O que é o Hezbollah?Por que a PF investiga o grupo no Brasil? Entenda essa e outras dúvidas

Grupo pró-Irã, baseado no Líbano, tem trocado fogo com Israel desde o início do conflito com Hamas

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Por Redação
Atualização:

A Polícia Federal lançou nesta quarta-feira, 8, a Operação Trapiche, contra alvos suspeitos de planejar ataques terroristas no Brasil. Eles são suspeitos também de manter vínculos com o grupo radical xiita libanês Hezbollah. Ao menos duas pessoas foram presas. A operação ocorre em meio à guerra entre Israel e o Hamas, um aliado da milícia xiita, e a escaramuças na fronteira norte israelense com o grupo libanês.

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O Hezbollah é uma milícia xiita criada durante a guerra civil libanesa, ainda nos anos 80, com apoio do Irã. Ela tem braços políticos, sociais e militares, e professa uma visão radical do Islã. Desde sua criação, foi responsável por atentados no Oriente Médio, Europa e na América Latina, como o ataque na embaixada israelense em Buenos Aires, em 1992, que deixou 29 mortos.

Historicamente, o Hezbollah tem laços com a comunidade muçulmana sobretudo na tríplice fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai, e a presença de membros do grupo na região preocupa há anos os Estados Unidos.

Por que o Hezbollah está na mira da PF?

O objetivo da operação, segundo a polícia, é interromper atos preparatórios de terrorismo e apurar um possível recrutamento de brasileiros para a prática de atos extremistas no País’. A ação teve colaboração de autoridades americanas e israelenses.

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O grupo sob suspeita planejava ataques contra prédios da comunidade judaica no Brasil, ainda de acordo com a PF. Agentes da PF ainda fizeram buscas em onze endereços de três Estados - Minas Gerais (7), Distrito Federal (3) e São Paulo (1). As ordens foram expedidas pela Justiça Federal de Belo Horizonte.

O que está acontecendo entre Israel e Hezbollah?

Israel e Hezbollah estão trocando fogo desde o dia 7 de outubro, quando o Hamas organizou ataques em Israel que mataram 1,4 mil pessoas, segundo as autoridades israelenses. Com a invasão de Gaza na semana passada, muitos na região temem que o conflito com Hezbollah, um aliado do Hamas, possa escalar para uma guerra envolvendo também o Líbano e o Irã. Isso deixaria Israel lutando em duas ou até mesmo três frentes, uma situação que o país pretende evitar.

De onde o Hezbollah vem?

As origens do grupo remontam a uma diferente invasão terrestre envolvendo palestinos. Em 1982, Israel avançou para o sul do Líbano com o objetivo de aniquilar a Organização para a Libertação da Palestina, cujos líderes utilizavam o país como base. Israel logo viu a si mesmo contra um novo movimento xiita-muçulmano fundado para reunir a vontade popular contra a ocupação de Israel.

O movimento levou o nome de Hezbollah, que em árabe significa “Partido de Deus”. Hezbollah logo encontrou um novo aliado no Irã, e um inimigo nos Estados Unidos, depois de se envolver no caso de um atentado suicída na Embaixada dos Estados Unidos em Beirute, em 1983. Israel logo se retirou do Líbano em 2000, mas a ameaça do Hezbollah permaneceu desde então.

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O Hamas reforçou os laços com o Irã e o Hezbollah nos últimos anos, após um período de relações mais frias na última década, quando os dois grupos armados apoiaram lados opostos na guerra civil síria.

Chefe do Conselho Executivo do Hezbollah, Sayyed Hashem Safieddine, discursa em um protesto organizado pelo Hezbollah em solidariedade ao povo palestino.  Foto: EFE/EPA/ABBAS SALMAN

O Hezbollah já lutou contra Israel antes?

Sim. Em 2008, o grupo lutou em uma guerra sangrenta que durou 34 dias e deixou áreas de Beirute e outras partes do Líbano arrasadas pelos ataques aéreos de Israel. Pelo menos 1,109 cidadãos israelenses morreram, de acordo com o Observatório de Direitos Humanos, juntamente com dezenas de soldados israelitas e combatentes do Hezbollah. A guerra também começou na parte norte da fronteira: em julho daquele ano, um ataque do Hezbollah a Israel matou oito soldados e raptou outros dois. A violência aumentou rapidamente a partir daí.

Hezbollah e seus políticos aliados perderam sua maioria nas eleições parlamentares do Líbano no último ano, mas o grupo permanece com uma força política formidável que continua a exercer controle de fato sobre as regiões do país, incluindo o sul do Líbano.

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