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Ucrânia está usando mísseis de longo alcance enviados secretamente pelos EUA, dizem autoridades

Legisladores americanos estavam exigido o país enviasse as armas, sem saber que elas já se estavam com o Exército ucraniano

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Por Redação

WASHINGTON — Os Estados Unidos enviaram secretamente na semana passada um novo sistema de mísseis de longo alcance para a Ucrânia, que já foi utilizado pelas forças ucranianas para atacar um campo de aviação militar russo na Crimeia e contra tropas russas no sudeste, de acordo com fontes do governo americano.

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Há muito tempo solicitados pelos líderes ucranianos, os novos mísseis ATACMS tem capacidade de percorrer até 300 quilômetros e dão à Ucrânia quase o dobro da distância do ataque que o país conseguia com a versão de médio alcance, a qual recebeu dos Estados Unidos em outubro. Uma das autoridades disse que os EUA estão fornecendo mais desses mísseis no novo pacote de ajuda militar assinado pelo presidente Joe Biden nesta quarta-feira.

De acordo com as fontes, que falaram sob condição de anonimato pelo envio não ter sido anunciado oficialmente, Biden aprovou secretamente a decisão de enviar mais de 100 mísseis de longo alcance em meados de fevereiro. Eles faziam parte de um carregamento de armas de US$ 300 milhões para a Ucrânia em março, o primeiro novo pacote de ajuda ao país desde que o financiamento terminou no final de dezembro.

A Ucrânia foi forçada a racionar as suas armas e tem enfrentado crescentes ataques russos. O país de Volodmir Zelenski tem implorado pelos mísseis de longo alcance porque dão uma capacidade crítica de atingir alvos russos mais distantes, pertmitindo que as forças ucranianas permaneçam fora de perigo.

A informação sobre a entrega foi mantida tão em segredo que legisladores têm exigido nos últimos dias que os Estados Unidos enviem as armas — sem saber que elas já se estavam na Ucrânia.

Na terça-feira, a Ucrânia usou mísseis de longo alcance para atacar as tropas russas na cidade portuária de Berdiansk, no Mar de Azov, disse um dos funcionários. Já na quarta-feira passada, grandes incêndios e explosões foram relatados em um campo de aviação militar em Dzhankoi, na Crimeia, outro alvo do ATACMS, segundo as fontes.

EUA temiam escalada do conflito

Durante meses, os Estados Unidos resistiram ao envio de mísseis de longo alcance à Ucrânia, devido à preocupação que Kiev pudesse usá-los para atingir profundamente o território russo, provocando Moscou e agravando o conflito. Esse foi um dos principais motivos pelos quais o governo enviou a versão de médio alcance, com alcance de cerca de 160 quilômetros, em outubro.

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O almirante Christopher Grady, vice-presidente do Estado-Maior Conjunto, disse que a Casa Branca e os planejadores militares analisaram cuidadosamente os riscos de fornecer armas de longo alcance à Ucrânia e determinaram que agora era o momento certo para fornecê-los.

Mísseis ATACMS tem capacidade de percorrer até 300 quilômetros e dão à Ucrânia quase o dobro da distância do ataque que o país conseguia com a versão de médio alcance Foto: John Hamilton/U.S. Army via AP, arquivo

Grady disse à agência Associated Press que as armas de longo alcance ajudarão a Ucrânia a eliminar os nós logísticos russos e as concentrações de tropas que não estão nas linhas de frente. Ele se recusou a identificar quais armas específicas estavam sendo fornecidas, mas disse que elas seriam “muito disrruptivas se usadas corretamente, e estou confiante de que serão”.

Assim como muitos dos outros sistemas de armas sofisticados fornecidos à Ucrânia, a administração ponderou se o seu uso poderia criar o risco de uma nova escalada do conflito. O governo Biden continua deixando claro que as armas não podem ser utilizadas para atingir alvos na Rússia — apenas aqueles dentro do território ucraniano ocupado, segundo uma das autoridades.

“Acho que é o momento certo, e o chefe (Biden) tomou a decisão de que é o momento certo para fornecê-los com base em onde a guerra está agora”, disse Grady na quarta-feira. “Acho que foi uma decisão muito bem pensada, e nós realmente a exploramos ao máximo — mas, de novo, sempre que você introduz um novo sistema, qualquer mudança — em um campo de batalha, você tem que pensar na natureza escalada disso.”

As autoridades ucranianas não reconheceram publicamente o recebimento ou uso de ATACMS de longo alcance. Ma, ao agradecer ao Congresso pela aprovação do novo pacote ajuda na terça-feira, Zelenski observou, em uma postagem no X, que “as capacidades de longo alcance, a artilharia e a defesa aérea da Ucrânia são ferramentas extremamente importantes para a rápida restauração de uma paz justa”.

Uma das autoridades americanas disse que o governo Biden alertou a Rússia no ano passado que se Moscou adquirisse e utilizasse mísseis balísticos de longo alcance na Ucrânia, Washington forneceria a mesma capacidade a Kiev.

A Rússia conseguiu alguns destes armamentos com a Coreia do Norte e os utilizou no campo de batalha na Ucrânia, disse o responsável, o que levou a administração Biden a dar luz verde aos novos mísseis de longo alcance.

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Estoque é limitado

Com a guerra agora se encaminhando para um terceiro ano, a Rússia usou o atraso das entregas de arma dos Estados Unidos para em sua própria vantagem, para intensificar os ataques no leste da Ucrânia. O país de Vladimir Putin tem utilizado cada vez mais bombas planadoras guiadas por satélite — lançadas por avião de uma distância segura — para atacar as forças ucranianas assoladas pela escassez de tropas e munições.

Oficiais militares americanos dizem que o arsenal de ATACMS dos EUA é relativamente pequeno. Apenas cerca de 4 mil ATACMS foram fabricados desde 1980. Foto: U.S. Army via The New York Times

Os mísseis de médio alcance fornecidos no ano passado, e alguns dos de longo alcance enviados recentemente, transportam munições cluster que se abrem no ar quando disparadas, liberando centenas de bombas em vez de uma única ogiva. Outros enviados recentemente são de ogiva única.

Outro fator crítico na decisão de março de enviar as armas foi a capacidade do Exército dos EUA de começar a substituir os antigos ATACMS. O Exército está agora comprando o míssil Precision Strike, por isso está mais confortável tirando o ATACMS das prateleiras para fornecê-lo à Ucrânia, disse uma das fontes.

Oficiais militares americanos dizem que o arsenal de ATACMS dos Estados Unidos é relativamente pequeno, e os mísseis foram destinados a outros planos de guerra do Pentágono, em locais como a Península Coreana. Apenas cerca de 4 mil ATACMS foram fabricados desde que o míssil foi desenvolvido na década de 1980, segundo a Lockheed Martin, fabricante do sistema./Associated Press e The New York Times.

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