A milícia religiosa Taleban, do Afeganistão, ordenou a todas as mulheres de organizações internacionais de ajuda que trabalham no país asiático destruído pela guerra que não dirijam veículos, alegando que isto "contraria as tradições afeganes". Uma carta do ministério para a Promoção da Virtude e a Prevenção do Vício pediu ao ministério de Relações Exteriores que "informe às relevantes agências assistenciais estrangeiras que no futuro as mulheres estrangeiras não poderão conduzir automóveis". A carta diz que as mulheres que dirigem veículos "contrariam as tradições afeganes e têm um impacto negativo na sociedade". Os talebans, um milícia religiosa que controla 95% do território do Afeganistão, proibiram as mulheres afeganes de dirigir, trabalhar e receber educação. Chefes religiosos talebans disseram que sua intenção é apenas a de cumprir as leis do Islã, e citaram o fato de que as mulheres afeganes nunca tiveram autorização para dirigir no país, mesmo antes de o Taleban assumir o controle da nação em 1996. Esta última restrição do Taleban não afetará muitas mulheres, em vista de as Nações Unidas e várias organizações não-governamentais empregarem motoristas homens para dirigir seus veículos no Afeganistão. Mas a porta-voz da ONU no vizinho Paquistão, Stephanie Bunker, disse que algumas organizações menores poderão ser afetadas pela medida. Hoje mesmo, uma mulher que trabalha em uma organização assistencial em Cabul e pediu para não ser identificada disse que dirigir era uma exigência de sua função. A norma baixada pelo Taleban se segue a outras medidas recentemente impostas pelo grupo - como a segregação dos hinduístas, e o fechamento de várias padarias da ONU onde trabalhavam mulheres - que provocaram críticas internacionais e o estremecimento das relações entre a milícia no poder e as Nações Unidas.
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