Estudantes pressionam Casa Branca a controlar venda de armas
Eles exigem um maior controle na venda de armas nos EUA, principalmente dos fuzis de assalto, o mais usado em assassinatos em massa
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Por Cláudia Trevisan, CORRESPONDENTE e WASHINGTON
Há quase 11 anos, Abigail Spangler organizou manifestações em defesa do controle de armas em reação ao ataque a tiros que deixou 32 mortos na universidade Virginia Tech, nos EUA. Ontem, sua filha de 16 anos, Eleanor Nuechterlein, liderou protesto de estudantes secundaristas em frente à Casa Branca para exigir uma resposta do Congresso e do presidente Donald Trump ao massacre de 17 pessoas em uma escola da Flórida.
O tempo que separou os dois eventos foi marcado pela inação dos parlamentares americanos diante da proliferação de armas nos EUA, em especial dos fuzis de estilo militar que passaram a ser o instrumento preferido dos que atiram indiscriminadamente contra multidões. “Não queremos ser conhecidos como a geração dos ataques em massa nas escolas. Queremos ser conhecidos como a geração que fez alguma coisa a respeito disso”, afirmou Nuechterlein.
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A adolescente disse temer que sua escola um dia seja alvo de um ataque a tiros. A demanda mais imediata dos estudantes é a verificação de antecedentes em todas as venda de armas no país. Atualmente, as que são realizadas entre particulares ou em feiras estão isentas de qualquer controle. Segundo estudo publicado no ano passado, 22% das transações ocorrem sem verificação de antecedentes.
Outra reivindicação é o fim da comercialização de fuzis de assalto de estilo militar, que foram proibidos nos EUA de 1994 a 2004. “Nós não podemos ter armas de guerra nas nossas ruas”, ressaltou Spangler.
No protesto de segunda-feira, dia 19, adolescentes se deitaram em frente à Casa Branca para simbolizar a morte das 17 vítimas do ataque na Flórida. Também gritaram palavras de ordem contra o Congresso, a Associação Nacional do Rifle (NRA) e Trump, que não estava em Washington.
A entidade representa o lobby pró-armas dos EUA e foi especialmente ativa nas eleições de 2016, quando fez a maior doação de sua história à candidatura de Trump. O presidente retribuiu com uma defesa irrestrita da 2.ª Emenda da Constituição, que trata do porte de armas.
Ataque em escola na Flórida mata 17
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Ataque em escola na Flórida mata 17
O jovem Nikolas Cruz, de 19 anos, matou 17 pessoas em uma escola na Flórida na quarta-feira 14. Ele estudou no local e, segundo testemunhas, era descr... Foto: AP Photo/Joel AuerbachMais
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O xerife Scott Israel, do Condado de Broward, responsável pela região, afirmou que o suspeito usou um rifle AR-15 contra os estudantes Foto: Mark Wilson/Getty Images/AFP
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Segundo relatos, Cruz usava máscara de gás, um chapéu preto e calça e blusa marrons no momento do ataque Foto: AFP PHOTO / Michele Eve Sandberg
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Ele seria integrante de grupos pró-armas nas redes sociais e teria participado de debates na internet sobre fabricação de bombas Foto: AFP PHOTO / Michele Eve Sandberg
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O atirador chegou ao colégio Marjory Stoneman Douglas no horário de saída dos alunos. Antes de atacar, ele disparou o alarme de incêndio, justamente p... Foto: Saul Martinez/The New York TimesMais
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Ele foi preso sem apresentar resistência na cidade vizinha de Coral Springs, cerca de uma hora após deixar a escola Foto: John McCall/South Florida Sun-Sentinel via AP
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Nikolas Cruz foi acusado formalmente de 17 homicídios premeditados. Um promotor público do Estado apresentou as acusações no dia seguinte ao ataque Foto: Mike Stocker-South Florida Sun-Sentinel via AP
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Segundo autoridades, o agressor comprou a arma usada no massacre legalmente. Era conhecido como um jovem amante das armas que havia sido expulso do co... Foto: ReutersMais
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Nikolas Cruz tinha problemas familiares e perdeu a mãe adotiva recentemente, antes de se mudar para a casa de amigos, onde apresentava um comportament... Foto: ReutersMais
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Cruz e seu irmão biológico, Zachary, são filhos adotivos. Seus pais os adotaram depois de terem se mudado de Nova York para a Flórida, nos anos 1990 Foto: Michele Eve Sandberg/AFP
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Cruz chegou a receber tratamento psicológico por um tempo, mas desistiu das sessões há mais de um ano, segundo o prefeito do Condado de Broward, Beam ... Foto: Cristóbal Herrera/EFEMais
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A família está cooperando com as investigações e não é suspeita de colaborar com o ataque, segundo o relato do advogado que a representa Foto: Mike Stocker/South Florida Sun-Sentinel via AP
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O presidente dos EUA, Donald Trump, atribuiu o ataque a um distúrbio mental e à falta de vigilância Foto: AFP PHOTO / Michele Eve Sandberg
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Trump não mencionou em momento algum a questão do controle sobre a venda de armas de fogo Foto: Reuters
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Nascido em setembro de 1998, Cruz (centro) havia publicado nas redes sociais mensagens "muito alarmantes", indicou o xerife Scott Israel Foto: AFP PHOTO / AFP TV / Miguel GUTTIEREZ
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Um dia antes do ataque, o jovem (foto) postou um vídeo em uma rede social afirmando que "coisas ruins vão acontecer amanhã" (quarta-feira) Foto: Broward County Sheriff/Handout via REUTERS
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Um estudante entrevistado pela emissora local WSVN-7 explicou que o jovem era "um menino com problemas" que possuía armas em casa e falava em usá-las.... Foto: Instagram via APMais
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Outro estudante entrevistado pela emissora WJXT afirmou que era previsível que Cruz cometesse um ataque.A foto foi postada pelo agressorem sua conta n... Foto: Instagram via APMais
Os estudantes prometem manter a mobilização. Para o dia 14, está convocada uma saída em massa das salas de aula por 17 minutos, em memória das vítimas da Flórida. Dez dias mais tarde, os adolescentes pretendem marchar em Washington e outras cidades americanas para exigir controles sobre a venda de armas.