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Qual é o cenário mais provável para o futuro da Catalunha? O mais provável será a declaração de independência na próxima semana. Mas não é realista, factível, algo que possam manter. Será uma declaração retórica. A partir de então, o governo central poderá prender Puigdemont e destacados membros do governo, como o vice-governador e o secretário de Relações Exteriores. Tudo isso prejudica o diálogo e teremos uma crise por muitos anos. Talvez por uma geração.
Por quê? Porque neste momento há muitas pessoas na Catalunha que estão se desconectando emocionalmente da Espanha. Só com a repressão, com a intervenção pelo Artigo 155, não vai solucionar a situação. A vitória será de curto prazo, mas a crise é de Estado, estrutural. Se não forem feitas reformas, esse tema ficará pendente por muitos anos.
O governo de Rajoy acenou com uma reforma constitucional, mas essa negociação ainda não foi adiante. Qual é a chance concreta de que ela aconteça? Muito pequena. Os partidos catalães não vão participar da reforma que será feita, para deslegitimá-la. Será preciso que ela resulte em algo melhor do que a situação atual, e não é certo que isso acontecerá. Da parte catalã, não há muita esperança de que a reforma seja do agrado da Catalunha. A reforma constitucional, tal como aparece neste momento, não é uma solução.
E qual seria a solução da crise na Catalunha? Se analisarmos as democracias ocidentais, em especial a Bélgica, o Reino Unido, o Canadá, vemos que há soluções. Seriam soluções federais, mas federalismos pensados em uma pluralidade cultural concreta, considerando as identidades nacionais. Na Catalunha, caso não resolvesse o problema, poderiam pelo menos administrá-lo. Mas há partidos como o PP (Partido Popular, de Rajoy), o Ciudadanos e boa parte dos socialistas que não reconhecem essa pluralidade, não reconhecem o caráter nacional de regiões como a Catalunha. Logo, não vejo soluções realistas. A Catalunha vai seguir sem independência efetiva, porque suas instituições não são suficientemente fortes.