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Entenda em seis pontos o que esperar da Convenção Democrata

Próximos dias devem sinalizar como vice-presidente pretende definir sua candidatura e ajudar a determinar se o partido pode permanecer unido

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Por Redação
Atualização:

CHICAGO — A Convenção Nacional Democrata, que começa nesta segunda-feira, 12, em Chicago, nos Estados Unidos, será um teste para o partido e sua nova representante, a vice-presidente Kamala Harris, que nunca esteve tão no centro das atenções. Os próximos dias devem sinalizar como Kamala pretende definir sua candidatura e ajudar a determinar se o partido pode permanecer unido, apesar das profundas divisões sobre questões como a guerra na Faixa de Gaza. Aqui estão seis pontos a serem observados nesta semana.

Apresentação de Kamala

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O discurso de aceitação de Kamala na quinta-feira, 22, oferece a ela a chance de se apresentar a um dos maiores públicos que provavelmente terá antes das eleições, junto com seu debate (ou debates), com o ex-presidente Donald Trump. O desafio de Kamala, dizem os democratas, é equilibrar a lealdade ao presidente Joe Biden com o desafio de assumir o controle de seu partido. Seu discurso é uma oportunidade para mostrar até que ponto ela pretende construir sua própria identidade política e demonstrar como uma presidência de Kamala seria diferente de uma presidência de Biden.

Não por acaso, também é um teste para ver se a vice-presidente atual se apresentará como a candidata da mudança ou como a titular, concorrendo com base no histórico dos últimos três anos.

Biden discursará na noite de segunda-feira, em um dos que podem ser seus últimos grandes momentos no palco nacional. Foto: James Lipari/AP

Discurso de Biden

O último presidente em exercício que decidiu não buscar um segundo mandato, Lyndon B. Johnson, não compareceu à convenção de seu partido em 1968, que também aconteceu em Chicago. Em contraste, Biden discursará na noite de segunda-feira, em um dos que podem ser seus últimos grandes momentos no palco nacional. Será uma oportunidade para o partido homenagear Biden e para ele fazer uma espécie de discurso de despedida antecipado: recitar as conquistas de seu mandato, defender sua sucessora e moldar a eleição como faria se tivesse seguido na corrida.

Protestos contra apoio a Israel

Os democratas esperam por quatro dias de fortalecimento do partido, bem conscientes da convenção sem dissensões organizada por Trump e o Partido Republicano no mês passado em Milwaukee. Isso pode ser difícil. A convenção será marcada por manifestações contra o forte apoio do governo Biden a Israel na guerra em Gaza, uma política que é contestada por uma grande parcela dos delegados democratas. Protestos nas ruas podem invadir o salão da convenção. Caso isso aconteça, Paul Begala, um consultor democrata, disse que Kamala precisaria se distanciar da “franja de sua coalizão”. Ele acrescentou: “Isso é importante para defini-la como forte e parte do mainstream.”

Uma marcha na região da convenção foi registrada tarde desta segunda-feira, e um grupo que se autodenominava movimento “Abandon Biden” realizou um evento para se renomear como “Abandon Harris”. O grupo argumentou que a incapacidade da vice-presidente de se diferenciar da forma como Biden lidou com a guerra não era aceitável.

Convenção democrata deverá ser marcada por manifestações contra o apoio do governo Biden a Israel na guerra em Gaza. Foto: Scott Olson/AFP

Participações

O evento apresenta uma lista de estrelas democratas atuais e antigas, além do que os organizadores descrevem como “pessoas comuns”. Hillary Clinton deve discursar na noite de segunda-feira, e os pensamentos sobre o que poderia ter sido não passarão despercebidos por ninguém no salão. Em 2016, Trump a derrotou em sua tentativa de ser a primeira mulher presidente, uma derrota que alguns democratas argumentaram ser, pelo menos em parte, um sinal da relutância dos americanos em eleger uma mulher para o cargo mais alto do país. Agora é Kamala quem busca romper essa barreira, e Hillary será vista como passando o bastão para ela.

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O ex-presidente Barack Obama e sua esposa Michelle discursarão na terça-feira, 20.

Especulações sobre a participação de artistas como Beyoncé ou Taylor Swift aumentam o barulho em torno do evento que, no final, será uma plataforma única para Kamala, que tem o desafio de conquistar um eleitorado que não necessariamente a conhece muito bem.

Próxima geração

Os democratas têm uma forte lista de candidatos que passaram o ano principalmente “na selva”, relutantes em desafiar Biden nas primárias. Alguns estavam se posicionando para concorrer em 2028 ou para entrar na disputa caso Biden desistisse. Mas a rapidez com que o partido se uniu em torno de Kamala depois que Biden anunciou que não tentaria um segundo mandato os impediu de entrar na disputa, e caso Kamala vença em novembro, 2028 também pode ser complicado.

A convenção dará a esses candidatos, muitos deles relativamente jovens, uma oportunidade de construir apoio entre democratas e doadores importantes, caso decidam concorrer no futuro. Discursos, cafés da manhã com delegações estaduais e eventos pós-convenção oferecerão aos possíveis candidatos uma chance de se destacar.

Convenção Democrata oficializará candidatura de Kamala Harris na corrida presidencial.  Foto: Brynn Anderson/AP

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Quatro governadores — Josh Shapiro da Pensilvânia, Gretchen Whitmer de Michigan, Gavin Newsom da Califórnia e JB Pritzker de Illinois — junto com Pete Buttigieg, o secretário de transporte, foram mencionados como potenciais futuros candidatos democratas à Casa Branca.

E Trump?

Historicamente, o partido opositor fica em silêncio durante a convenção da outra parte, mas não há a expectativa de que Trump fique totalmente quieto eesta semana. Ele está planejando comícios em todos os dias da convenção em Estados-chave — Pensilvânia, Michigan, Carolina do Norte e Arizona, onde espera visitar a fronteira entre os EUA e o México em Montezuma Pass na quinta-feira, o dia em que Kamala fará seu discurso de aceitação./NYT e AFP.

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