Protestos no Peru: Entenda porque manifestações seguem acontecendo após mortes

Manifestações pedem a renúncia da presidente Dina Boluarte e levaram a uma onda de violência em regiões do sul do país

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Por Redação
Atualização:

Desde que a presidente peruana, Dina Boluarte, assumiu - com a destituição de Pedro Castillo, que tentou dar um golpe de Estado e acabou preso - manifestações diárias pedem a antecipação das eleições gerais no país. Quarenta e oito pessoas morreram em meio aos protestos, incluindo ao menos um policial, e não há perspectiva de melhora rapidamente.

Os protestos entram em sua segunda semana consecutiva, após uma trégua durante as festividades do fim de ano, e são promovidas por setores radicais de esquerda e sindicatos camponeses que também exigem justiça para as famílias que tiveram entes queridos mortos e punição para os responsáveis pelo uso desproporcional da força.

Manifestantes bloqueiam estradas e pedem a renúncia de Dina Boluarte no Peru  Foto: Diego Ramos / AFP

Quem é Dina Boluarte?

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Dina Boluarte era a vice-presidente do Peru. Em 7 de dezembro, o então presidente Pedro Castillo tentou dar um golpe de estado e fechar o Congresso, mas as Forças Armadas do país não reagiram aos seus pedidos de mobilização. Isolado, Castillo acabou deposto pelo Congresso e preso - atualmente ele cumpre pena de 18 meses.

Com isso, Dina Boluarte assumiu a presidência peruana e, logo ao receber a faixa, disse que levaria o governo até o fim, ou seja, até 2026. No entanto, imediatamente começaram protestos ao redor do país pedindo a destituição do Congresso e eleições gerais antecipadas.

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Quando começaram os protestos?

Logo após a queda de Castillo, manifestantes saíram às ruas de diferentes cidades do país pedindo desde a antecipação de eleições até a volta de Castillo. Distintos movimentos faziam suas demandas nos protestos.

Atualmente, o epicentro dos protestos é a região aimara de Puno (sul), na fronteira com a Bolívia, onde houve saques a comércios locais e ataques a veículos da polícia.

A Superintendência de Transporte Terrestre de Pessoas, Cargas e Mercadorias registrou interrupção por piquetes em 53 trechos de rodovias em seis regiões: Puno, Cusco, Apurímac, Arequipa, Madre de Dios e Amazonas.

O que os manifestantes pedem?

Com o passar das semanas e o embate no Congresso diante da possibilidade de antecipar as eleições, aumentou a quantidade de manifestantes pedindo a renúncia de Dina Boluarte. Atualmente, essa é a principal reivindicação dos protestos, ao lado da convocação de uma Assembleia Constituinte.

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Em regiões do sul peruano, como em Puno - que vive desde quarta-feira um toque de recolher -, manifestações de partidários de Castillo ganharam força e acabaram em confrontos com a polícia. A onda de violência deixou 17 mortos: a repressão violenta das forças de ordem deixou 14 mortos durante tentativa de ocupação do aeroporto de Juliaca pelos manifestantes. Além disso, três pessoas faleceram no saque a um shopping center, segundo a Defensoria do Povo, que acrescentou que um policial também morreu queimado dentro de sua viatura.

Manifestantes tocam fogo em pneus e cloqueiam a rodovia Pan-American, em Arequipa. Foto: Diego Ramos/ AFP - 12/01/2023

Quantas pessoas morreram nos protestos?

Ao todo, 48 pessoas morreram durante os protestos ou em eventos relacionados ao bloqueio de estradas por manifestantes. Em um balanço recente divulgado pela Ouvidoria do Peru, 39 civis foram mortos em confrontos com a polícia e outros sete morreram em acidentes de trânsito, além do policial assassinado. Após a divulgação, uma outra morte de civil foi registrada em Cusco, cidade turística na região andina.

Há repressão e violência policial?

Diante do número de mortos nos protestos, o Ministério Público do Peru abriu uma investigação na quarta-feira 11 por suposto “genocídio” a presidente Dina Boluarte. O anúncio foi feito no mesmo dia em que o gabinete do governo, liderado por Alberto Otárola, pediu um voto de confiança ao Congresso. Uma missão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) chegou ao Peru também na quarta, para investigar a resposta policial às manifestações.

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