Entenda os cinco anos turbulentos na Venezuela de Maduro

País tem convivido com protestos violentos, choque de poderes, colapso econômico, diálogos fracassados, entre outros problemas

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Por Redação

CARACAS - Protestos com mortes, uma suposta tentativa de magnicídio, opositores presos, colapso econômico e pressão internacional crescente: a Venezuela vive um período turbulento sob o governo de Nicolás Maduro, que, nesta quarta-feira, 23, mede forças com a oposição nas ruas.

Veja abaixo os principais momentos deste período em que o país sofre uma de suas piores crises.

Vitória de Nicolás Maduro foi contestada pela oposição Foto: EFE/Andy Ale

2013: Herdeiro

O líder socialista Hugo Chávez, presidente desde 1999 e fundador da "Revolução Bolivariana", morre em decorrência de um câncer em 5 de março de 2013.

Maduro, ungido por Chávez como seu substituto, vence as presidenciais de 14 de abril com 50,62% dos votos, apenas 1,5 ponto à frente do opositor Henrique Capriles, que não reconhece o resultado.

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2014: Primeiro desafio

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Em 2014, liderada por Leopoldo López, a oposição realiza manifestações para exigir a saída de Maduro, com um balanço de 43 mortos.

López é detido em fevereiro deste ano e condenado em 2015 a quase 14 anos de prisão, acusado de incitar a violência. Desde agosto de 2017 está em prisão domiciliar.

Os preços do petróleo, que gerá 96% das divisas do país, caíram a menos da metade, agravando a escassez de alimentos e remédios.

2015: Derrota

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Em fevereiro de 2015, o prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, acusado de conspirar contra o governo, é preso. Pouco depois, vai para prisão domiciliar e em 2017 foge para a Espanha.

Em março, Washington impõe as primeiras sanções contra autoridades venezuelanas acusadas de violar os direitos humanos. Em dezembro, em meio ao agravamento da crise, a coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) derrota o chavismo, conquistando a maioria qualificada da Assembleia Nacional.

O prefeito metropolitano de Caracas, Antonio Ledezma, foi preso em fevereiro deste ano acusado de ajudar uma suposta tentativa de golpe militar para depor o presidente venezuelano, Nicolás Maduro; Ledezma foi transferido para prisão domiciliar em abril após operar uma hérnia Foto: SERGIO DUTTI/AE

2016: Choque de poderes

Assim que a oposição toma posse em janeiro, o Legislativo é declarado em desacato e suas decisões são anuladas pelo Tribunal Supremo de Justiça (TSJ).

Durante a maior parte de 2016, a oposição tentou revogar o mandato de Maduro - de seis anos - por meio de um referendo, e organizou manifestações para exigi-lo.

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Contudo, o poder eleitoral e a Justiça - acusado pela oposição de trabalhar a favor de Maduro - frearam o movimento, alegando fraude na coleta de assinaturas.

2017: Protestos e Constituinte

O TSJ atribui para si os poderes do Parlamento e no dia 1.º de abril são realizados protestos que deixam cerca de 120 mortos em quatro meses. A procuradora-geral, Luisa Ortega Díaz, denuncia uma ruptura da ordem constitucional e, meses depois, deixa o país denunciando “perseguição”.

No dia 30 de julho é realizada a eleição de uma Assembleia Constituinte com poder absoluto e totalmente oficialista, substituindo o Parlamento na prática e não reconhecida por vários governos.

Os EUA aprovam sanções econômicas contra a Venezuela e a petrolífera estatal PDVSA, declarados mais tarde em default parcial. O chavismo vence as eleições para governadores de outubro e as municipais de dezembro. Oposição denuncia fraude.

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2018: Reeleição

Diante de uma oposição rachada, a Constituinte decide em janeiro adiantar as presidenciais, com Maduro como candidato. Fracassa um diálogo entre a oposição e o governo sobre garantias eleitorais, e as autoridades fixam as eleições para 20 de maio.

A MUD decide boicotá-las acrescentando que são uma "fraude". O dissidente do chavismo Henri Falcón se afasta da oposição e lança a sua candidatura.

Maduro é reeleito com 68% dos votos e a maior abstenção em presidenciais (52%) na história democrática venezuelana. Os Estados Unidos, vários países da América Latina e a União Europeia não reconhecem as eleições.

Enquanto isso, a vital produção petroleira cai aos níveis mais baixos em três décadas (1,4 milhão de barris por dia).

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Em 4 de agosto, o presidente denuncia uma tenta de magnicídio com dois drones carregados com explosivos, que explodiram perto de onde presidia uma parada militar.

Maduro culpa o deputado opositor Julio Borges, o então presidente colombiano Juan Manuel Santos e os Estados Unidos. Vinte e cinco pessoas são detidas, entre elas o legislador Juan Requesens e dois generais.

2019: Segundo mandato

Em 10 de janeiro, Maduro assume um segundo mandato que não é reconhecido por boa parte da comunidade internacional. Em 15 de janeiro, o Legislativo declara formalmente Maduro como "usurpador" da Presidência.

Em 23 de janeiro, convocados pelo chefe do Parlamento, Juan Guaidó, dezenas de milhares de opositores se manifestam em Caracas e outras cidades para pressionar por um "governo de transição" e novas eleições, e que os militares rompam com Maduro.

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O chavismo também mobilizou milhares de partidários para defender o presidente e denunciar um suposto plano dos Estados Unidos para derrubá-lo. / AFP

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