O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, determinou nesta sexta-feira, 10, uma série de sanções contra o Irã, uma forma de punição econômica pelos ataques iranianos com mísseis contra as forças dos EUA no Iraque. O ataque às bases iraquianas foi uma resposta à execução do general Qassim Suleimani.
O anúncio das sanções foi feito pelo Secretário de Estado americano, Mike Pompeo, e pelo Secretário do Tesouro, Steve Mnuchin, e têm como alvo altos funcionários do governo e setores-chave da economia iraniana, e devem cortar bilhões de dólares em fundos para o governo.
Além de detalhar as sanções, os dois informaram que a Casa Branca rejeitou um novo pedido do Iraque para retirar suas tropas do país. Em vez disso, o Departamento de Estado afirmou que negociará apenas um novo papel para as forças americanas.
Mike Pompeo disse que as sanções vão atingir não apenas a economia local, mas também o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, e a cúpula do governo, entre eles oito líderes políticos do país. Pompeo não detalhou exatamente quais seriam essas medidas.
O presidente iraniano, Hassan Rohani, disse no mês passado que a "guerra econômica" das sanções dos EUA privou Teerã de US$ 100 bilhões em receita de petróleo e outros US$ 100 bilhões em investimentos. Segundo algumas estimativas, a economia do Irã contraiu mais de 10% no ano passado.
Mas enquanto o estrangulamento econômico forçou o Irã a adotar um "orçamento de resistência" que provocou protestos generalizados e uma repressão do governo, a dor foi sentida principalmente pelos iranianos comuns, em vez de funcionários do governo.
O governo Trump acredita que as sanções contra o alto escalão do Irã vão pressionar o governo iraniano a renegociar o acordo nuclear, reduzir seu programa de desenvolvimento de mísseis e impedir o patrocínio de milícias nos países vizinhos.
"Queremos que o Irã se comporte como uma nação normal", disse o secretário de Estado Mike Pompeo, que se juntou a Mnuchin na Casa Branca.
Mas diplomatas estrangeiros e analistas do Irã dizem que Teerã mostra poucos sinais de que está disposto a ceder à pressão dos EUA.
Os americanos tentam isolar ainda mais os setores de petróleo, financeiro e marítimo do comércio internacional e investimentos iranianos.
Novo papel no Iraque
Além de aumentar a pressão sobre o Irã, o governo americano decidiu dobrar a aposta no Iraque, ignorando os pedidos do primeiro-ministro, Adel Abdul Mahdi, para que os dois países elaborem um cronograma de retirada das tropas americanas. Ainda nesta sexta-feira, Mahdi pediu a Pompeo o envio de uma delegação para discutir o assunto em Bagdá.
O Departamento de Estado, porém, rejeitou o pedido. Segundo Pompeo, qualquer funcionário americano que vá a Bagdá não discutirá a retirada dos 5,2 mil militares que estão no Iraque. Em vez disso, as discussões seriam sobre um “novo papel para as forças americanas no país”.
“Estamos felizes em continuar a conversar com os iraquianos sobre qual seria a estrutura militar certa”, disse Pompeo. Para o secretário de Estado, a missão dos EUA no Iraque é treinar as forças iraquianas para combater os terroristas do Estado Islâmico. “E continuaremos essa missão.” / W.Post, NYT e REUTERS e AP
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