular Europeu (PPE) e a Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas como as maiores bancadas, mas a legenda centrista Renovar a Europa, do presidente da França, Emmanuel Macron, perdeu força. Os Verdes também reduziram a sua bancada.

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Os Reformistas e Conservadores Europeus, de extrema direita, tiveram um aumento no número de cadeiras. Já o Identidade e Democracia (ID), também da direita radical, perdeu peso com a expulsão do partido Alternativa para a Alemanha, que ficou em segundo no pleito europeu na Alemanha, e teria aumentado a bancada do ID em 15 cadeiras.

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A legenda alemã foi expulsa após declarações controversas e revisionistas de Maximilian Krah, então principal nome do partido para as eleições no Parlamento Europeu. Krah afirmou em entrevista ao jornal italiano La Reppublica que nem todos os membros da SS, organização paramilitar nazista, eram criminosos.

Confira como cada país da UE votou

Eleitores dos 27 países-membros da União Europeia (UE) foram às urnas entre os dias 6 e 9 de junho para a votação do Parlamento Europeu. A extrema direita teve bons resultados em países importantes do bloco europeu como França, Alemanha, Itália e Holanda.

Na Espanha e em Portugal, os partidos tradicionais alinhados com a centro-direita e a centro-esquerda tiveram mais votos. Este cenário se repetiu nos países escandinavos e nos bálticos.

Nas eleições para o Parlamento Europeu, os eleitores votam nos partidos políticos nacionais, que se juntam em grupos de maior afinidade política quando são eleitos para o Parlamento. Os 720 assentos do Parlamento são divididos por países e a distribuição leva em conta o tamanho da população de cada país, com a Alemanha liderando o número de parlamentares. O país pode eleger 96 parlamentares, enquanto a França elege 81. Países menores como Malta e Chipre possuem apenas 6 parlamentares eleitos.

Alemanha

Na Alemanha, a coalizão de centro-direita de dois partidos democratas cristãos alemães: a União Democrata-Cristã (UDC), da ex-chanceler Angela Merkel, e a União Social-Cristã (USC), conquistaram 30 cadeiras no Legislativo Europeu. A coalizão faz parte do Partido Popular Europeu (PPE).

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O partido Alternativa para a Alemanha, de extrema direita, ficou em segundo, com 16 cadeiras, mas os parlamentares irão iniciar a nova legislatura sem coalizão europeia, por terem sido expulsos do Identidade e Democracia (ID).

O Partido Social-Democrata da Alemanha, do atual chanceler Olaf Scholz, amargou um decepcionante terceiro lugar, conquistando 14 cadeiras.

França

Já na França, o partido de extrema direita Reagrupamento Nacional, de Marine Le Pen e Jordan Bardella, conquistou uma vitória contundente, garantindo 30 cadeiras para o grupo Identidade e Democracia (ID). A legenda centrista Renascimento, do presidente da França, Emmanuel Macron, ficou em segundo.

Após os resultados, Macron fez uma aposta arriscada e convocou eleições legislativas antecipadas por conta do desempenho da direita radical. Em um discurso no palácio presidencial, Macron afirmou no domingo que o resultado das eleições europeias “não é um bom resultado para os partidos que defendem a Europa”, “a ascensão dos nacionalistas e demagogos é um perigo para a nossa nação”.

Portugal

Os portugueses optaram pelas vias tradicionais nas eleições europeias. O Partido Socialista (PS), de esquerda, foi o mais votado e conquistou oito cadeiras. Já a Aliança Democrática (AD), partido da direita tradicional que abriga o primeiro-ministro de Portugal, Luís Montenegro, ficou em segundo, garantindo sete cadeiras. O Chega, de extrema direita, teve um resultado tímido, conquistando apenas duas cadeiras no Parlamento Europeu.

Os eleitores portugueses foram às urnas em março e optaram pela saída do Partido Socialista do governo pela primeira vez em oito anos. O Chega se consolidou como terceira força política em Portugal, mas não faz parte da coalizão de direita da Aliança Democrática (AD).

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Espanha

A Espanha também teve a votação dividida entre os partidos tradicionais. O Partido Popular (PP), da direita tradicional, conquistou 22 cadeiras, contra 20 do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), do primeiro-ministro do país, Pedro Sánchez. O VOX, de extrema direita, conquistou seis cadeiras, sem a mesma força que a direita radical teve na Alemanha e na França.

Apesar disso, o VOX teve um crescimento em relação às eleições de 2019, quando havia conseguido apenas três cadeiras. O líder do partido de extrema direita, Santiago Abascal, pediu que Sánchez seguisse o caminho de Macron e convocasse novas eleições na Espanha.

Itália

Na Itália, o partido de extrema direita Irmãos da Itália, da primeira-ministra do país, Giorgia Meloni, ficou em primeiro lugar, conquistando 24 cadeiras. O Partido Democrático, de centro-esquerda, ficou em segundo, com 21 cadeiras. A legenda populista Movimento 5 Estrelas ficou na terceira colocação, com 8 cadeiras, seguida pelo partido Liga, de extrema direita, que também conquistou 8 cadeiras.

Meloni faz parte do Reformistas e Conservadores Europeus (RCE) e tem adotado posições moderadas e pró-UE. Há uma divisão no bloco da extrema direita no Parlamento Europeu entre os dois partidos da direita radical: o RCE e o ID.

Além dos Irmãos da Itália, o primeiro grupo também abriga o espanhol VOX e o polonês PiS. Já o segundo é composto pelos franceses do Reagrupamento Nacional, os italianos da Liga, os holandeses do Partido da Liberdade e os húngaros do Fidesz.

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