EUA têm 49 crianças brasileiras detidas em abrigos

O mais novo é um menino de 5 anos, que está no Texas; cônsul-adjunto afirma que diplomatas brasileiros visitarão um dos centros na próxima semana

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Por Cláudia Trevisan, Correspondente e Washington

Pelo menos 49 crianças brasileiras foram separadas dos pais depois de entrarem nos Estados Unidos de maneira ilegal a partir do México. Enviadas a abrigos, elas estão detidas em diferentes Estados americanos. O maior número, 29, está concentrado em Chicago, cidade que está a quase 2.500 km da divisa com o México. A criança brasileira mais nova é um menino de 5 anos, que está no Texas.

A separação entre as crianças e os paispode durar meses, marcados por incerteza e medo. Foto: John Moore / Getty / AFP

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Segundo informações do Consulado do Brasil em Houston, um garoto de 8 anos tentou fugir nesta quarta-feira, 20, de um abrigo em Nova York, mas não teve sucesso. “Nós sabemos que as crianças estão traumatizadas”, disse o cônsul-adjunto na cidade texana, Felipe Santarosa. “Elas foram separadas dos pais e colocadas em um lugar no qual não conhecem a língua. Por mais que sejam bem-tratadas, é uma situação muito difícil.”

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Além das que estão colocadas em abrigos, há outros 25 menores brasileiros em um centro de detenção em San Antonio, no Texas, que estão acompanhados de suas mães - 21 no total. Santarosa disse que diplomatas brasileiros visitarão o local na próxima semana.

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A informação sobre as 49 crianças separadas dos pais foi enviada ao Consulado em Houston na sexta-feira pelo Departamento de Saúde e Serviços Humanos do governo dos EUA. A separação familiar é fruto da política de “tolerância zero” adotada pelo governo Donald Trump em abril, pela qual todos os que tentavam cruzar a fronteira de maneira ilegal eram processados criminalmente. Com isso, os pais passaram a ser enviados a prisões federais, que não têm acomodações para menores. 

Neste quarta-feira, Trump assinou decreto que determina que as famílias sejam mantidas unidas enquanto durar o processo criminal. Mas a orientação esbarra em um acordo judicial fechado em 1997 que, na prática, impede que crianças fiquem detidas por mais de 20 dias. O presidente determinou que o Departamento de Justiça peça a revisão da medida ao Judiciário. Se o pedido for negado, há o risco de uma nova crise de separação familiar, dependendo da reação do governo.

Depois de Chicago, o maior número de crianças brasileiras detidas está em Fênix, no Arizona. No abrigo Estrella del Norte há sete menores. Três são irmãos, de 8, 10 e 16 anos, cuja mãe está presa em uma cidade a 90 km de distância. Também há quatro adolescentes, um de 14 e três de 17 anos. O mais velho deles completará 18 anos no dia 24 e será transferido para um centro de detenção de adultos. 

O Consulado do Brasil em Miami informou que há pelo menos um menor separado dos pais na fronteira em abrigo na cidade. 

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Mas grande parte dos pais está presa no Texas, um dos Estados preferidos pelos imigrantes que cruzam a fronteira de maneira ilegal. Santarosa disse que o consulado está tentando identificar todas as crianças e determinar o paradeiro dos pais. O segundo passo é estabelecer contato entre eles.

A diretora do Departamento Consular de Brasileiros no Exterior do Itamaraty, Luiza Lopes, disse que uma das garantias que o governo brasileiro tem é o livre acesso às crianças que estão nos abrigos. 

“Nossa cônsul em Chicago visitou os menores várias vezes e fez a ponte deles com seus pais”, afirmou. “Mas, por mais que se tente amenizar a situação, ela trará consequências psicológicas para as crianças, principalmente as que são mais novas”, disse Luiza.

Em nota, o governo brasileiro expressou que acompanha com "muita preocupação" o aumento de casos de brasileiros separados de seus pais ou responsáveis que se encontram sob custódia em abrigos nos EUA. Segundo o Itamaraty, o ato configura uma "prática cruel" e em clara "dissonância com instrumentos internacionais de proteção aos direitos da criança". 

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