WASHINGTON - Os bombardeios dos Estados Unidos no Iêmen mataram vários líderes houthi, informou a Casa Branca neste domingo, 16. Apoiado pelo Irã, o grupo rebelde ameaça responder aos ataques.
O conselheiro de Segurança Nacional, Michael Waltz, afirmou que os ataques visaram e eliminaram vários líderes houthi. Em entrevistas à imprensa americana neste domingo, ele disse ainda que os Estados Unidos advertiram o Irã contra o apoio aos rebeldes: “Já basta”.

Parte do “Eixo da Resistência” iraniano, o grupo causou transtornos ao comércio global com uma série de ataques no Mar Vermelho em meio ao conflito no Oriente Médio. Ao anunciar a operação americana, Trump ordenou aos houthi que parassem. Caso contrário, disse, veriam o “inferno” como nunca antes.
Os ataques americanos atingiram redutos dos rebeldes no Iêmen, incluindo a capital Sanaa. Pelos menos 31 pessoas morreram e 101 ficaram feridas, segundo o Ministério da Saúde dos houthi, que controlam grande parte do país há mais de uma década.
Os rebeldes ameaçaram retaliar e disseram que os ataques americanos não ficarão sem resposta. “Nossas Forças Armadas estão prontas para responder escalada por escalada”, disse o escritório político dos houthi em comunicado.
Por sua vez, o Irã condenou os ataques contra o Iêmen, que classificou como “bárbaros”, e advertiu que adotaria represálias contra qualquer ofensiva. Mas negou as alegações americanas de que teria envolvimento na tomada de decisões no Iêmen.
“Sempre declaramos - e declaramos novamente - que os iemenitas são uma nação independente e livre em sua própria terra, com uma política nacional independente”, disse o comandante da Guarda Revolucionária Hossein Salaman.
“As guerras sempre trouxeram derrotas militares vergonhosas para a arrogância global e para os EUA, mas eles ainda não aprenderam a lição”, declarou o militar. “Avisamos a todos os inimigos que enfrentaremos qualquer ameaça e responderemos com ainda mais força”.
Assim como o Hamas e o Hezbollah, os houthi integram o chamado “Eixo da Resistência”, a coalizão de milícias apoiadas pelo Irã. Desde o início da guerra na Faixa de Gaza, os rebeldes têm lançado ataques com drones e mísseis contra navios no Mar Vermelho e no Golfo de Aden.

De acordo com o Pentágono, os navios de guerra dos EUA foram atacados 174 vezes e as embarcações comerciais 145 vezes desde 2023, colocando pressão em uma rota marítima que normalmente recebe 12% do tráfego marítimo mundial.
Os ataques foram interrompidos durante o frágil cessar-fogo na Faixa de Gaza, mas os houthi anunciaram a intenção de retomar os disparos contra navios que considerassem vinculados a Israel, depois que a entrega de ajuda humanitária no enclave palestino foi bloqueada.
Em longa publicação na sua rede, a Truth Social, o presidente americano Donald Trump anunciou uma ação militar “poderosa e decisiva” contra os houthi. “O ataque dos Houthi a navios americanos não será tolerado. Usaremos força letal avassaladora até atingirmos nosso objetivo”, escreveu.

A publicação terminava com um recado direto ao Irã: “O apoio aos terroristas Houthi deve terminar IMEDIATAMENTE! NÃO ameace o povo americano, seu presidente, que recebeu um dos maiores mandatos da história presidencial, ou as rotas marítimas mundiais. Se o fizerem, CUIDADO, pois os Estados Unidos os responsabilizarão totalmente e não seremos gentis com isso!”
Diante da exigência, o general Hussein Salami, comandante da Guarda Revolucionária do Irã, declarou que o país “não busca a guerra, mas se alguém o ameaçar, dará respostas apropriadas, determinadas e definitivas”.
Pressão sobre programa nuclear iraniano
Trump enviou o recado ao Irã em meio à pressão para substituir o acordo nuclear que ele mesmo abandonou no primeiro governo. No mês passado, o presidente americano enviou uma carta ao líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, propondo negociações. Em caso de recusa, alertou, a questão poderia ser tratada “militarmente”.
Teerã respondeu que não negociaria sob “ameaças”.
O conselheiro de Segurança Nacional, Michael Waltz, foi categórico sobre o assunto. “O Irã não pode ter uma arma nuclear. Todas as opções estão sobre a mesa para garantir que isso não aconteça”, disse à ABC neste domingo. “Não podemos viver em um mundo com aiatolás com o dedo no botão nuclear”, acrescentou.
Teerã insiste que seu programa nuclear tem fins pacíficos, embora tenha enriquecido urânio em grau próximo ao militar. Sob o acordo fechado por Barack Obama, em 2015, o Irã só podia enriquecer urânio até 3,67% de pureza e manter um estoque de 300 kg. Em troca, os Estados Unidos aliviaram as sanções. O chamado Plano de Ação Integral Conjunto foi abandonado por Donald Trump, em 2018. Desde então, Teerã tem avançado com o seu programa nuclear.
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O último relatório da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) apontou que o Irã acumulou 8.294,4 kg de urânio e está enriquecendo parte dele a 60%, nível próximo dos 90% necessários para fabricar armas nucleares.
As agências de inteligência dos EUA avaliam que o Irã ainda não iniciou um programa de armas nucleares, mas “realizou atividades que o colocam em uma posição melhor para produzir um artefato nuclear, caso decida fazê-lo.”/COM AFP