Estados Unidos: proprietários de funerária admitem ‘abuso de cadáver’ em quase 200 casos

Odor forte leva polícia a descobrir os corpos armazenados de forma inadequada nas instalações da empresa

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Por Hank Sanders (The New York Times)

Um casal que possuía duas funerárias no Colorado confessou sua culpa, na sexta-feira, 22, em múltiplas acusações de abuso de cadáver, mais de um ano após a descoberta de 191 corpos em decomposição em suas instalações, informou a polícia.

Jon e Carie Hallford, proprietários da Return to Nature Funeral Home, localizada em Colorado Springs e Penrose, podem enfrentar penas de 15 a 20 anos de prisão após admitirem sua culpa em 191 acusações criminais de abuso de cadáver no Tribunal do Condado de El Paso, disse o promotor distrital Michael Allen, do 4º Distrito Judicial do Colorado, em uma entrevista coletiva. A sentença está marcada para abril.

Um carro funerário e destroços podem ser vistos na parte de trás da Return to Nature Funeral Home, em 5 de outubro de 2023, em Penrose, Colorado Foto: Jerilee Bennett/The Gazette via AP

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A Return to Nature oferecia serviços de sepultamento ecológico, que incluíam caixões biodegradáveis, cestos ou mortalhas. No entanto, em outubro do ano passado, um odor forte levou os investigadores à unidade de Penrose, onde encontraram mais de 190 corpos armazenados de forma inadequada nas duas funerárias. O casal foi preso em novembro.

“O impacto sobre essas famílias foi imenso”, disse Allen. Ele destacou que os Hallfords enganaram famílias enlutadas e que “ter alguém violando essa confiança é algo do qual provavelmente nunca se recuperarão”.

Além disso, os Hallfords se declararam culpados no mês passado, em tribunal federal, de conspiração para cometer fraude eletrônica, por desviarem mais de US$ 800 mil em fundos de auxílio da pandemia de Covid-19 da Small Business Administration, informou o escritório do procurador dos EUA para o Distrito do Colorado. Eles podem enfrentar até 20 anos de prisão federal.

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Joias da Tiffany & Co. e viagens

Segundo documentos judiciais, o casal usou o dinheiro destinado a enterros ou cremações para pagar viagens, joias da Tiffany & Co. e compras na Amazon. Além disso, os Hallfords arrecadaram mais de US$ 130 mil de clientes por serviços funerários que nunca foram realizados.

Em vez de entregar cinzas de entes queridos aos familiares, o casal fornecia urnas preenchidas com mistura de concreto e até enterrava corpos trocados em cemitérios. Algumas das vítimas descobertas nas funerárias datavam de 2019.

Para esconder a coleção macabra de corpos, o casal impedia a entrada de pessoas nos prédios, cobria janelas e portas e mentia sobre a origem do mau cheiro.

Em 2021, o Colorado tornou-se o segundo Estado dos EUA, após Washington, a legalizar a compostagem humana, permitindo que corpos sejam transformados em solo. No entanto, é o único estado que não exige educação, certificação ou licenciamento para funcionários do setor funerário, segundo legisladores estaduais.

O caso motivou um movimento no legislativo do Colorado para criar um processo de licenciamento para profissionais funerários no Estado.

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c.2024 The New York Times Company

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