Trump ordena ataque dos EUA contra tropas sírias apoiadas pela Rússia

Após acusar governo de Damasco de utilizar armas químicas contra civis, presidente americano autoriza ação militar com dezenas de mísseis Tomahawk lançados de destróieres no Mediterrâneo; bombardeio representa mudança na estratégia do país

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Por Cláudia Trevisan, correspondente e Washington

WASHINGTON - Os EUA fizeram na quinta-feira, 6, sua primeira ofensiva militar direta contra posições do governo Bashar Assad na Síria, em retaliação ao ataque com armas químicas que provocou a morte de cerca de 100 pessoas na terça-feira. O bombardeio contra pistas de pouso, aviões e centrais de abastecimento representa uma guinada na posição do governo de Donald Trump. Na semana passada, ele declarou que o afastamento do dirigente sírio havia deixado de ser uma prioridade para Washington.

O ataque também representa um contraste com a posição menos intervencionista defendida pelo presidente durante a campanha, quando repetiu que os EUA não poderiam ser a “polícia do mundo” e deveriam colocar questões domésticas em primeiro lugar. Na noite de quinta, Trump disse que combater o uso de armas químicas faz parte da defesa de “interesses de segurança nacional vitais” dos EUA. “Esse não foi um ataque pequeno”, afirmou o chefe do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, H.R. McMaster - 59 mísseis Tomahawk foram lançados contra a Síria.

 

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O presidente disse que o alvo dos mísseis lançados pelos EUA foram pistas de pouso usadas pelos aviões que realizaram os ataques químicos de terça-feira. Esse mesmo tipo de ação havia sido defendido horas antes por Hillary Clinton, a democrata derrotada por Trump na eleição de novembro.

“Na noite de hoje, eu conclamo todas as nações civilizadas a se unirem a nós na busca de um fim da matança e do derramamento de sangue na Síria e também para acabar com o terrorista de todos os tipos e formas”, afirmou Trump. Segundo a Associated Press, a TV estatal síria noticiou o ataque contra vários alvos militares do país e o classificou de “agressão”.

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Na tarde de quinta, Trump já havia dado indicações de que estava inclinado a agir. “Eu acho que o que Assad fez é terrível. Eu acho que o que aconteceu na Síria é um crime verdadeiramente grave. Isso não deveria ter acontecido”, afirmou o presidente em entrevista a bordo do Air Force One a caminho da Flórida, onde recebeu o presidente da China, Xi Jinping. “Eu acho que o que aconteceu na Síria é uma desgraça para a humanidade. Ele (Assad) está lá, e acredito que ele no comando, portanto alguma coisa tem de acontecer.”

Parlamentares republicanos e democratas elogiaram a decisão de agir contra Assad. “Essa ação na Síria foi apropriada e justa”, declarou o presidente da Câmara dos Deputados, Paul Ryan. O líder do Partido Democrata no Senado, Chuck Schumer, elogiou o profissionalismo dos militares que conduziram a operação. “Assegurar que Assad saiba que quando comete atrocidades abjetas como essa ele pagará um preço é a coisa certa a fazer.”

Trump fala em Mar-a-Lago, Palm Beach, sobre o ataque dos EUA à Síria Foto: Alex Brandon/AP Photo

Guinada. O ataque químico também parece ter provocado uma mudança de posição de Trump em relação à Rússia, principal aliada do regime sírio. Durante a campanha e depois de sua posse, o presidente manifestou o desejo de cooperar com Vladimir Putin e o próprio Assad no combate ao terrorismo.

“Claramente, a Rússia fracassou em suas responsabilidades. Ou a Rússia foi cúmplice ou foi simplesmente incompetente em sua habilidade de cumprir sua parte do acordo”, disse Tillerson, em relação à negociação coordenada por Moscou em 2013 depois de outro ataque químico que deixou quase 1.500 mortos.

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Na época, Assad se comprometeu a entregar todo o seu arsenal de armas químicas à comunidade internacional. No início da madrugada, o Pentágono afirmou que as forças russas no território sírio foram alertadas com antecedência sobre o ataque. A base atacada era compartilhada por tropas sírias e russas. Logo após a operação, não havia informação sobre feridos ou mortos.

A ofensiva de quinta contrasta com a posição adotada pelo ex-presidente Barack Obama naquela época, quando ameaçou atacar a Síria e voltou atrás depois do acordo fechado por Moscou. Meses antes, ele havia dito que esse tipo de ação por parte do regime sírio cruzaria uma “linha vermelha” e teria resposta dos EUA.

Na terça-feira, a Casa Branca responsabilizou Obama pelas ações de Assad. “O ataque químico de hoje (terça-feira) na Síria contra pessoas inocentes, incluindo mulheres e crianças, é lamentável e não poder ser ignorado pelo mundo civilizado”, disse o porta-voz do presidente, Sean Spicer.

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