Entenda por que a China e a Rússia estão mais próximas do que nunca

A reunião desta semana entre os líderes da China e da Rússia marca outro momento-chave no aprofundamento das relações entre as duas potências

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Por Nicole Hong, The New York Times

Xi Jinping, o líder da China, chegou a Moscou para se reunir com o presidente Vladimir Putin, da Rússia, nesta semana. É a visita de maior destaque de qualquer líder mundial à Rússia desde antes da pandemia.

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Ocorrendo mais de um ano depois que a Rússia lançou sua invasão à Ucrânia, a reunião será observada de perto por autoridades ocidentais em busca de qualquer indicação de até onde a China pode estar disposta a ir para atuar como mediadora no conflito - ou apoiadora da Rússia.

As autoridades chinesas classificaram a reunião em parte como uma missão para promover conversas construtivas entre a Rússia e a Ucrânia, embora as autoridades dos EUA tenham se mostrado céticas em relação aos recentes esforços de Xi para se tornar um pacificador global.

Xi chega a Moscou para encontro com Putin que fortalecerá aliança entre os dois países  Foto: Anatoliy Zhdanov / Kommersant Photo / AFP

Aqui estão cinco pontos que você deve conhecer sobre a relação entre a China e a Rússia:

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China e Rússia são aliadas?

China e Rússia não são aliados formais, o que significa que não se comprometeram a se defender com apoio militar.

Mas os dois países são parceiros estratégicos muito próximos, uma relação que se aprofundou durante a guerra na Ucrânia, quando a Rússia se isolou cada vez mais de muitos outros países.

As autoridades chinesas disseram que o relacionamento atual está em uma “alta histórica”. A parceria é alimentada por um objetivo comum de tentar enfraquecer o poder e a influência dos EUA.

A relação entre a China e a Rússia nem sempre foi tão calorosa. Os dois lados foram adversários ferozes na década de 1960 e se enfrentaram em 1969 por causa do território disputado ao longo de sua fronteira, aumentando os temores na época de um confronto nuclear entre os dois países.

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Os dois também competem por influência na Ásia Central, uma região que o Kremlin há muito vê como seu território, mas que está se tornando cada vez mais importante para as ambições geopolíticas e econômicas da China.

Pequim está construindo mais ferrovias, rodovias e oleodutos em ex-repúblicas soviéticas como Casaquistão e Usbequistão, que ainda contam com a Rússia como um parceiro de segurança crucial.

Quão próximos estão Xi Jinping e Vladimir Putin?

Pouco antes do início da guerra na Ucrânia em fevereiro de 2022, Xi e Putin declararam publicamente que o relacionamento de seus países “não tinha limites”.

Xi muitas vezes descreveu Putin como “seu melhor amigo”. Durante um fórum econômico na Rússia em 2018, os dois fritaram panquecas russas e tomaram doses de vodca juntos. No aniversário de 66 anos de Xi em 2019, Putin o presenteou com um bolo e uma caixa gigante de sorvete.

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Em um artigo publicado em um jornal chinês no domingo, Putin disse que os dois tiveram o “relacionamento mais caloroso”, observando que eles se encontraram cerca de 40 vezes nos últimos anos e sempre tiveram tempo para conversar em eventos “sem gravata”.

Qual é a relação econômica entre Rússia e China?

Os laços econômicos entre a China e a Rússia se fortaleceram significativamente desde a primeira invasão russa da Ucrânia em 2014, quando Putin anexou a Crimeia.

Na época, a China ajudou a Rússia a escapar das sanções impostas pelo governo de Barack Obama, que deveriam cortar o acesso da Rússia aos mercados globais.

Após sanções mais duras contra a Rússia depois do início da guerra na Ucrânia no ano passado, a China ajudou a fornecer muitos dos produtos que a Rússia comprava de países aliados ocidentais, incluindo chips de computador, smartphones e matérias-primas necessárias para equipamentos militares.

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O comércio total entre a Rússia e a China aumentou 34% no ano passado.

O que Putin quer da China?

Putin precisa da China para ajudar a fortalecer sua economia, que foi atingida por sanções ocidentais. Para o líder russo, a China tornou-se cada vez mais uma tábua de salvação para investimentos e comércio.

Depois que os países ocidentais restringiram suas compras de petróleo bruto e gás natural russo no ano passado, a China ajudou a compensar o declínio comprando mais energia da Rússia.

No começo da guerra na Ucrânia, a Rússia pediu à China equipamento militar e assistência econômica, segundo os EUA. Autoridades americanas disseram recentemente que a China está considerando fornecer armas à Rússia para uso na Ucrânia, uma alegação que a China negou.

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A China se absteve de condenar a invasão da Ucrânia pela Rússia, embora a política externa da China esteja baseada nos princípios de soberania e integridade territorial. Embora a China tenha se retratado como uma parte neutra na guerra da Ucrânia, ela endossou as narrativas russas, culpando os EUA e a OTAN por iniciar o conflito.

Mas a China também hesitou em dar todo o seu apoio à Rússia. A turbulência e a instabilidade decorrentes da guerra podem ameaçar o crescimento da China e complicar seus esforços para fortalecer laços econômicos em todo o mundo.

Em setembro passado, depois que Putin e Xi se encontraram pessoalmente, Putin reconheceu que a China havia expressado “dúvidas e preocupações” sobre a guerra na Ucrânia.

O que Xi quer da Rússia?

Xi quer que Putin se junte a ele como um aliado no confronto contra o domínio hegemônico dos EUA e do Ocidente.

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Em um artigo publicado em um jornal russo na segunda-feira, antes da visita, Xi disse que a China e a Rússia precisam cooperar para superar os desafios à sua segurança, incluindo “atos prejudiciais de hegemonia, dominação e intimidação”.

Xi adotou uma postura mais dura contra o que chama de “esforço americano para conter a ascensão da China”, retratando a China como uma nação sitiada - assim como Putin fez em discursos para os russos.

Xi pediu às indústrias chinesas que reduzam sua dependência da tecnologia ocidental e saudou o crescimento da China como prova de que ela não precisa adotar os valores políticos ocidentais.

A China tem comprado armas mais avançadas da Rússia para modernizar suas Forças Armadas, e as duas nações aumentaram seus exercícios militares conjuntos.

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No ano passado, quando o presidente Biden estava visitando Tóquio, China e Rússia enviaram bombardeiros pelos mares no nordeste da Ásia como uma demonstração de força.

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