TEL-AVIV - Familiares dos reféns israelenses invadiram uma sessão do Parlamento de Israel nesta segunda-feira, 22, para demandar que o governo faça mais para assegurar a libertação dos sequestrados que estão na Faixa de Gaza. Os seguranças do Parlamento de Israel não conseguiram prevenir a entrada dos manifestantes que mostraram fotos de seus entes queridos que estão no enclave palestino. “Vocês não vão sentar aqui enquanto nossas crianças estão morrendo”, disseram os familiares dos reféns.
Em um pronunciamento no domingo, 21, o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, voltou a rejeitar um acordo para libertar os reféns. “Só a vitória total garantirá a eliminação do Hamas e o regresso de todos os nossos reféns”, disse Netanyahu em um comunicado, acrescentando que enfatizou esta posição em uma ligação com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, no final de semana.
Os familiares dos reféns questionaram parlamentares e apontaram que todos os dias as famílias descobrem que reféns foram mortos em Gaza. “Todos os dias recebemos sacos para cadáveres. Ontem recebemos a notícia de outro soldado que foi raptado e que está morto”, apontou Aviram Meir, tio do refém Almog Meir Jan, ao jornal Times of Israel ,apelando ao governo para que tome as medidas para negociar um acordo.
O parlamentar Moshe Gafni, que presidia a sessão no Parlamento faz parte da coalizão de extrema direita de Netanyahu, apontou que o governo está fazendo de tudo para que os reféns voltem a Israel. Ele prometeu transmitir as preocupações das famílias ao primeiro-ministro.
7 de outubro
A guerra começou quando terroristas do Hamas invadiram o território israelense no dia 7 de outubro e mataram 1.200 pessoas, além de terem levado mais de 240 reféns para a Faixa de Gaza. Após o pior ataque terrorista da história de Israel e o pior contra judeus desde o Holocausto, as forças israelenses iniciaram uma ofensiva militar na Faixa de Gaza com bombardeios aéreos e invasão terrestre que deixou mais de 25 mil mortos, segundo o ministério da Saúde de Gaza, que é controlado pelo Hamas.
Em novembro, o grupo terrorista Hamas e Israel chegaram a um acordo para a libertação de reféns, com a intermediação de Catar, Egito e Estados Unidos. O acordo envolveu uma trégua de sete dias e a libertação de mais de 100 reféns. Tel-Aviv acredita que o Hamas ainda conta com mais de 130 sequestrados na Faixa de Gaza. As Forças de Defesa de Israel (FDI) confirmaram a morte de 28 sequestrados que ainda estão detidos pelo Hamas, citando novas informações e descobertas obtidas por tropas que operam em Gaza.
Saiba mais
O The Wall Street Journal apontou que EUA, Catar e Egito estão pressionando Israel e o grupo terrorista Hamas a concordarem com um acordo no qual todos os reféns seriam libertados antes de uma eventual retirada total das forças militares de Israel em Gaza.
Na semana passada, um acordo envolvendo a entrega de medicamentos vitais a reféns israelenses foi feito com a mediação do Catar e da França.
Netanyahu se encontra com famílias de reféns
Netanyahu se encontrou com alguns familiares de reféns que estão no enclave palestino na segunda-feira e apontou que o grupo terrorista Hamas não enviou uma “proposta real” de acordo. O primeiro-ministro apontou que Tel-Aviv está desenvolvendo uma proposta de acordo, mas que neste momento Israel não vai entrar em detalhes.
A pressão das famílias dos reféns sobre o governo Netanyahu está aumentando. Além dos protestos durante uma sessão do Parlamento de Israel na segunda-feira, as famílias realizaram manifestações na frente da casa do primeiro-ministro no domingo e bloquearam o trânsito de uma importante avenida em Tel-Aviv.
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