Milhões de e-mails de militares dos Estados Unidos e do Pentágono foram enviados por engano para o Mali, país aliado político e militar da Rússia, devido a um pequeno erro de digitação.
Segundo revelou o Departamento de Defesa dos Estados Unidos na segunda-feira, 17, e-mails originalmente destinados a domínios .mil, de contas militares dos EUA, acabaram enviados para contas .ml em Mali.
Alguns dos e-mails supostamente continham informações sensíveis, como senhas, informações médicas, itinerários de funcionários do alto escalão, mapas de instalações militares, registros financeiros e algumas mensagens diplomáticas.
O Pentágono disse em um comunicado nesta segunda-feira que está ciente do incidente e leva “a sério” qualquer divulgação não autorizada de informações de segurança nacional.
De acordo com o jornal Financial Times, que revelou a história, o empreendedor holandês Johannes Zuurbier identificou o problema há mais de uma década e, desde então, está tentando sem sucesso contatar os americanos.
Desde 2013, ele tem um contrato para gerenciar o domínio do Mali — país que se tornou cada vez mais próximo da Rússia desde que um golpe em 2020 derrubou seu antigo governo.
Neste mês, Zuurbier escreveu uma carta às autoridades dos EUA para alertá-las mais uma vez. O holandês avisou que seu contrato com o governo do Mali terminaria em breve, o que significa que há um “risco real e que pode ser explorado por adversários dos EUA”. O empreendedor conseguiu coletar dezenas de milhares de e-mails enviados erroneamente nos últimos meses.
Vazamentos do Pentágono
O Pentágono implementou políticas, treinamento e controles técnicos para garantir que os e-mails do domínio .mil não sejam direcionados para domínios errados, segundo o comunicado.
“Embora não seja possível implementar controles técnicos para evitar o uso de contas de e-mail pessoais para assuntos governamentais, o Departamento continua a fornecer treinamento e orientação aos funcionários”, concluiu.
A porta-voz adjunta do Pentágono, Sabrina Singh, disse em uma entrevista coletiva que nenhum dos e-mails que chegaram a essas contas malinesas veio de uma conta militar oficial dos EUA.
Se um e-mail for enviado por erro de digitação a uma conta .ml, disse ela, a mensagem será devolvida.
“Nenhum dos e-mails relatados veio de uma conta do Departamento de Defesa”, disse ela, acrescentando que os funcionários da pasta são “sempre” cobrados a não usar suas contas pessoais para assuntos oficiais.
Uma dessas mensagens, segundo a rede de televisão CNN, continha os números dos quartos do chefe do Estado-Maior do Exército, general James McConville, e de sua comitiva em uma viagem que fizeram à Indonésia em maio. / AP e EFE
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