Equipe de Trump tenta adiar anúncio de candidatura após sucesso de Ron DeSantis

Aliados e membros do Partido Republicano temem que um anúncio de Trump para as eleições de 2024 prejudique as chances do partido no segundo turno do Senado na Geórgia

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Por Redação

WASHINGTON - Um dia antes das eleições de meio de mandato nos Estados Unidos, o ex-presidente Donald Trump avisou que faria um grande anúncio em 15 de novembro, em meio a expectativas de uma nova candidatura para a Casa Branca. Agora, após o Partido Republicano ver sua “onda vermelha” encolher, aliados tentam convencê-lo a adiar o anúncio, temendo que custe a Geórgia. O nome favorito do partido para impulsionar a campanha pelos últimos assentos do legislativo é Ron DeSantis, governador reeleito da Flórida, e maior rival de Trump na corrida pela presidência em 2024.

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Donald Trump virou o alvo principal de críticas entre os republicanos após uma série de derrotas de candidatos que ele escolheu e apoiou. O partido, que esperava uma maioria esmagadora na Câmara e controlar o Senado, agora se vê em uma batalha para uma maioria pequena na câmara baixa e corre sérios riscos de perder a câmara alta. O foco do partido, segundo estrategistas, se voltará para a Geórgia, que terá um segundo turno em 6 de dezembro e determinará a maioria do Senado.

“Vou aconselhá-lo a adiar seu anúncio até depois do segundo turno da Geórgia”, disse o ex-assessor de Trump Jason Miller, que passou a noite com o ex-presidente em seu clube Mar-a-Lago, na Flórida. “A Geórgia precisa ser o foco de todos os republicanos do país agora”, disse ele.

O ex-presidente dos EUA Donald Trump e o governador da Flórida Ron DeSantis Foto: Gaelen Morse e Marco Bello/Reuters

Trump procurou usar as eleições como uma oportunidade para provar sua influência política duradoura depois de perder a Casa Branca em 2020. Ele endossou mais de 330 candidatos em disputas, muitos deles inexperientes e que abraçaram a sua tese de fraude eleitoral em 2020. Essas posições, junto com a retórica dura contra o aborto, se chocaram com o eleitorado americano.

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O ex-presidente conquistou algumas grandes vitórias na terça-feira, particularmente em Ohio, onde sua escolha para o Senado, JD Vance, teve uma vitória fácil depois que o endosso de Trump o catapultou. Na Carolina do Norte, o deputado Ted Budd, uma das primeiras escolhas de Trump, manteve um assento no Senado nas mãos do Partido Republicano.

Mas Trump perdeu alguns dos maiores prêmios da noite, particularmente na Pensilvânia, onde o Dr. Mehmet Oz, que venceu por pouco suas primárias no Senado com o apoio de Trump, perdeu para o democrata John Fetterman. Os candidatos apoiados por Trump também perderam as corridas para governadores na Pensilvânia, Michigan e Maryland, e uma corrida para o Senado em New Hampshire, embora Trump parecesse comemorar o último, criticando o republicano Dan Bolduc por tentar moderar suas posições ao recuar nas alegações falsas de Trump.

O candidato democrata ao Senado dos EUA pela Geórgia, o senador Raphael Warnock Foto: Brynn Anderson/AP

“Se ele tivesse permanecido forte e verdadeiro, teria vencido facilmente”, disse Trump em sua rede social. Ele também aplaudiu a perda do candidato republicano ao Senado do Colorado, Joe O’Dea, que havia dito que achava que era hora de o partido se afastar de Trump. Outras disputas arriscadas no Arizona e Nevada continuam cedo demais para serem declaradas.

Alguns agora se preocupam que, se Trump avançar com seu anúncio planejado para a próxima semana, ele possa abrir caminho para uma repetição das derrotas dos republicanos em 2021 na Geórgia. O candidato ao Senado escolhido por Trump, a lenda do futebol Herschel Walker, estava cerca de 1 ponto atrás do democrata Raphael Warnock na tarde desta quarta-feira, sem que nenhum dos candidatos obtivesse 50%, levando a um segundo turno em 6 de dezembro.

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A ex-secretária de imprensa de Trump, Kayleigh McEnany, que agora trabalha para a Fox News, aconselhou no ar que Trump deveria adiar o anúncio até depois do segundo turno. “Eu acho que ele precisa colocar isso em pausa”, disse ela. Questionada se Trump deveria fazer campanha no estado, ela disse: “Acho que temos que fazer cálculos estratégicos. O Governador DeSantis acho que deveria ser bem-vindo ao estado, dado o que aconteceu ontem à noite. Você tem que olhar para as realidades no terreno.”

O candidato republicano ao Senado dos EUA pela Geórgia, Herschel Walker Foto: Brynn Anderson/AP

A vitória de DeSantis

Mesmo a grande vitória do Partido Republicano nessas eleições foi uma derrota para Donald Trump. A reeleição de Ron DeSantis na Flórida, especialmente no condado democrata de Miami-Dade que há quatro anos o rejeitou fortemente, e sem a ajuda de Trump, o consolidou como uma estrela em ascensão dentro do partido e ameaça a candidatura do ex-presidente para 2024.

“DeSantis sai da eleição com muito impulso”, disse o estrategista do partido Alex Conant. “Trump está fraco há muito tempo, mas não estava claro qual era a alternativa. Pela primeira vez, Trump realmente tem um rival formidável dentro do partido.”

“Os presidentes republicanos em um amplo espectro de estados estavam contando com Donald Trump para entregar a vitória para eles na noite passada e ele não o fez, eles estão decepcionados”, disse David Urban, um dos principais conselheiros da campanha vencedora de Trump em 2016 na Pensilvânia e um aliado de longa data. “Está claro que o centro de gravidade do Partido Republicano está no Estado da Flórida, e não me refiro a Mar-a-Lago.”

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O candidato republicano a governador da Flórida Ron DeSantis com sua esposa Casey DeSantis e os filhos Foto: Giorgio Viera/AFP

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Mesmo antes dos resultados das eleições de terça-feira, Trump via DeSantis como uma ameaça, segundo os assessores do ex-presidente, e Trump não esperou o fechamento das pesquisas para começar a atacá-lo. Ele zombou do governador e ca segunda-feira, ameaçou divulgar informações prejudiciais sobre DeSantis caso concorresse, segundo o Wall Street Journal.

DeSantis não respondeu ao fogo, além de realizar seu próprio evento de campanha no sábado, competindo com um comício de Trump em Miami. As multidões de DeSantis e a cobertura jornalística positiva irritaram ainda mais Trump, que o chamou de ingrato por seu apoio em 2018, segundo pessoas próximas a ele. Aliados de DeSantis disseram que ele fará campanha por Walker no segundo turno do Senado da Geórgia, mas é difícil prever seus movimentos, pois o governador compartilha suas decisões apenas com sua esposa e seu chefe de Gabinete.

Até alguns democratas admitiram a força de DeSantis. O estrategista democrata de Miami, Jose Parra, disse que o rival de Trump entra nas discussões de 2024 com grande apoio após um desempenho mais forte do que o esperado em todo o estado.

Falando na Casa Branca na quarta-feira, Joe Biden disse que sua intenção é concorrer novamente. Mas observando a competição emergente entre Trump e DeSantis, ele disse que seria “divertido vê-los se enfrentarem”./AP, NYT e W.POST

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