BAGDÁ - O Pentágono negou nesta segunda-feira, 6, que os Estados Unidos estejam realizando alguma movimentação para retirar as tropas militares do Iraque. O anúncio ocorreu após a divulgação da carta de um general americano que comanda as operações no Iraque avisando que ocorreria uma "reorganização" das forças da coalizão antijihadista no país com vistas a saída das tropas.
"Não há qualquer decisão de deixar o Iraque... Não foi tomada nenhuma decisão de deixar o Iraque. Ponto final", disse o secretário da Defesa dos EUA, Mark Esper. "A carta é inconsistente com o ponto em que estamos agora", acrescentou Esper.
O general William H. Seely, comandante das operações militares americanas no Iraque, havia avisado ao número dois do comando militar iraquiano que haveria uma "reorganização" das forças da coalizão antijihadista até "uma retirada segura e eficaz", em carta à qual agências de notícias internacionais tiveram acesso.
Algumas horas mais tarde, o chefe do Estado-Maior dos EUA, general Mark Milley, informou que o texto informando que as tropas americanas começarão a se retirar do Iraque é um rascunho "genuíno" de uma carta que não deveria ter sido divulgada no momento. Segundo a agência Reuters, a reorganização das forças ocorrerá nas próximas semanas.
"Senhor, em respeito à soberania da República do Iraque, e como pedido pelo Parlamento do Iraque e pelo primeiro-ministro, o CJTF-OIR (Operação Resolução Inerente, nome da campanha militar dos EUA contra o Estado Islâmico no Iraque e na Síria) vai reorganizar suas tropas nos próximos dias e semanas para preparar um movimento de retirada", diz a carta, de acordo com as agências.
No domingo 5, o Parlamento iraquiano aprovou uma moção para exigir que o governo expulse as tropas estrangeiras do país.
Em reação à decisão do Parlamento iraquiano, o presidente americano, Donald Trump, havia dito que poderia impor sanções ao Iraque. "Temos uma base aérea extraordinariamente cara que está lá. Custou bilhões de dólares para construir, muito antes do meu tempo. Não sairemos a menos que nos paguem".
No domingo, milícias apoiadas pelo Irã no Iraque exigiram que os parlamentares iraquianos participassem de uma sessão para votar a possível expulsão de tropas dos EUA do país. É mais um desdobramento da morte de Qassim Suleimani, que colocou o país no centro de um conflito crescente entre seus dois aliados mais importantes, os EUA e o Irã. Atualmente há cerca de 5 mil soldados americanos em território iraquiano.
Dentro da sala do Parlamento no domingo, os parlamentares gritaram: "América fora! Bagdá permanece livre!" / AFP e REUTERS
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