KIGALI - O homem retratado no filme Hotel Ruanda salvando a vida de mais de 1,2 mil pessoas do genocídio de 1994 foi sequestrado enquanto estava em Dubai, segundo denunciou sua filha. Ao mesmo tempo, um vídeo compartilhado pelas autoridades ruandesas, que supostamente dão apoio à sua prisão sob suspeita do terrorismo, foi rapidamente questionado por sua fundação.
A aparição de Paul Rusesabagina algemado na capital de Ruanda na segunda-feira gerou preocupação entre os ativistas de direitos humanos de que se trate do mais recente exemplo do governo ruandês de perseguição a críticos até mesmo além de suas fronteiras. Após o genocídio, ele deixou Ruanda em 1996 e, desde então, já viveu em lugares como Bélgica e EUA (Texas).
A família de Rusesabagina acusou as autoridades de Kigali de sequestrá-lo um dia depois de ele ser conduzido diante da mídia algemado.
Rusesabagina foi interpretado por Don Cheadle em Hotel Ruanda, filme indicado ao Oscar que contou como o gerente de hotel Rusesabagina usou seu emprego e suas conexões com a elite hutu para proteger tutsis fugindo do massacre.
A polícia de Ruanda disse que Rusesabagina, que pediu uma resistência armada ao governo em um vídeo publicado no YouTube, foi preso devido a acusações de terrorismo graças a um mandado internacional, o que sua família refuta.
“Ele foi sequestrado e levado por rendição extraordinária a Ruanda”, postou sua filha, Carine Kanimba, no Facebook.
Thierry Murangira, porta-voz do Birô de Investigação de Ruanda, disse que isso é falso. “Ele foi preso de acordo com a lei”, disse Murangira à agência Reuters. “Ele foi submetido a um mandado de prisão internacional.”
Outra filha, Anaise, disse à rádio BBC World Service que seu pai ligou para a família pela última vez na quinta-feira de Dubai e disse que “jamais iria a Ruanda por vontade própria”.
Autoridades de Dubai não responderam a ligações para pedir comentários sobre a prisão ou qualquer acordo de extradição. Os ministros da Justiça e das Relações Exteriores de Ruanda tampouco responderam a mensagens pedindo comentários./REUTERS e AP
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