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EUA: primeiro manifestante a invadir Capitólio em 2021 é condenado a mais de 4 anos de prisão

Michael Sparks enfrenta acusações criminais de obstrução de um processo oficial e de desordem civil, além de várias acusações de contravenção

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Foto do author Katharina Cruz

Michael Sparks, de 47 anos, o primeiro manifestante a invadir o Capitólio dos Estados Unidos em 6 de janeiro de 2021, foi condenado na terça-feira, 27, a mais de quatro anos de prisão. Em março, um júri federal considerou Sparks culpado de acusações criminais de obstrução de um processo oficial e de desordem civil, além de várias acusações de contravenção por estar nas dependências do edifício do Capitólio em 6 de janeiro. Nesta terça, o juiz Timothy J. Kelly, do Tribunal Distrital dos EUA em Washington, o sentenciou a 53 meses de prisão e ordenou que ele pague uma multa de US$ 2 mil (cerca de R$ 11 mil). As informações são da BBC.

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O ataque ao Capitólio ocorreu quando partidários do então presidente Donald Trump protestavam contra o resultado da eleição presidencial e invadiram o local na tentativa de impedir a certificação oficial do resultado, que apontou o atual presidente, Joe Biden, como o vencedor.

Na audiência de sentença, Sparks disse ao juiz que ainda acredita em falsas teorias de que a eleição de 2020 foi roubada de Donald Trump. “Sou um cidadão americano que acredita até hoje que estamos em tirania”, disse ele, de acordo com relatos da mídia dos EUA. “Estou arrependido porque o que aconteceu naquele dia não ajudou ninguém. Estou arrependido porque nosso país está no estado em que está”, completou. Segundo o The New York Times, Sparks ficará em liberdade supervisionada por três anos após o fim de sua pena de prisão.

Michael Sparks, o primeiro apoiador de Donald Trump a entrar no Capitólio em 6 de janeiro de 2021, deixa o tribunal federal em Washington na terça-feira, 27.  Foto: Mark Schiefelbein/AP

De acordo com a BBC, uma acusação de obstrução de um processo oficial contra Sparks foi retirada após uma decisão da Suprema Corte que limitou o uso da lei contra manifestantes do Capitólio. Mas, em outras acusações, o juiz Timothy J. Kelly deu a Sparks uma sentença mais severa do que as diretrizes sugeriam – menos de dois anos – dizendo que Sparks não percebeu totalmente o impacto de suas ações. “Eu realmente não acho que você tenha compreendido a gravidade total do que aconteceu naquele dia e, francamente, a seriedade total do que você fez”, disse o juiz a ele.

Sparks, usando um colete à prova de balas, entrou no Capitólio por uma janela quebrada e pulou no chão pouco depois das 14h00, do horário local, em 6 de janeiro, depois que Donald Trump discursou para uma multidão próxima em Washington. Um policial do Capitólio dos EUA testemunhou no julgamento que viu Sparks entrar no prédio, mas optou por não sacar sua arma e atirar. Um vídeo mostrou que Sparks se juntou a um grupo que perseguiu um policial do Capitólio escada acima e gritou “Esta é a nossa América!”, deixando o prédio cerca de 10 minutos depois. Ele foi preso algumas semanas depois do tumulto.

A BBC afirma que os advogados de Sparks pediram um ano de prisão domiciliar e argumentaram que ele, apesar de ter entrado primeiro no Capitólio, não era um líder do movimento, mas sim foi envolvido pelos acontecimentos. Os promotores, no entanto, pediram uma sentença de 57 meses de prisão.

“Pode-se dizer que Sparks ajudou a atear fogo naquele dia, usando sua preparação e planejamento - incluindo seu colete à prova de balas - para se proteger dos policiais que tentavam conter a multidão”, escreveu a equipe de promotoria em um memorando pré-sentença.

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A investigação sobre a invasão do Capitólio continua enquanto as autoridades prendem e processam mais participantes, aponta a BBC. Quase 1.500 pessoas foram acusadas em conexão com o tumulto. Quase 900 se declararam culpadas de vários crimes e mais de 180 foram condenadas em julgamento, de acordo com os últimos números do departamento de justiça dos EUA divulgados no início deste mês. Segundo a BBC, Trump prometeu perdoar alguns ou todos os manifestantes, a quem chamou de “reféns” e “prisioneiros políticos”, mas não deu detalhes sobre quem ele libertaria ou os critérios que usaria.

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