Os Estados Unidos ordenaram o envio de um submarino para o Oriente Médio para defender Israel caso o Irã decida retaliar o assassinato de Ismail Haniyeh, líder do grupo terrorista Hamas, ocorrido em Teerã. O envio foi anunciado no domingo, 11, pelo porta-voz de Defesa americano, o major-general Patrick Ryder, depois de o secretário Lloyd Austin e o equivalente israelense, Yoav Gallant, conversarem.
O anúncio é visto como incomum e indica a gravidade da crise no Oriente Médio desde a morte de Ismail Haniyeh, que expôs falhas de segurança do Irã. O Pentágono não costuma informar os movimentos de submarino.
Ryder ainda acrescentou uma ordem de Lloyd para acelerar o envio de um porta-aviões e reiterou o pedido anterior de mais caças e navios de guerra com mísseis para a região. A frota se junta a outros navios de guerra que estão no Golfo de Omã, próximo ao Irã.
Os envios reforçam a defesa israelense e dissuadem o Irã de retaliar Israel, com o risco de ampliar a guerra na região para um conflito aberto entre os dois países. “[Na ligação, o secretário Lloyd Austin] reiterou o compromisso dos EUA de tomar todas as medidas possíveis para defender Israel”, afirmou o porta-voz Patrick Ryder.
Apesar de Israel não ter se responsabilizado abertamente pela morte de Haniyeh, Teerã acusa-os de serem os autores e, segundo o jornal americano The Washington Post, as autoridades israelenses informaram aos EUA a autoria. Desde então, o Irã afirma que não vai deixar impune a morte ocorrida em seu território. “O Irã fará com que as agressões do regime israelense custem caro em uma ação legítima e forte”, disse em comunicado no domingo o chanceler iraniano em exercício, Ali Bagheri.
A isso se soma as ameaças do grupo militante Hezbollah, sediado no Líbano e aliado do Irã, que teve um de seus comandantes, Fuad Shakur, assassinado em um ataque israelense nos subúrbios de Beirute em julho.
Israel comunicou ao Irã e ao Hezbollah que atacar centros populacionais civis seria considerado uma linha vermelha para uma guerra ampla na região.
As defesas israelenses se preparam para diversos cenários, incluindo um ataque coordenado entre a milícia libanesa e o Irã, segundo o ex-funcionário do Conselho de Segurança Nacional de Israel e hoje membro do Instituto de Estudos de Segurança Nacional, Yoel Guzansky. Guzansky também disse que Israel considera realizar um novo ataque contra o Hezbollah, mas que essa decisão estaria condicionada à aprovação dos Estados Unidos.
Crise no Oriente Médio
Comunidade internacional pressiona por cessar-fogo
A gravidade da situação no Oriente Médio fez com que a comunidade internacional aumentasse os pedidos de acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas, que pode diminuir as tensões em toda a região. Lloyd também teria tratado desse assunto com Gallant, informou Ryder.
Na quinta-feira, Israel enviará uma delegação a Doha, no Catar, para discutir a proposta de cessar-fogo apoiada pelos EUA em maio, segundo uma autoridade israelense informou ao The Washington Post. A proposta recebeu o endosso de países como o Reino Unido, a França e a Alemanha. As três nações informaram que não deve haver “mais demora” no acordo e pediram ao Irã e aos aliados que se abstenham de ataques contra Israel.
Apesar da pressão, os ataques israelenses na Faixa de Gaza continuam mortais e atingindo civis depois de dez meses de guerra. No sábado, 93 palestinos foram mortos em uma escola religiosa onde estavam abrigados, de acordo com as autoridades de saúde da Faixa de Gaza. Não se sabe se havia combatentes do Hamas entre as vítimas.
O chefe da missão da ONU na Faixa de Gaza (UNRWA, na sigla em inglês), Philippe Lazzarini, disse no domingo que mais de 75 mil pessoas foram deslocadas no sudoeste da Faixa de Gaza nos últimos dias por medo dos ataques de Israel, que voltaram a considerar uma área do sul de Gaza como “zona de combate perigosa” e ordenaram a retirada de civis.
Durante a conversa que os secretários de Defesa fizeram no domingo, houve pedidos por parte de Lloyd Austin para “mitigar os danos civis”, segundo disse o porta-voz americano. As duas autoridades falaram sobre a importância disso para o cessar-fogo ser alcançado e os reféns restantes que estão na Faixa de Gaza serem libertados. Nas duas rodadas de negociação anteriores, o primeiro-ministro israelense Binyamin Netanyahu se recusou a assinar o plano. /W.P, AP, NYT
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