CARACAS - A Venezuela lançou nesta sexta-feira, 31, uma operação de exercícios militares com 5 mil soldados na região do Catatumbo, fronteiriça com a Colômbia e área de combates entre grupos armados colombianos que deixaram mais de 100 mortos nas últimas semanas, segundo autoridades chavistas.
“A Operação Relâmpago do Catatumbo começou em toda a fronteira com nossa irmã Colômbia, em coordenação com o governo do presidente, Gustavo Petro”, disse o ditador venezuelano, Nicolás Maduro, em áudio divulgado nas redes sociais.

Os exercícios na região são realizados três vezes ao ano, segundo o governo, embora o ministro da Defesa do país, Vladimir Padrino López, tenha explicado que o objetivo agora é evitar que os grupos armados que se enfrentam na Colômbia tenham acesso ao território venezuelano.
Padrino López referiu-se aos combates como um conflito territorial nas rotas do narcotráfico e disse que essas situações na fronteira representam uma grande ameaça, porque podem desatar uma guerra civil, a fragmentação do Estado, a desordem e o caos.
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“Buscamos a colaboração entre Exércitos na luta contra o ELN (Exército de Libertação Nacional). Uma fronteira sem máfias deve ser o objetivo final para tranquilidade da população, a paz e a soberania”, escreveu Petro no X.
Os confrontos no Catatumbo, nordeste da Colômbia, deixaram dezenas de mortos e feridos e 48 mil deslocados desde meados de janeiro, quando a violência explodiu. O ELN atacou civis e dissidentes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), grupo rival que não assinou o acordo de paz de 2016. O governo colombiano deslocou mais de 10 mil membros das forças de segurança nesta região de plantações de coca, matéria-prima da cocaína, da qual a Colômbia é a maior produtora do mundo.
Essa é a pior crise de segurança registrada na Colômbia em uma década e destrói as esperanças do governo de Petro de desarmar o ELN, com o qual relançou negociações em 2022. Os ataques do ELN também deixaram mais tensas as relações entre Colômbia e Venezuela, já deterioradas após a questionada reeleição de Maduro como presidente, em julho. Os serviços de inteligência colombianos suspeitam há anos que o país vizinho atue como retaguarda para grupos armados, o que Caracas nega./AFP