A Ucrânia e os Estados Unidos estão se aproximando de um acordo que concederia a Washington uma parte das receitas de Kiev provenientes de recursos naturais, disse nesta segunda-feira, 24, o presidente americano Donald Trump e uma autoridade do governo ucraniano.
Trump disse que Volodmir Zelenski pode ir à Casa Branca nesta semana ou na próxima para assinar o acordo. “O acordo está sendo trabalhado agora. Eles estão muito próximos de um acordo final”, disse Trump.
Mais cedo, a vice-primeira-ministra da Ucrânia, Olha Stefanishyna, postou no X que “as equipes ucraniana e norte-americana estão nas fases finais das negociações sobre o acordo de minerais”.
Uma versão do acordo que estava em discussão nesta segunda-feira, acessada pelo The New York Times, continha termos mais favoráveis à Ucrânia do que as versões anteriores, mas não incluía as garantias de segurança que Kiev tem solicitando para impedir novas agressões russas.

O pedido de garantias de segurança apoiadas pelos EUA tem sido uma demanda permanente de Zelenski. A ausência de qualquer garantia foi uma das razões pelas quais o líder ucraniano se recusou a assinar acordos de rascunho anteriores.
Quatro pessoas, que foram informadas sobre o acordo e falaram sob condição de anonimato, disseram que esses eram os termos sendo discutidos. Duas das pessoas disseram que as negociações ainda estavam em andamento na noite desta segunda-feira. Os termos do acordo, portanto ainda podem evoluir.
A questão da riqueza mineral está ligada a divergências sobre ajuda dos EUA à Ucrânia, e sobre como acabar com a guerra. Zelenski disse que a Ucrânia deve ter armas ocidentais e apoio em qualquer acordo de paz, para evitar um futuro ataque russo, enquanto o Trump insistiu que a guerra deve acabar rapidamente, sem oferecer tais garantias de segurança.
“Este acordo econômico com a Ucrânia não será uma garantia de ajuda futura para a guerra, nem incluirá qualquer comprometimento de pessoal dos EUA na região”, disse um funcionário da Casa Branca.
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O rascunho visto pelo The Times não incluía mais uma exigência dos EUA de que a Ucrânia se comprometesse a dar aos Estados Unidos US$ 500 bilhões em receitas geradas por recursos naturais, incluindo petróleo, gás e minerais. A Casa Branca descreveu o pedido como uma compensação pela ajuda militar e financeira americana, mas a Ucrânia se opôs, dizendo que isso criaria um enorme fardo financeiro para as próximas futuras.
A Ucrânia também não seria obrigada a reembolsar o dobro do valor da futura ajuda americana, uma das condições de um rascunho anterior.
Sob os termos desta versão do acordo, a Ucrânia abriria mão de metade de suas receitas da futura monetização de recursos naturais. Essas receitas seriam direcionadas a um fundo no qual os Estados Unidos deteriam a porcentagem máxima de interesse financeiro permitida pela lei dos EUA, mas não necessariamente tudo.
Essas disposições são uma melhoria para a Ucrânia. Um rascunho de acordo anterior datado do último sábado dizia que os EUA teriam 100% de interesse no fundo e que a Ucrânia contribuiria para ele com receitas de projetos atuais e futuros de extração de recursos naturais.
O novo rascunho do acordo, em vez disso, diz que o fundo reinvestirá as receitas na Ucrânia — embora ainda não esteja claro qual porcentagem — e será projetado para atrair mais investimentos. Ele também diz que os Estados Unidos manterão o suporte de longo prazo para o desenvolvimento econômico da Ucrânia.
A Casa Branca argumentou que a mera presença de interesses econômicos americanos na Ucrânia impediria futuras agressões russas, mesmo sem garantias específicas estipuladas no acordo.
“O que de melhor você poderia ter para a Ucrânia do que estar em uma parceria econômica com os Estados Unidos?” disse na última sexta-feira Mike Waltz, o conselheiro de segurança nacional dos EUA.