Advogada e primeira-ministra da Estônia, Kaja Kallas é uma das vozes que defende a Ucrânia com mais veemência e pede pelo endurecimento das sanções contra a Rússia. Agora, a “dama de ferro” dos países bálticos despertou a ira do Kremlin, que a colocou em uma lista de procurados.
A líder liberal estoniana, de 46 anos, é primeira-ministra desde 2021, e nos últimos dois anos ganhou o apelido de “dama de ferro” da região e também da Europa, por exigir uma resposta contundente à agressão russa na Ucrânia, sem se importar com as represálias por parte do Kremlin.
Kallas nasceu na Estônia ocupada pelos soviéticos em 1977 e cresceu em um mundo que estava dividido pelo Muro de Berlim. A primeira-ministra da Estônia foi colocada em uma lista de procurados na Rússia devido aos seus esforços para remover monumentos da era soviética no país báltico, segundo informações fornecidas por autoridades russas nesta terça-feira, 13, em meio a tensões entre a Rússia e o Ocidente durante a guerra que Moscou trava com a Ucrânia.
Entretanto, a Rússia nunca tinha ido tão longe ao ponto de colocar um líder em exercício na lista de busca e captura, como fez agora com Kallas. Ela respondeu à Rússia que não deixará que a silenciem e que seguirá defendendo firmemente a Ucrânia, a segurança da Europa e a luta contra a propaganda russa.
Kallas não apenas pede sanções mais contundentes para a Rússia por parte da União Europeia, como também é uma das maiores defensoras da entrada da Ucrânia na Otan. Junto a Letônia e Lituânia, seu país planeja ainda a construção de uma linha de defesa báltica conjunta ao longo das fronteiras das três nações com a Rússia e com Belarus, pela ameaça de uma eventual agressão vinda do Kremlin.
Curiosamente, a líder da Estônia esteve sob pressão no verão passado depois que foi revelado que seu marido possuía parte de uma empresa que continuava negociando com a Rússia enquanto ela se tornava uma das maiores defensoras das sanções rigorosas contra Moscou e o apoio militar à Ucrânia.
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Filha de ex-primeiro-ministro
Kallas, que também é líder do Partido Reformista Liberal Centrista desde 2018, ao qual se juntou em 2011, está acostumada a lidar com desafios e crises não apenas externos, mas também internos. Mãe de três filhos, ela renunciou em 2022 depois de destituir os sete ministros do centro-esquerdista Partido de Centro por uma disputa sobre políticas de apoio às famílias, passando a liderar então um governo em minoria.
Desde o ano passado, ela lidera um governo de coalizão com o Esti 200 liberal e os sociodemocratas, que tem como objetivo aumentar a segurança e garantir um gasto em defesa de 3% do PIB nos próximos quatro anos. A política, que foi membro do Parlamento Estoniano (Riigikogu) entre 2011 e 2014, e novamente entre 2019 e 2021, com um período no meio como eurodeputada, também trabalhou como advogada e sócia de dois escritórios de advocacia, e foi assessora do diretor do Teatro Vanemuine.
Mas mais do que a advocacia, ela parecia destinada à política. Não à toa, é filha do ex-primeiro-ministro da Estônia Siim Kallas (2002-2003), que também foi vice-presidente da Comissão Europeia e comissário de Transportes.
Kallas, formada em Direito pela Universidade de Tartu e com pós-graduação na Escola de Negócios da Estônia, recebeu diversos prêmios nos últimos anos, como a Ordem de Segunda Classe do Príncipe Yaroslav, o Sábio, da Ucrânia em 2023. No ano passado, também foi reconhecida com o prêmio Mulher ao Poder, que reconhece o trabalho das mulheres para aumentar sua presença e participação na configuração da Europa e seu futuro./EFE
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