O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, afirmou nesta segunda-feira, 10, que apoiará a entrada da Suécia na Otan se a União Europeia reabrir as negociações de adesão da Turquia.
“Primeiro abra o caminho para a adesão da Turquia à União Europeia e depois abriremos o caminho para a Suécia, assim como abrimos o caminho para a Finlândia”, declarou Erdogan na véspera do início da cúpula anual da Otan na Lituânia.
As negociações entre Ancara e a UE estão bloqueadas há vários anos.
No final de 2020, a Comissão Europeia estimou que a adesão de Ancara estava “em um impasse” devido a decisões contrárias aos interesses da UE por parte de seus líderes.
Agenda
Erdogan deve se encontrar com o primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson, e o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, na segunda-feira.
O presidente turco continua a criticar a Suécia por sua suposta clemência em relação aos militantes curdos que se abrigam em seu território.
Erdogan também se encontrará com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.
A Turquia e a Hungria são os dois últimos países da Aliança Atlântica que se opõem à entrada da Suécia, apesar das medidas tomadas pelo país escandinavo, como a reforma constitucional e a adoção de uma nova lei antiterrorista.
A Otan precisa da aprovação unânime de todos os 31 membros para que um novo país se junte a aliança militar. Segundo Stoltenberg e as autoridades suecas, o país fez o suficiente para satisfazer exigências da Turquia. A Suécia alterou as leis antiterrorismo e suspendeu um embargo de armas à Ancara, entre outras concessões
Reuniões
Autoridades turcas e suecas se encontraram na quinta-feira, 6, para que uma resolução ocorresse. O chanceler turco, Hakan Fidan, afirmou que as reuniões de quinta-feira aconteceram para uma revisão das medidas que a Finlândia e a Suécia tomaram, especialmente no contexto da luta contra o terrorismo.
A Hungria também rejeita a candidatura da Suécia, mas nunca declarou publicamente quais são as suas preocupações. Autoridades da Otan esperam que o país suspenda o impedimento assim que a Turquia o fizer. Segundo uma declaração de Ulf Kristersson na semana passada, o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, afirmou para ele em uma conversa que o país não vai demorar a permitir a adesão sueca.
Saiba mais
Protestos
Na semana passada, suecos queimaram o Alcorão, livro sagrado do Islã, na frente de uma mesquita em Estocolmo em protesto à posição da Turquia e alimentou as tensões. A polícia permitiu o protesto alegando liberdade de expressão.
Erdogan criticou a Suécia por permitir o protesto. O porta-voz do Ministério da Defesa turco, Zeki Akturk, chamou o episódio de “ataque vil aos nossos valores sagrados que foi realizado em nome da chamada ‘liberdade de expressão’”. “O incidente de queima do Alcorão que ocorreu no primeiro dia do feriado de Eid al-Adha é uma indicação de quão justificados estávamos com nossas reservas (sobre a Suécia)”, disse Akturk, de acordo com a agência estatal turca Anadolu./AFP
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