Estados Unidos transferem 11 detentos da prisão de Guantánamo para Omã

O anúncio é parte do esforço do presidente Joe Biden durante suas últimas semanas no cargo para reduzir o número de pessoas detidas na prisão de segurança máxima

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Por Redação

O governo dos Estados Unidos libertou mais 11 detentos da prisão militar americana de Guantánamo, localizada na baía de mesmo nome, em Cuba. Os homens, todos nativos do Iêmen, foram enviados para Omã, anunciou o Pentágono nesta segunda-feira, 6. A medida diminui o número de detentos no local para 15.

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Ao longo dos anos, a notória prisão no sudeste da ilha cubana manteve cerca de 780 homens, todos eles detidos em meio à campanha de “guerra ao terror” global que se seguiu após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001. O anúncio desta segunda é parte do esforço do presidente Joe Biden durante suas últimas semanas no cargo para reduzir o número de pessoas detidas em Guantánamo.

A penitenciária secreta, que para grande parte do mundo veio a simbolizar uma subversão da justiça pelos Estados Unidos, continua a dividir Washington. Democratas e republicanos discordam sobre o futuro do local.

Torre de controle da base naval da prisão de Guantánamo, em Cuba  Foto: Alex Brandon/AP

No mês passado, o governo Biden libertou quatro homens da prisão, incluindo dois malaios que se declararam culpados de envolvimento em um complô terrorista no Sudeste Asiático e agora cumprirão suas sentenças de prisão na Malásia, além de um tunisiano e um queniano que nunca foram acusados.

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O governo também está buscando repatriar, para uma prisão iraquiana, um detento iraquiano gravemente incapacitado que se declarou culpado de envolvimento terrorista, segundo informações do jornal americano The New York Times. Os advogados do detento, Abd al-Hadi al-Iraqi, processaram o governo dos EUA para evitar a transferência, argumentando que ele não estará seguro ou receberá cuidados médicos adequados no Iraque.

Transferências

O Congresso dos EUA proibiu o governo americano de transferir detentos de Guantánamo para o continente americano e bloqueou a repatriação par determinados países, incluindo o Iêmen, nacionalidade de grande parte dos presos. Após anos de guerra civil, o país do Oriente Médio continua desestabilizado, e transferir detentos para ele pode representar um risco à segurança, dizem autoridades.

Em uma declaração divulgando a transferência dos homens para Omã, o Pentágono caracterizou a libertação como um “reassentamento”. Um grupo anterior de detentos de Guantánamo transferidos para Omã recebeu moradia, acesso a benefícios de assistência social — incluindo assistência médica, empregos e carros — e assistência para começar ou se reunir com famílias.

Os Estados Unidos dizem exigir que os países destinatários garantam que certas medidas de segurança serão seguidas. O Pentágono disse na segunda-feira que após uma “análise completa e interinstitucional por profissionais de carreira”, os 11 iemenitas foram considerados elegíveis “consistentes com os interesses de segurança nacional dos Estados Unidos”.

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Entre os transferidos estava Khalid Qasim, que chamou atenção anos atrás depois que a arte realizada na prisão foi exibida em Nova York. Tom Wilner, um dos advogados de Qasim, disse que estava “muito feliz que Khalid seja um homem livre”, mas condenou o que chamou de “injustiça terrível” que ele sofreu.

“A tortura a que ele foi submetido ao longo de suas duas décadas de detenção sem julgamento envergonha os Estados Unidos da América”, disse Wilner em uma declaração.

Os esforços de repatriação foram complicados às vezes pela oposição política em Washington e pela falta de governos estrangeiros dispostos — ou capazes — de acolher suspeitos de terrorismo, muitos dos quais passaram a maior parte de suas vidas adultas em Guantánamo e frequentemente sofrem de graves doenças mentais e físicas.

Omã tem sido um dos parceiros mais confiáveis de Washington no reassentamento de Guantánamo, tendo acolhido anteriormente várias dezenas de outros ex-detentos. No entanto, o sultanato irritou ativistas de direitos humanos no ano passado quando expulsou um grupo anterior de 28 ex-detentos iemenitas, junto com suas famílias, e os enviou de volta ao Iêmen devastado pela guerra. Observadores sugeriram na época que a mudança poderia estar ligada ao esforço do governo para garantir um novo acordo de transferência.

Funcionários do governo Biden defenderam as ações de Omã, observando que o reino nunca se comprometeu a hospedar ex-detentos de Guantánamo “indefinidamente”. /ASSOCIATED PRESS

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