WASHINGTON - A Marinha dos Estados Unidos afirma que forças do Irã apreenderam um navio-tanque de bandeira do Panamá, nesta quarta-feira, 3, no Estreito de Ormuz. Trata-se do segundo episódio do tipo em menos de uma semana na região, segundo os americanos.
Os EUA pediram ao Irã que libere “imediatamente” o petroleiro com bandeira panamenha. “Nós nos unimos à comunidade internacional para pedir ao governo iraniano e à Marinha iraniana que liberem imediatamente o barco e sua tripulação”, disse o porta-voz-adjunto do Departamento de Estado, Vedant Patel.
O navio Niov” navegava de Dubai para o porto de Fujairah, também nos Emirados Árabes Unidos, quando foi perseguido por navios do corpo naval da Guarda Revolucionária, o exército ideológico da República Islâmica, informou a 5ª Frota dos EUA, que encontra-se no Bahrein.
Os navios iranianos “o forçaram a dar meia-volta e seguir em direção às águas territoriais iranianas”, continuou o comunicado. A Marinha americana postou um vídeo do navio cercado por uma dúzia de navios.
O portal online da Justiça iraniana, Mizan Online, indicou que “o promotor de Teerã anunciou que o navio Niovi foi apreendido pela Marinha da Guarda Revolucionária após uma denúncia e uma ordem da autoridade judicial”.
A bordo do navio estavam cerca de 30 tripulantes, incluindo o capitão, um cidadão grego, e vários marinheiros de origem filipina e cingalesa, disse à agência de notícias France Presse uma porta-voz da guarda costeira grega.
Em 27 de abril, os militares iranianos apreenderam um petroleiro com bandeira das Ilhas Marshall com destino aos EUA no Golfo de Omã. O Irã afirmou que o navio havia tentado fugir após uma “colisão” com um barco iraniano, deixando feridos. De acordo com o site TankerTrackers.com, o petroleiro ainda está no porto iraniano de Bandar Abbas.
De acordo com a empresa britânica de segurança marítima Ambrey, esses incidentes ocorreram depois que as forças americanas apreenderam um petroleiro grego que transportava petróleo iraniano no mês passado.
“As autoridades gregas alertaram para os riscos crescentes para os navios gregos”, disse Ambrey, observando que o navio Niovi também pertence a uma empresa grega.
Padrão familiar
Os incidentes nesta área têm aumentado desde que, em 2018, os EUA se retiraram unilateralmente do acordo internacional que visa limitar o programa nuclear iraniano, impondo novas sanções contra a República Islâmica, especialmente contra o seu setor petrolífero.
“O que estamos vendo é um retorno ao padrão muito familiar da pressão das sanções americanas e da contrapressão iraniana que levou a ataques frequentes à infraestrutura marítima e energética” durante o mandato do ex-presidente Donald Trump, analisou Torbjorn Soltvedt, da empresa de informações de risco Verisk Maplecroft.
“A mensagem que o Irã enviou hoje é a mesma de antes: Teerã está pronta para se defender contra os esforços dos americanos para conter as exportações iranianas de petróleo”, acrescentou.
O Irã intimidou ou atacou 15 navios mercantes nos últimos dois anos, informou a Marinha dos EUA nesta quarta-feira.
Em 2019, a Guarda Revolucionária apreendeu um petroleiro de bandeira britânica, liberando-o dois meses depois. Em 2022, uma flotilha da Marinha iraniana apreendeu brevemente dois navios militares americanos não tripulados no Mar Vermelho./AP e AFP
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