EUA pressionam Israel e Hezbollah para evitar expansão de guerra para o Líbano

Funcionário do governo Biden assumiu papel diplomático informal de mediação entre as duas partes, alertando o Hezbollah que os EUA não seriam capazes de conter Israel em caso de guerra

PUBLICIDADE

Por Julian E. Barnes (The New York Times), Aaron Boxerman (The New York Times) e Michael Crowley (The New York Times)

WASHINGTON - Os Estados Unidos estão no meio de uma intensa pressão diplomática para evitar uma guerra total entre Israel e as forças do Hezbollah no Líbano, à medida que crescem os riscos de que ambos os lados possam iniciar um conflito regional mais amplo.

PUBLICIDADE

Nos últimos dias, as autoridades dos EUA pressionaram representntes do governo israelense e transmitiram mensagens aos líderes do Hezbollah com o objetivo de evitar um conflito regional mais amplo que temem que possa atrair tanto o Irã como os Estados Unidos.

O ministro da defesa de Israel, Yoav Gallant, se encontrou com vários funcionários do governo Biden em Washington esta semana, em grande parte para discutir a escalada de tensões na fronteira norte de Israel com o Líbano. Essa seguiu-se a uma realizada na semana passada pelo conselheiro de segurança nacional de Israel, Tzachi Hanegbi, e seu ministro de assuntos estratégicos, Ron Dermer.

Também na semana passada, um alto funcionário da Casa Branca, Amos Hochstein, que assumiu um papel diplomático informal na mediação entre os dois lados, visitou Israel e o Líbano. Hochstein alertou o Hezbollah, que é apoiado pelo Irã, que os Estados Unidos não seriam capazes de conter Israel caso este se comprometesse com uma guerra total.

Publicidade

Rivais há décadas, Israel e Hezbollah têm frequentemente trocado fogo ao longo da fronteira norte de Israel. Depois do ataque liderado pelo grupo terrorista Hamas, em 7 de outubro, ter desencadeado uma ofensiva violenta de Israel em Gaza, o Hezbollah começou a disparar contra Israel, principalmente contra alvos militares israelenses, para demonstrar solidariedade com o Hamas, que também é apoiado pelo Irã.

Os combates se intensificaram nas últimas semanas em paralelo com a diminuição das operações em Gaza.

O cenário de pesadelo para as autoridades americanas seria uma escalada em que, pela segunda vez, o Irã e Israel trocassem ataques diretos. Num novo episódio, os Estados Unidos podem não serem capazes de controlar a escalada da retaliação como fizeram em abril.

Veículo blindado da ONU, em Kfar Kila, Líbano. À medida que escalada cresce na fronteira, EUA temem guerra regional. Foto: Diego Ibarra Sánchez/The New York Times

Por enquanto, as autoridades dos EUA acreditam que tanto Israel como o Hezbollah prefeririam chegar a uma solução diplomática.

Publicidade

Durante a sua visita a Washington, Gallant disse a funcionários do governo Biden que Israel não queria uma guerra em grande escala com o Hezbollah, mas que estava preparado para atingir duramente o grupo se fosse provocado muito mais. Entre as autoridades que se reuniram com Gallant estavam Hochstein, o secretário de Estado Antony Blinken e o diretor da CIA, William Burns.

Amos Hochstein, funcionário do governo Biden, assumiu um papel diplomático informal de mediação entre Israel e o Hezbollah. Foto: Haiyun Jiang/The New York Times

O primeiro-ministro de Israel Binyamin Netanyahu está lidando uma crescente pressão política para restabelecer a segurança no norte de Israel, onde cerca de 60 mil moradores precisaram deixar suas casas. Muitos esperam voltar para a região antes do início do novo ano escolar em setembro, mas a maioria diz que não se sentirá segura o suficiente para voltar enquanto os ataques do Hezbollah continuarem.

Intensificando o risco está a incerteza entre Estados Unidos, Israel, Hezbollah e Irã sobre as verdadeiras intenções uns dos outros.

“Há a possibilidade de reverter esta mais recente escalada e expansão do conflito,” alertou Suzanne Maloney, diretora do programa de política externa na Instituição Brookings em Washington, D.C. “Mas existem quatro atores envolvidos em um perigoso jogo de provocação e a possibilidade de erro de cálculo é alta”. “Muitos em Washington e em outros lugares subestimaram a tolerância ao risco da atual liderança iraniana”, acrescentou.

Publicidade

Fumaça sobre no céu após ataque aéreo israelense, em Tiro, no Líbano, em 20 de maio. Foto: Diego Ibarra Sánchez/The New York Times
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.