EUA preparam campanha militar contra os Houthis; Netanyahu rejeita acordo por reféns

Governo Biden aponta que quer atacar a infraestrutura militar do grupo iemenita para reduzir os ataques no Mar Vermelho e restaurar a normalidade no comércio marítimo

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Por Redação

O governo do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, está elaborando uma campanha militar contra os Houthis no Iêmen, depois de 10 dias de ataques a infraestrutura do grupo iemenita, que não conseguiram deter os ataques do grupo a navios no Mar Vermelho, aumentando a possibilidade de uma intervenção no país do Oriente Médio que poderia arrastar Washington para outro conflito na região.

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O aprofundamento do ciclo de violência é um revés no objetivo do governo do democrata de reduzir as tensões na região após o início da guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza. No sábado, 20, o Irã culpou Tel-Aviv por um ataque em Damasco, capital da Síria, que matou cinco militares iranianos.

Em Israel, o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu rejeitou o que disse serem condições apresentadas pelo grupo terrorista Hamas para a libertação dos reféns israelenses em Gaza– incluindo o fim da guerra e a retirada das forças israelenses do enclave palestino. Concordar com estes termos e deixar o Hamas no poder em Gaza seria “um golpe mortal para a segurança de Israel”, disse ele no domingo, 21.

Operação contra os Houthis

Funcionários do governo Biden afirmaram ao Washington Post sob condição de anonimato que o desejo de Washington é de minar a capacidade militar dos Houthis e reduzir os ataques ao transporte marítimo no Mar Vermelho e no Golfo de Áden.

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Apoiadores dos Houthis participam do funeral de um soldado do grupo iemenita no dia 20 de janeiro  Foto: Yahya Arhab / EFE

“Temos clareza sobre quem são os Houthis e sua visão de mundo”, disse um alto funcionário dos EUA sobre o grupo, que o governo Biden designou esta semana como uma organização terrorista. “Portanto, não temos certeza se eles irão parar imediatamente, mas certamente estamos tentando degradar e destruir suas capacidades”.

Biden reconheceu esta semana que os ataques até agora não conseguiram desencorajar os ataques dos Houthis, que prometeram vingança contra os Estados Unidos e o Reino Unido, cujos militares contribuíram para os ataques no Iémen.

As autoridades dizem que não esperam que a operação se prolongue por anos, como nas guerras anteriores dos EUA no Iraque, no Afeganistão ou na Síria. Ao mesmo tempo, reconhecem que não podem identificar qualquer data final ou fornecer uma estimativa de quando a capacidade militar do grupo iemenita será adequadamente diminuída.

Ataques no Mar Vermelho

Quando a guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas começou em 7 de outubro, os Houthis declararam seu apoio aos terroristas do Hamas e disseram que atacariam qualquer navio que viajasse para Israel ou saísse de lá. O grupo apontou que estava atacando as embarcações em solidariedade ao povo palestino.

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Desde novembro, os Houthis lançaram pelo menos 27 ataques com drones e mísseis contra embarcações no Mar Vermelho e no Golfo de Aden que, segundo eles, estariam indo em direção a portos israelenses ou saindo deles. Os ataques foram repudiados por diversos países do Ocidente e segundo o Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, prejudicaram navios ligados a mais de 40 países.

As maiores empresas de contêineres do mundo, a MSC e a Maersk, disseram que estão evitando a região, e as empresas de transporte ficam com opções difíceis. O redirecionamento das embarcações ao redor da África acrescenta mais 4.000 milhas e 10 dias às rotas de navegação, além de exigir mais combustível.

“Não estamos tentando derrotar os Houthis. Não há apetite para invadir o Iémen”, disse um diplomata próximo do assunto. “O desejo é degradar a sua capacidade de lançar este tipo de ataques no futuro, e isso envolve atingir a infraestrutura que permite este tipo de ataques e atingir as suas capacidades de nível superior.”

As autoridades ocidentais acreditam que o equipamento mais avançado é fornecido pelo Irã. Os Estados Unidos esperam que os ataques, em conjunto com a sua operação para acabar com o fluxo de armas enviadas via Teerã para Saná, façam com que o grupo iemenita pare de ameaçar o comércio marítimo mundial.

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Netanyahu rejeita acordo por reféns

Em Israel, por sua vez, Netanyahu voltou a rejeitar um acordo para libertar os reféns do Hamas. “Só a vitória total garantirá a eliminação do Hamas e o regresso de todos os nossos reféns”, disse Netanyahu em um comunicado, acrescentando que enfatizou esta posição em uma ligação com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, no final de semana.

A guerra começou quando terroristas do Hamas invadiram o território israelense no dia 7 de outubro e mataram 1.200 pessoas, além de terem levado mais de 240 reféns para a Faixa de Gaza. Após o pior ataque terrorista da história de Israel e o pior contra judeus desde o Holocausto, as forças israelenses iniciaram uma ofensiva militar na Faixa de Gaza com bombardeios aéreos e invasão terrestre que deixou mais de 25 mil mortos, segundo o ministério da Saúde de Gaza, que é controlado pelo Hamas.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, se encontra com o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, em Tel-Aviv, Israel  Foto: Kenny Holston/NYT

Em seu pronunciamento no domingo, o primeiro-ministro também reforçou que é contra a criação de um Estado palestino, em desacordo com as posições de Biden sobre o tema.

A sua declaração foi feita no momento em que o Wall Street Journal apontou que EUA, Catar e Egito estão pressionando Israel e o grupo terrorista Hamas a concordarem com um acordo no qual todos os reféns seriam libertados antes de uma eventual retirada total das forças militares de Israel em Gaza.

O Hamas libertou mais de 100 reféns em Novembro, em um acordo negociado pelo Catar, em troca de uma pausa de sete dias nos combates e da libertação de mais de 200 presos palestinos. Israel acredita que mais de 100 sequestrados ainda estão em Gaza. Na semana passada, um acordo envolvendo a entrega de medicamentos vitais a reféns israelenses foi feito com a mediação do Catar e da França./com W.Post

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