EUA, Alemanha e UE retiram equipes diplomáticas do Haiti diante da crise de segurança no país

Porto Príncipe, capital haitiana, vive uma das piores ondas de violência dos últimos anos, com gangues armadas atacando locais estratégicos em protesto ao governo de Ariel Henry

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Por Redação

Com a onda de violência desencadeada por gangues na capital Porto Príncipe, no Haiti, Estados Unidos, Alemanha e membros da delegação da União Europeia deram início à retirada de suas equipes diplomáticas no país no domingo, 10.

“O aumento da violência de gangues nas proximidades da embaixada e do aeroporto dos EUA levou o Departamento de Estado a tomar medidas para permitir a saída de pessoal adicional” da sede diplomática, escreveu a embaixada dos Estados Unidos em um comunicado.

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Anteriormente, porta-vozes militares dos EUA disseram que uma “operação foi conduzida para aumentar a segurança” na Embaixada dos EUA em Porto Príncipe.

O embaixador alemão no Haiti, assim como outros diplomatas europeus, deixaram Porto Príncipe no domingo, informou o Ministério das Relações Exteriores em Berlim. “Devido à situação de segurança muito tensa no Haiti, o embaixador alemão e o representante permanente em Porto Príncipe partiram hoje para a República Dominicana juntamente com representantes da delegação da UE (União Europeia)”, disse um porta-voz do ministério à AFP.

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Há dias, Haiti, o país mais pobre das Américas, vive uma de suas piores crises de violência. Quase 3 mil presos fugiram das prisões, e moradores estão 'confinados'. Foto: AP Foto/Odelyn Joseph

“É uma cidade sitiada”

No sábado, 9, o chefe da Organização Internacional para as Migrações (OIM), Philippe Branchat, afirmou que os moradores de Porto Príncipe estão vivendo confinados. “A capital está cercada por grupos armados e perigosos”, disse ele. “É uma cidade sitiada.” Com o caos crescente, corpos foram vistos nas ruas de Porto Príncipe.

Segundo a OIM, 362 mil pessoas — mais de metade das quais são crianças — estão atualmente deslocadas no Haiti, um número que cresceu 15% desde o início do ano. As gangues atacam há vários dias delegacias de polícia, tribunais e duas prisões, de onde escapou quase a maioria dos 3.800 presos.

A assistência médica está seriamente comprometida, com “hospitais atacados por gangues e que tiveram que evacuar o pessoal médico e os pacientes, incluindo recém-nascidos”, segundo a OIM.

A ONG Mercy Corps alertou para os riscos de fornecimento de alimentos no país mais pobre das Américas. “Com o fechamento do aeroporto internacional, a pequena ajuda que o Haiti está recebendo atualmente pode não chegar mais”, alertou a organização na quinta-feira, 7. E “se não houver acesso a esses contêineres, o Haiti em breve passará fome”.

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A aliança das nações caribenhas convocou enviados dos EUA, Canadá e da ONU para uma reunião nesta segunda-feira na Jamaica, para tratar do Haiti.  Foto: AP Foto/Odelyn Joseph

Propostas de soluções

O chefe da diplomacia dos EUA, Anthony Blinken, e o presidente do Quênia discutiram a crise atual e “ressaltaram o seu compromisso inabalável com o envio de uma missão multinacional de apoio à segurança”, disse um porta-voz do Departamento de Estado no sábado.

Por sua vez, o presidente de El Salvador, Nayib Bukele, ofereceu-se no domingo para “consertar” a crise de insegurança no Haiti, embora não tenha especificado como. “Podemos consertar isso. Mas precisaremos de uma resolução do Conselho de Segurança da ONU, do consentimento do país anfitrião e de todas as despesas da missão para cobrir”, escreveu Bukele na rede social X.

Referindo-se a um vídeo sobre a violência no Haiti que republicou em sua conta, Bukele afirmou que em seu país “os ‘especialistas’ disseram que não poderiam ser derrotados, porque eram uma ‘parte intrínseca de nossa sociedade’. Aniquilamos”, escreveu o presidente salvadorenho.

A aliança das nações caribenhas (Caricom) convocou enviados dos Estados Unidos, França, Canadá e da ONU para uma reunião nesta segunda-feira, 11, na Jamaica para tratar da questão da violência e da assistência ao Haiti. O vice-presidente da Guiana, Bharrat Jagdeo, afirmou que buscarão “trazer a ordem e restaurar a fé no povo do Haiti”./AFP.

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