Ex-funcionário da Boeing que criticou publicamente segurança de aviões é encontrado morto nos EUA

Barnett revelou à BBC em 2019 que um quarto dos modelos 787 Dreamliner poderiam enfrentar problemas nos sistemas de oxigênio de emergência; polícia investiga o caso e não descarta suicídio

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação

CHARLESTON, EUA - John Barnett, um antigo funcionário da Boeing conhecido por ter criticado publicamente os níveis de produção da fabricante de aviões, foi encontrado morto, na segunda-feira, 11, segundo a rede britânica BBC e o portal americano TMZ, citando autoridades da Carolina do Sul, nos Estados Unidos. A polícia investiga o caso e não descarta a hipótese de suicídio.

PUBLICIDADE

Barnett trabalhou para a Boeing durante 32 anos, até sua aposentadoria em 2017. Nos dias que antecederam sua morte, ele havia testemunhado em um processo contra a Boeing, segundo a BBC. Ele tornou-se conhecido em 2019, quando revelou para a BBC que a Boeing havia acelerado a produção de seus aviões Boeing 787 Dreamliner — modelo de aeronave do incidente em um voo da Latam na segunda-feira, 11 na Nova Zelândia— colocando em risco a segurança dos passageiros.

De acordo com ele, os sistemas de oxigênio de emergência desenhados para o Dreamliner 787 teriam um índice de falha de 25%. Isso implicava que um em quatro aviões deste modelo teria potencial de perder o oxigênio rapidamente em caso de uma descompressão súbita da cabine, o que poderia colocar em perigo os passageiros.

Ele compartilhou esses detalhes com a BBC baseando-se em sua experiência como gerente de qualidade em uma fábrica da Boeing em North Charleston, na Carolina do Sul, onde eram produzidas as aeronaves Dreamliner 787, que costumam ser usadas especialmente em voos de longa distância.

Publicidade

Na época, a Boeing negou suas acusações. Porém, uma avaliação da Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos (FAA, na sigla em inglês) corroborou algumas das preocupações levantadas por Barnett.

Barnett trabalhou para a Boeing durante 32 anos, até sua aposentadoria em 2017. Nos dias que antecederam sua morte, ele havia testemunhado em um processo contra a Boeing. Foto: REUTERS/Brendan McDermid/Arquivo

Em um comunicado enviado à BBC, a Boeing expressou tristeza pela morte de seu ex-funcionário. “Estamos entristecidos pelo falecimento do senhor Barnett e enviamos nossas condolências a sua família e amigos”, disse a empresa. Por sua vez, o advogado de Barnett descreveu sua morte como “trágica”.

No momento da morte, Barnett se encontrava em Charleston para testemunhar no caso contra a Boieng. Na semana passada, havia sido interrogado tanto pelos advogados da Boeing como pelos seus próprios advogados. Era previsto que ele voltasse a comparecer no sábado para responder a mais perguntas, mas não compareceu à audiência. Posteriormente, foi encontrado sem vida em sua camionete no estacionamento do hotel onde estava hospedado.

A morte de John Barnett acontece em um momento em que a Boeing está sob escrutínio das autoridades dos Estados Unidos pelo processo de fabricação dos aviões de modelo 737-9 MAX, depois de um incidente em janeiro no qual um dos plugues de porta se desprendeu em pleno voo./EFE.

Publicidade

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.