WASHINGTON — O governo de Joe Biden decidiu designar os rebeldes houthi, do Iêmen, como uma organização terrorista, reimpondo em partes as sanções que suspendeu há quase três anos ao grupo xiita apoiado pelo Irã, cujo ataques ao tráfego marítimo no Mar Vermelho provocaram uma resposta militar dos Estados Unidos.
Iniciando em meados de fevereiro, os Estados Unidos irão considerar os houthis como um grupo “terrorista global especialmente designado”, disse uma fonte do governo ao The New York Times. A medida irá bloquear o acesso do grupo ao sistema financeiro mundial, entre outras penalidades. A autoridade falou na condição de anonimato para discutir uma política que ainda não foi oficialmente anunciada.
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Mas as autoridades da administração de Biden não chegaram a aplicar uma segunda designação mais severa — a de “organização terrorista estrangeira” — que Donald Trump impôs aos houthis nos seus últimos dias de governo. O Departamento de Estado revogou ambas as designações logo após a posse do presidente Biden, no início de 2021, enquanto a administração procurava facilitar a importação de alimentos e ajuda humanitária para o Iêmen.
Esse passo a mais teria tornado mais fácil de processar criminalmente qualquer pessoa que fornecesse conscientemente aos houthis, dinheiro, equipamentos, treinamento ou qualquer outro “apoio material”. Mas grupos de ajuda dizem que isso também poderá dificultar a assistência humanitária ao país.
O movimento vem como uma resposta — e uma tentativa de interrupção — às semanas de ataques com drones e mísseis por parte dos houthis ao tráfego marítimo da costa do Iêmen. Esses ataques forçaram algumas empresas de navegação a refazerem as rotas de suas embarcações, provocando atrasos e elevando os custos de transportes em todo o mundo. Depois de emitir vários avisos aos houthis, Biden ordenou dezenas de ataques às instalações do grupo no Iêmen, embora as autoridades estadunidenses digam que eles mantêm a maior parte da sua capacidade de atacar o comércio do Mar Vermelho.
Mas a designação também reflete um esforço cuidadoso para encontrar um equilíbrio, para que proteja o fluxo de ajuda humanitária desesperadamente necessária ao povo do Iêmen, que tem sofrido duramente com fome, doenças e deslocamento durante mais de uma década de guerra civil depois que os houthis tomaram o capital do país em setembro de 2014.
Autoridades dos Estados Unidos temem que rotular os houthis como uma organização terrorista estrangeira possa fazer com que os grupos de ajuda parem de enviar suprimentos para áreas do Iêmen controladas pelos rebeldes, por medo de responsabilidade criminal ou outras sanções dos Estados Unidos.
Mas mesmo a designação mais baixa de grupo terrorista global poderia comprometer os esforços dos Estados Unidos e da Arábia Saudita para construir um acordo de paz duradouro para pôr fim ao conflito.
Seguindo a resposta militar de Israel ao ataque do grupo terrorista Hamas, na Faixa de Gaza, em 7 de outubro, os houthis têm mostrado solidariedade aos palestinos por meio de ataques a navios que eles acreditam pertencer a is. Os houthis, um grupo xiita de inspiração religiosa, professam ódio a Israel.
Discursando no Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, na terça-feira, 16, Jake Sullivan, o conselheiro de segurança nacional, disse que era importante sinalizar que “o mundo todo rejeita por completo a ideia de que um grupo como os houthis consiga basicamente sequestrar o mundo, como eles estão fazendo”./The New York Times.
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