Extremistas usam rede social Parler para programar novos ataques nos EUA, diz jornal

The Washington Post publicou reportagens mostrando que grupos pró-Trump seguem organizando novas manifestações pelos Estados Unidos na próxima semana em sites que não restringem discurso de ódio

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Por Redação
Apoiadores de Trump derrubam barreira e enfrentam polícia próximo do Capitólio, em Washington Foto: Julio Cortez/AP

WASHINGTON - O jornal The Washington Post publicou duas reportagens em dois dias mostrando que apoiadores do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, continuam mantendo conversas agressivas e planejando novas ações tanto em sites convencionais, como Twitter e Facebook, quanto em sites de nicho, conservadores, como TheDonald.win e Parler. 

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Os locais especificados incluem o Capitólio dos EUA e o Mall em Washington, o Capitólio de Utah em Salt Lake City e locais em Pittsburgh e Columbus, Ohio. Alguns eventos, incluindo uma “Marcha Armada em Todas as Capitais dos Estados”, incluem eventos localizados em todos os 50 Estados.

“RECUSAR-SE A SER SILENCIADO”, disse um post online citado pelo Alethea Group, pedindo uma “MARCHA ARMADA AO CAPITÓLIO E A TODAS AS CASAS LEGISLATIVAS DOS ESTADOS” para 17 de janeiro, o último domingo da presidência de Donald Trump. Outra postagem chama para ação em “DC & All State Capitols” e foi assinada por “gente comum que está cansada de ser pisada”.

O chefe de operações da Parler, Jeffrey Wernick, não quis comentar um pedido do Washington Post sobre o uso do aplicativo para organizar marchas violentas. “Dados os sinais de alerta muito claros e explícitos – com os apoiadores de Trump expressando a intenção de invadir e ocupar o Congresso e usar algemas, planos claros sendo apresentados em fóruns públicos e o precedente recente do complô para invadir o prédio do Capitólio de Michigan enquanto o Congresso estava em sessão – é realmente surpreendente que a polícia não esteja mais bem preparada”, disse Rita Katz, diretora executiva do SITE Intelligence Group, que estava entre os grupos de pesquisa que detalhavam o que estava por vir semanas antes do ataque ao Capitólio.

Um dos aplicativos preferidos dos grupos pró-Trump chama Parler e havia se transformado nos últimos meses em uma espécie de refúgio aos tuiteiros mais conservadores suspensos da redes sociais. Decepcionados pelas novas políticas de privacidade e publicação nas principais plataformas, eles procuram um espaço “sem censura”, como habitualmente é definida “a rede da ultradireita”.

Em agosto de 2020, o Parler (que surgiu em 2018) tinha acabado de somar seu primeiro milhão de usuários e se posicionava timidamente como uma alternativa ao Twitter. Em novembro, a rede social havia decolado. Logo depois da eleição americana, multiplicou por oito seu número de usuários em relação ao mês de julho. 

Marcha em Washington enquanto Congresso se prepara para certificar vitória de Joe Biden Foto: AP Photo/John Minchillo

O cerco das empresas de mídias sociais a discursos extremistas alimentados pelos seguidores do presidente Trump teve mais um capítulo neste sábado, 9. A Alphabet Inc, proprietária da Google, retirou o serviço de redes sociais Parler de sua loja de aplicativos.

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A Apple também retirou o aplicativo depois de exigir ao Parler a apresentação de um “plano de moderação detalhado” em 24 horas para evitar que os usuários da plataforma utilizem o serviço para coordenar outro ataque como o de quarta-feira ao edifício do Capitólio dos Estados Unidos. 

Segundo especialistas em segurança, a solução pode ajudar, mas não impedir os extremistas de lançarem um próximo ataque. O planejamento do ataque de quarta-feira ao Capitólio dos EUA aconteceu amplamente à vista, com conversas em fóruns de extrema direita./ W. POST, NYT E AP

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