Ex-subdiretor da KGB duvida que Lee Harvey Oswald seja o assassino de Kennedy

Para Nikolai Leonov, Oswald reunia muitos atributos que o impossibilitariam de matar Kennedy, entre eles magreza e falta de habilidade com armas de fogo

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MOSCOU - Lee Harvey Oswald pode não ter sido o assassino do ex-presidente dos Estados Unidos John F. Kennedy, argumenta o ex-subdiretor da KGB Nikolai Leonov, que contou nesta sexta-feira, 27 à agência Efe ter encontrado Oswald no México, um mês antes da morte de Kennedy.

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De acordo com Leonov, a reunião aconteceu na embaixada da União Soviética (URSS), na qual Oswald teria insistido para fugir ao país. “Me disse que estava sendo perseguido, que queria voltar para salvar sua vida”, explicou o ex-membro da KGB. Oswald morou na URSS entre 1959 e 1962.     

Presidente John F. Kennedy e a primeira-dama Jacqueline em Washington, em 1961. Foto: The White House/John F. Kennedy Presidential Library via The New York Times

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Na opinião de Leonov, é muito improvável que Oswald tenha disparado os tiros contra Kennedy porque ele era um homem desgastado e muito magro, e que tremeu das mãos aos pés durante a conversa no México.

 Algumas semanas depois do encontro entre os dois, Oswald foi apontado como culpado pela morte de Kennedy. Mas Leonov acredita que Oswald tenha sido usado como bode expiatório, vítima de um complô ultraconservador, por ter vivido na URSS por três anos.

Leonov, que atuava no México e foi responsável por apresentar Fidel Castro e Ernesto Che Guevara ao Kremlin antes da revolução em Cuba, destacou que Oswald afirmou várias vezes que estava sendo "pressionado por forças escuras que não podia explicar". "Ele estava tão nervoso que foi incapaz de escrever a solicitação", disse o ex-agente, ao lembrar da visita à embaixada soviética que era conhecida pela CIA, como os mostram os documentos até então secretos que perderam o sigilo na quinta-feira 26 por ordem do presidente Donald Trump.

O ex-agente da KGB explicou a Oswald na ocasião que, por se tratar de um cidadão americano que acabava de voltar da União Soviética, receber um visto e obter a cidadania soviética seria um processo que demoraria. "Não dependia da embaixada. Era uma decisão que correspondia ao Soviete Supremo. Conversamos por não mais que uma hora. Com dissemos que não, ele foi embora todo zangado. Foi depois à embaixada cubana e recebeu a mesma resposta", afirmou.

“Com Kennedy morto, era preciso matar Oswald, já que, nas primeiras declarações, ele garantiu que nunca atirou contra o presidente. Esse pobre rapaz não tinha nada contra Kennedy”, afirmou Leonov à Efe, lembrando ainda que Oswald carregava uma arma apenas por acreditar que estava sempre sendo perseguido. "Ele me mostrou o revólver. Pensava que alguém o esperava a cada esquina para matá-lo. Fazia reflexões sem lógica, sem fundamento. Sofria de uma demência evidente".

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Kennedy foi atingido por rápidos disparos enquanto estava em um carro em Dallas, o que, na visão de Leonov, é mais uma evidência de que Oswald não foi o culpado. “Eu pratiquei tiro esportivo, sei o que é disparar com uma arma com um alvo a 100, 200 metros. É preciso treino e saúde. Esse rapaz não cumpria nenhum dos requisitos", disse Leonov.

Hoje historiador, Leonov afirma ter dado diversas entrevistas à imprensa americana sobre o dia em que se reuniu com Oswald no México, mas que nunca viu nada ser publicado. “Disse a eles para me trazerem uma Bíblia para que eu jurasse sobre o livro sagrado que a história era uma mentira. Oswald não matou Kennedy. Eles não quiseram me ouvir", acrescentou Leonov, colocando ainda mais mistério a respeito da morte do ex-presidente dos EUA.

Para Leonov, Kennedy nunca foi perdoado pelos "falcões" dos EUA por sua atuação na crise dos mísseis com Cuba e que o assassinato foi uma "vingança". "O mesmo ocorreu com (Abraham) Lincoln. Também mataram o assassino para que ele não falasse. Meio século depois, eles seguem mantendo o segredo. Que a segurança e os interesses nacionais estão em perigo. Isso é mentira. Que publiquem tudo de uma vez por todas", pediu o ex-subdiretor da KGB. / EFE

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