As Forças de Defesa de Israel (IDF) anunciaram nesta quinta-feira, 2, terem cercado completamente a Cidade de Gaza, uma semana depois de ter iniciado as operações terrestres na Faixa de Gaza, território governado pelo grupo terrorista Hamas. De acordo com os militares israelenses, as unidades da IDF conduzem combates ‘cara a cara’ com o Hamas, em um dos locais mais densamente povoados do planeta.
Em seu canal no Telegram, o Hamas confirmou ter entrado em combate com forças israelenses na região de Al-Shati e Johor al-Deek, ao norte e leste do enclave palestino. Segundo o grupo, Israel está tentando cortar a Faixa de Gaza ao meio, separando o norte do enclave, onde ficam os principais redutos militares do Hamas, do sul, para onde a maior parte da população civil fugiu. Um vídeo publicado na manhã desta quinta-feira, 2, cuja autenticidade foi verificada pelo NYT, mostra combates entre israelenses e os palestinos ao sul da Cidade de Gaza.
O principal objetivo militar da incursão em Gaza, segundo os israelenses, é desmantelar a infraestrutura usada pelo Hamas nos atentados terroristas de 7 de outubro, que deixaram mais de 1,4 mil israelenses mortos, além de 240 reféns.
Para isso, tropas blindadas e de infantaria, com auxílio aéreo, estão atacando bases e centro de comando do Hamas, segundo o porta-voz Daniel Hagari. Desde o início da guerra, mais de 12 mil alvos foram atingidos no enclave. Segundo Israel, o objetivo do pesado bombardeio é fornecer uma cobertura para as operações em solo. Ao menos 18 militares israelenses morreram.
Pausa humanitária
Em meio à invasão terrestre de Gaza e o aumento de ataques aéreos no território palestino, tem aumentado a pressão internacional para uma pausa nos conflitos, com o objetivo de aumentar a entrada de ajuda humanitária na região, além de melhorar o atendimento aos feridos.
Gaza está sob cerco de Israel desde os atentados do dia 7, com a permissão de entrada de pequenos comboios pela fronteira com o Egito, em Rafah, na última semana. O secretário de Estado americano, Anthony Blinken, chega amanhã a Tel-Aviv, para tentar convencer Netanyahu a fazer uma pausa humanitária na ofensiva.
Mais da metade da população de Gaza foi deslocada do norte para o sul do território após o início dos bombardeios, depois que Israel sinalizou que iria atacar a Cidade de Gaza. Faltam combustível, comida e água potável na região. Segundo a ONU, a ajuda que chega do Egito tem sido insuficiente para amenizar a crise.
Israel proíbe a entrada de combustível em Gaza, argumentando que ele pode ser roubado pelo Hamas. Apesar disso, os militares indicaram nesta sexta que essa posição pode mudar nos próximos dias. “Se isso ocorrer, o combustível irá para os hospitais e faremos de tudo para que não chegue ao Hamas”, disse Haizan Halevi, o chefe do Estado Maior.
Mais de 9 mil pessoas morreram em Gaza desde o início da guerra, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas. O número é contestado por Israel. Em virtude do pequeno acesso da imprensa internacional à Faixa de Gaza, não é possível verificar esses números de maneira independente.
Ataques do Hezbollah
Hezbollah, o grupo extremista islâmico apoiado pelo Irã que detém um poder político significativo no Líbano, disse nesta quinta-feira que lançou 19 ataques simultâneos, incluindo seu primeiro uso aparente de drones autodetonantes, em posições militares ao longo da fronteira entre Líbano e Israel.
O Hezbollah vem lançando ataques desde o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro, em solidariedade ao Hamas, mas os ataques de quinta-feira foram mais extensos e constituíram uma escalada.
Israel respondeu com ataques e fogo de artilharia, de acordo com uma declaração das Forças de Defesa de Israel.
As condições na fronteira norte estão tensas, com Israel e seus aliados atentos a qualquer escalada da guerra em um conflito regional.
Os Estados Unidos estão “determinados a não permitir que esse conflito se espalhe, e conversaremos com (...) os parceiros do governo israelense na região sobre o que todos nós estamos fazendo para evitar que isso aconteça”, disse o Secretário de Estado Antony Blinken na quinta-feira, falando aos repórteres antes de partir para uma viagem ao Oriente Médio.
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