Uma falha na rede elétrica de Cuba fez com que a área centro-leste do país, quase metade do território cubano, ficasse sem energia nesta segunda-feira, 13, informou a Unión Eléctrica (UNE), quase cinco meses após um apagão geral.
A empresa estatal explicou em um comunicado, sem muitos detalhes, que uma falha na rede de 220 KV (kilovolts), entre as cidades de Sancti Spiritus e Nuevitas, no centro do país, causou o desligamento total do Sistema Elétrico na zona Centro-Oriental.
A área afetada abrange 7 províncias - Ciego de Ávila, Camagüey, Las Tunas, Holguín, Granma, Santiago de Cuba e Guantánamo - das 15 que compõem o país.
O Ministério de Energia e Minas confirmou nas redes sociais que a causa do incidente foi um incêndio em um canavial da região, como havia apontado como hipótese pouco antes o titular desta pasta, Vicente de la O Levy .
O sistema energético cubano está em situação precária, como ficou evidente no ano passado, quando os apagões eram diários e prolongados, chegando a 12 horas por dia em algumas regiões. Os efeitos atingiram quase 40% do país em algumas ocasiões.
Entre as causas desta situação está a idade das oito termelétricas terrestres do país - com uma média de mais de 40 anos de uso -, o déficit de investimentos no sistema energético nacional e a falta de combustível para as usinas.
A situação se agravou nos últimos anos graças à crise econômica que o país atravessa devido à confluência da pandemia, ao endurecimento das sanções dos EUA e a erros na política monetária nacional.
O corte no fornecimento desta segunda-feira é um dos maiores desde 27 de setembro, quando se atingiu um momento de “geração zero” de eletricidade depois da passagem do furacão Ian, que deixou a ilha em completa escuridão.
Na época, as autoridades cubanas reconheceram que, na primeira quinzena, a geração de eletricidade atingiu “níveis nunca vistos”, quando apenas 37,9% da capacidade total foi produzida. Em média, as residências em Cuba, com 11,1 milhões de habitantes, ficaram dez horas diárias sem eletricidade.
Desde então, os apagões diminuíram significativamente, principalmente a partir da segunda quinzena de dezembro, e permaneceram em níveis mais baixos nas primeiras semanas de 2023, ficando abaixo de 10% nos horários de pico.
Além dos oito geradores, o país tem oito usinas flutuantes que aluga para a Turquia e, em menor escala, unidades de energia solar e eólica.
Os apagões têm um custo econômico significativo, como reconheceu o governo cubano, e também geram descontentamento social. A falta de eletricidade no ano passado provocou protestos de rua inusitados em vários bairros de Havana e algumas províncias nos primeiros dias de outubro. Em 2021, eles se tornaram um dos motivos das marchas históricas de 11 de Julho./AFP e EFE
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.