Explosão em depósito de gasolina deixa pelo menos 20 mortos em Nagorno-Karabakh

Alvo de disputa há décadas, região de maioria armênia foi retomada pelo Azerbaijão em ofensiva relâmpago na semana passada

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Por Redação
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Uma forte explosão que atingiu um depósito de combustível na região de Nagorno-Karabakh na segunda-feira, 25, matou pelo menos 20 pessoas, enquanto os armênios étnicos fogem do enclave montanhoso, recuperado pelo Azerbaijão em uma ofensiva relâmpago. Cerca de 300 pessoas ficaram feridas, informaram autoridades separatistas.

O encarregado de direitos humanos da república autoproclamada, Gegham Stepanyan, detalhou que a explosão atingiu o posto no momento em que as pessoas faziam fila para abastecer e deixar a região. Isso porque combustível tem sido um produto escasso depois de dez meses de bloqueio nas estradas do Nagorno-Karabakh.

Um homem de etnia armênia que ficou ferido durante a explosão é ajudado a chegar ao Centro Médico Nacional de Queimaduras em Yerevan, Armênia. Foto: Hayk Baghdasaryan/PHOTOLURE Photo via AP

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A autoridade separatista informou ainda que a maior parte dos feridos “se encontra em estado grave ou muito grave”. O assessor presidencial do Azerbaijão, Hikmet Hajiyev, disse no X, antigo Twitter, que os hospitais no Azerbaijão estavam prontos para tratar as vítimas, mas não disse se alguma delas foi levada para lá. O Azerbaijão enviou medicamentos para tratamento de queimaduras e outras ajudas humanitárias, disse ele.

O Nagorno-Karabakh, é uma área montanhosa de maioria armênia, mas reconhecida internacionalmente como parte do Azerbaijão e tem sido palco de uma intensa disputa entre as duas ex-repúblicas soviéticas. Na semana passada, a rápida ofensiva do exército azerbaijano acuou os separatistas que controlaram a região por três décadas. Cercados, os armênios foram forçados a baixar as armas e pedir um cessar-fogo.

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Imagem que circula nas redes sociais mostra coluna de fumaça após explosão em depósito de combustível no Nagorno-Karabakh, 25 de setembro de 2023. Foto: Siranush Sargsyan no Twitter / via AP

Em meio às negociações, o Azerbaijão se comprometeu em acabar com os dez meses de bloqueio no Nagorno-Karabakh. As rodovias que ligam o enclave montanhoso à Armênia foram fechadas em dezembro sob a justificativa de que a rota era usada para armar os separatistas. Os armênios negaram a acusação e rebateram que o bloqueio impedia o fornecimento de produtos essenciais como alimentos e combustíveis para mais de 120 mil pessoas.

O outro lado, por sua vez, também rejeitou a queixa e argumentou que os suprimentos poderiam ser entregues a partir de uma cidade dentro do Azerbaijão — solução vista pelos separatistas como uma estratégia de controle.

Foi em meio à essa tensão crescente que as forças do Azerbaijão cercaram os armênios e retomaram o território disputado desde o fim da antiga União Soviética. Apesar das promessas de fim do bloqueio e respeito aos direitos dos armênios que vivem no Nagorno-Karabakh, há o temor de represália que levou a fuga de milhares de pessoas da região. Segundo o governo da Armênia, mais de 6.500 refugiados entraram no país até a noite desta segunda-feira.

A retirada tem sido observada pela missão de paz da Rússia, que está presente na região desde que negociou o armistício para encerrar uma guerra de seis semanas, em 2020. Agora, diante da ofensiva, os separatistas reclamam que Moscou falhou em prevenir as hostilidades e proteger os armênios. Em resposta às críticas, o Kremlin afirmou que não tinha autoridade legal para intervir. “Somos categoricamente contra a tentativa de colocar a culpa na Rússia”, rebateu o porta-voz Dimitri Peskov.

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A Rússia tem sido aliada da Armênia, onde tem uma base militar, e busca manter ao mesmo tempo uma relação amistosa com o Azerbaijão. Com a missão de paz, Moscou conseguiu aumentar a dependência de um lado (os armênios) e estabelecer uma presença militar do outro (o solo azerbaijano) além de se projetar como pacificadora no Cáucaso.

O conflito, no entanto, voltou a escalar no momento em que a Rússia estava distraída com a sua própria guerra na Ucrânia e expôs a perda de influência do Kremlin na região./COM INFORMAÇÕES DE AP E AFP

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